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Grita Torcedor: Times “pequenos”

O que define o tamanho de um clube? Títulos, estrutura, jogadores, história? É um assunto que cada vez vem mais a tona no futebol brasileiro. Clubes antes considerados grandes hoje em dia já não são considerados por muitos jornalistas ou “entendedores” de futebol. Mas e aqueles times que sempre foram considerados pequenos o que são hoje?

Para a grande mídia, eles nem deveriam existir e seus campeonatos regionais deveriam acabar ou serem diminuídos porque é um absurdo, na visão deles, que os chamados times grandes se misturarem com os pequenos.

Mas o que a maioria dos profissionais do jornalismo esportivo não percebe é que na verdade são os clubes grandes que atrapalham os pequenos, sim não se assuste com isso eu explico.

Claro, cada estado tem sua particularidade e eu posso falar por meu estado São Paulo, sempre morei no interior mais precisamente em São José dos Campos. E a realidade do estado de São Paulo hoje, é a seguinte: a FPF tem em suas competições no ano de 2018 o número de 92 equipes divididas em quatro divisões.

Para você que consome o futebol de elite do Brasil e pouco sabe sobre as divisões inferiores, já deve ter ouvido várias vezes que apenas quatro times são importantes (Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo). Isso é um absurdo tão grande para nós, torcedores das 88 equipes restantes, e essa mensagem é repetida tantas vezes que você deve concordar com ela sem mesmo conhecer a realidade do futebol em São Paulo.

Agora imagine essas 88 equipes jogando um campeonato ou divisões, você acha que seria um campeonato fraco por não contar com as quatro equipes grandes de São Paulo? Sinto informar, mas isso não é verdade, dentre essas equipes existem atrativos como tradição e a rivalidade entre cidades ou até mesmo dentro do seu município, sem falar no mercado que isso move nas cidades do interior.

Existem várias rivalidades vou citar algumas apenas para ilustrar meu texto São José x Taubaté (Vale do Paraíba), Comercial X Botafogo (Ribeirão Preto), Marília x Noroeste (Marília e Bauru), Velo Clube x Rio Claro (Rio Claro), Rio Branco x União Agrícola (Americana x Santa Barbara do Oeste) e o maior deles pra mim Guarani x Ponte Preta (Campinas).

Esses clássicos pelo formato atual dos campeonatos paulistas às vezes ficam anos sem acontecer e esse pra mim é o maior mal que os clubes grandes fazem aos pequenos de SP, outro fato é a tradição, por exemplo, quando um time como Guarani campeão brasileiro vai jogar em uma cidade menor ele sim é uma atração por mais que não possua jogadores de alto nível.

Não vou entrar no mérito financeiro porque até nisso acredito que os clubes menores poderiam ganhar mais e vou dar um exemplo em 2001 existiu um campeonato chamado copa Coca-Cola apenas com equipes pequenas e que empresa não gostaria de ter seu nome vinculado a um campeonato que mobilizaria tantas cidades importantes em SP.

Esse texto é apenas uma introdução a essa tese que deve, sim, ser mais discutida e não é. Por motivos óbvios, os clubes de SP ganham bem para jogar o Paulistão então deixam do jeito que está.

Além deles, os dirigentes dos clubes pequenos, que sabem do seu potencial, preferem manter o quadro atual, pois podem muitas vezes lucrar com isso. Caso claro são as inversões de mando de jogos que os presidentes dos clubes pequenos abrem mão de um título em troco de um dinheiro a mais e com isso continuar com o processo de elitização do futebol brasileiro.

André Donizetti, 28 anos, Auxiliar administrativo, torcedor São José / São Paulo, amante do futebol e apoiador do futebol para o povo

 

 

Grita, torcedora : MANIFESTO Não! Hoje, nós não aceitamos seu “Feliz Dia da Mulher”.

Não acreditamos que suas felicitações em um dia do ano sejam suficientes para que esqueçamos todos os outros dias em que foram propagados seu machismo. 
Compartilhar imagens de homenagens, dar flores, dizer palavras bonitas e, é claro, o mais simples “Feliz Dia da Mulher”. Nós não aceitamos. Nós queremos ser respeitadas, vistas como iguais e competentes.

Não aceitamos seu “Feliz Dia da Mulher’, se no resto do ano você diz barbaridades como “Lugar de mulher é na cozinha”, “Mulher dirigindo? Perigoso, ein” e, é claro, “Com esse shortinho, tava pedindo…”.
Nós não queremos que você não fale, queremos que você nem pense.

Somos iguais a vocês.

Temos sonhos, vontades, angústias.

Então, porque não podemos almejar um cargo incrível de Direção de Arte numa agência mega conceituada? Sabia que esse cargo provavelmente vai ser preenchido por um de vocês? Em 2016, uma pesquisa mostrou que as mulheres são apenas 20% da criação dentro das agências publicitárias.
Por acaso, você já viu quantas meninas entram por semestre na Comunicação?
Nós não somos menos capazes, nem menos inteligentes.

