Subindo A Linha

Grita TorcedorA: Machismo, um impedimento do futebol

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(Lugar de mulher é no estádio também)

Bruna Ribeiro

Desde que me lembro, sou Corinthians. Fui no estádio ver Corinthians e Goiás pela primeira vez quando tinha 6 anos. Lembro do time campeão em 98 e 99, e de todas as vezes que comemorei com meu pai os gols do Marcelinho Carioca. Sei vários gritos e cantos da torcida no estádio, e acho a forma da torcida cantar o hino, versão que conheço bem e já cantei diversas vezes, muito mais bonita do que a versão original.

Mesmo sendo Corinthiana maloqueira e sofredora (graças a Deus) desde que me entendo por gente, o futebol sempre pareceu um pouco hostil. Me lembro bem de um lance, quando eu tinha cerca de 14 anos, que me fez discutir com o meu pai. O debate se encerrou com ele me questionando se eu iria realmente discutir sobre aquilo com ele. Antes eu achava que era porque eu era muito nova, e ele, muito mais experiente, sabia muito mais que eu, fazia sentido. Hoje sei que é porque sou mulher, e isso não faz sentido.

Não faz sentido ser mulher que gosta de futebol e ter que ser questionada se sei o que é um impedimento. O que é tiro de meta ou um gol olímpico. Claro que essas coisas são parte do esporte e quem acompanha acaba sabendo, como eu, de fato, sei. Mas nunca vi nenhum amigo ser questionado por isso. Nunca vi um homem virar pro outro e falar “ah, gosta de futebol? Me diz aí o que é um impedimento”. Homem nenhum passa pelo teste que é regra para as mulheres.

Acho que isso é o que mais me incomoda no futebol, o fato de que ele é feito por homens e para homens. Isso não se reflete apenas quando a seleção feminina é negligenciada mesmo sendo tão vencedora, mas no dia-a-dia de mulheres que gostam dessa cultura tão brasileira e não percebem outras mulheres envolvidas, sendo frequentemente tratadas como ignorantes ou merecedoras de passarem por testes para saber se seu interesse é real, porque aquilo ali é “coisa de homem”. Mulheres só são naturalmente aceitas no futebol quando se colocam em posições como “Musas do futebol”, em que são facilmente objetificadas, julgadas e mal tratadas por homens e por outras mulheres.

Não estou, nem de longe, a ser a mulher mais interessada em futebol que já vi. Existem mulheres que são muito mais questionadas, julgadas e humilhadas nesse meio do que eu.
Meu apelo é que esse ambiente tão masculinizado, até por outras mulheres, coloque o público feminino como parte de uma única torcida.

Por fim, resta dizer, VAI CORINTHIANS!

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