Nosso maior “erro”? Ser mulher.

Do que adiantam suas palavras no dia de hoje se nos outros você assobia para mulheres na rua? Se você fala pro seu amigo sobre a roupa que a coleguinha está usando na aula e a transforma em objeto ali mesmo, só pelo que ela está vestindo?

Não aceitamos sua rosa se você pensa que uma mulher não pode jogar futebol melhor que você. De maneira alguma, queremos que você diga essas 4 palavras se no jogo online você xinga ao ver que o usuário tem nome de mulher.

Hoje, 8 de março de 2018, nós não queremos seu “Feliz Dia da Mulher”. Hoje, queremos ter mais espaço no ambiente acadêmico (Quantas autoras têm na sua bibliografia?), mais espaço no mercado de trabalho, principalmente nos cargos tão sonhados, e, com certeza, queremos o que vocês, homens, têm: RESPEITO.

Autoras e subscreventes : Mulheres da Atlética de Comunicação Hermética da Universidade de Brasília

 

Grita, Torcedor: AQUI É GALO!

Muito se fala sobre times “incaíveis” e sobre salões repletos de taças e prêmios. Sobre isso eu tenho duas coisas a dizer, antes mesmo de falar o meu time.

Primeiro, todo time cai. É só ele ter o azar de arrumar uma diretoria incompetente ou uma torcida vacilante ou um plantel ineficaz. Ou até todas essas opções juntas de mais outras várias. Certo, ainda bem que existem times que não deram esse azar, não foram enfraquecidos como agremiação ou como empresa que são. Ótimo.

Agora, outra coisa. Quando você fica escrachando ou escancarando a coleção de premiações e vitórias do seu time e comparando com o seu rival é uma coisa. Faz parte da competição, do esporte, do amor à camisa e aquele rancorzinho que se nutre contra o rival, os rivais ou adversários em campo. Maravilhoso, parabéns.

Outra é vilipendiar o adversário, ficar puxando o saco de time de outros estados, de outros países, fazer pouco caso do próprio time enquanto faz ainda pior com o resto dos times de seu país.

Tem time que é amplamente odiado por esse ou aquele motivo. O Galo é odiado por se exaltar e ficar se achando. Vivem falando que detestam o meu time por isso. Que não é nada à altura do Cruzeiro e ainda sim se acha no direito de ser seu rival. Aí eu te pergunto: “E daí?” Aqui é Galo, oras. Somos galudos mesmo. Se você fosse o time do Toninho Cerezo, Dadá Maravilha, Reinaldo e tivesse feito o que o Galo fez como pioneiro em tantas coisas você seria maluco assim também. E se você não é, problema seu!

“Ahh mas o Galo não tem nem a metade das taças do Cruzeiro e mimimimi” Cara, se eu gostasse de taça eu torceria para o São Paulo ou para o Santos. Palmeiras também. Não para o Cruzeiro que é, por acaso, meio que um clone do Palmeiras e que, infelizmente muitas vezes, come sardinha e arrota caviar. Tá ok, torcidas criam vícios e manias por conta da história de seus times e contextos de cada época.

Concluindo. Você pode achar ou deixar de achar o que quiser, nada te impede e ninguém tá aqui pra te obrigar a nada. Só estou dizendo que pode falar asneiras à vontade como “Ronaldinho revelou o Galo” que eu vou, no máximo, achar incrível. Ou vou achar incrível sua ignorância futebolística ou seu senso de humor apurado. Calibrado num tipo de sarcasmo e cinismo que com certeza deve, de alguma forma, dar novos ares pro nosso futebol… ou não.

Enfim, o Galo Carijó, sim aquele que vencia tudo e todos e que serviu de base pro mascote do Atlético-MG e pra sua identidade. Aquele Galo ainda existe, em algum lugar, por debaixo desse amontoado de frustrações, incompetências e lampejos nefastos do destino. Coisas que fizeram tantas vezes o meu time ser chamado de Cavalo Paraguaio. Fazer o quê?

Ele ainda está lá, assim como o Trio Maldito ficou marcado na história do Galo. Que é só um pedacinho de uma história e de um dos vários times desse país. Estão lá, você não pode fingir que não estão. E se insistir em fingir por esse ou aquele motivo, ah, aí sim vou achar ótimo quando você levar uma esporada.

*Texto escrito pelo colaborador Fernando Cristino, atleticano fanático.

RESUMÃO SUBINDO A LINHA: CAMPEONATO BRASILEIRO SÉRIE B – 12ª RODADA

Ao fim de mais uma rodada da Série B, as quatro equipes na tão sonhada zona de classificação para a primeira divisão estão EMPATADAS com 24 pontos. A distância do líder para o oitavo colocado é de apenas 3 pontos. É ou não é uma baita duma competição (como já diria craque Neto) essa Segundona? Vamos ao que de melhor aconteceu na rodada.

MACAÉ 2 X 1 PAYSANDU
MOACYRZÃO
PÚBLICO: 2805

Um jogo com todos os ingredientes de emoção. O Paysandu começou vencendo logo no início da partida com gol de Gualberto, mas os donos da casa chegaram ao empate no começo da segunda etapa com um golaço de Marquinhos. Tudo se encaminhava para um empate até que aos 44 do segundo tempo um pênalti foi assinalado para o Papão. Desânimo total do lado do Macaé, afinal tudo indicava mais uma derrota. Mas não para Rafael. O goleiro fez a sua parte e defendeu a cobrança. Tudo péssimo para os paraenses, correto? Nada que não pudesse piorar. Aos 46 o predestinado PIPICO fez o gol da virada e da vitória. O Macaé agora é oitavo e o Paysandu sexto.

CEARÁ 1 X 1 CRICIÚMA
CASTELÃO
PÚBLICO: 29378

O Vozão começou melhor, pressionando e tomando a iniciativa da partida, mas como o futebol é o que é, quem abriu o placar foi o Criciúma, com gol de Wanderson. Em seguida, Ricardinho conseguiu o empate para os donos da casa em bela cobrança de falta. No segundo tempo, o Ceará continuou correndo atrás do resultado, sempre abrindo espaço para os contra-ataques dos catarinenses, mas o placar manteve-se o mesmo. O Criciúma caiu para a décima terceira colocação enquanto o Ceará segue na vice-lanterna.

ATLÉTICO-GO 1 X 1 MOGI MIRIM
SERRA DOURADA
PÚBLICO: 486

Diante de um público que seria muito bom em uma competição de bocha, o Dragão começou vencendo com gol de Arthur. Mas eis que a magia do futebol falou mais alto e RIVALDO fez o de empate. Infelizmente foi o Júnior, já que o pai (e presidente), no alto dos seus 43 anos, foi poupado dessa partida. O Atlético é o décimo oitavo e o Mogi Mirim segue na lanterna.

BRAGANTINO 1 X 0 BOTAFOGO
NABI ABI CHEDID
PÚBLICO: 1356

Um Botafogo sem vontade e deitado em berço esplêndido foi presa quase fácil para o MASSA BRUTA, que conseguiu uma vitória depois de 3 derrotas seguidas. Em um jogo com arbitragem confusa, com direito a duas expulsões e pênalti inexistente marcado (e perdido pelo Braga), os donos da casa conseguiram a vitória pelos pés de Jocinei, após bela jogada individual. Os cariocas perderam a gordura antes adquirida na liderança e agora a divide com outras 3 equipes. O Glorioso leva vantagem no saldo de gols, porém está tendo provas suficientes de que camisa não ganha vaga na série A e de que vai ter que melhorar o futebol apresentado nas últimas rodadas. Já o time do interior paulista é agora nono.

AMÉRICA-MG 2 X 1 ABC
INDEPENDÊNCIA

“Caiu no Horto, tá morto”. Essa frase foi imortalizada pelo Galo mineiro na histórica campanha da Libertadores de 2013, mas nesta Série B o Coelho está fazendo valer como nunca essa expressão, acumulando vitórias dentro do Independência. O ABC até pensou que ia estragar o momento do América em casa, abrindo o placar após o gol do artilheiro Kayke. Porém a virada veio com gols de Richarlison e Thiago Santos. O Coelho já é vice-líder e o time de Natal se encontra em décimo.

PARANÁ 0 X 1 VITÓRIA
DURIVAL BRITTO
PÚBLICO: 8940

O Vitória foi o único visitante dessa rodada a conseguir uma vitória, diante do Paraná, que já acumula 4 rodadas sem vencer. O gol da vitória foi marcado por David, que saiu do banco para marcar em sua estreia pelo rubro-negro baiano. O Paraná se encontra na beira do Z4 e o Vitória na beira do G4.

SAMPAIO CORRÊA 3 X 0 BOA ESPORTE
CASTELÃO (MA)

O Sampaio chegou a segunda vitória seguida diante de um BOA que até fazia um confronto equilibrado, mas, depois de um pênalti (discutível) convertido por Douglas Oliveira, sucumbiu diante da superioridade dos donos da casa. O time maranhense ainda conseguiu ampliar o placar com gols de Nadson e PIMENTINHA, em uma bela finalização por cobertura. Os maranhenses se encontram na sétima colocação, já o BOA é décimo sétimo.

NÁUTICO 2 X 1 SANTA CRUZ
ARENA PERNAMBUCO
PÚBLICO: 12085

O clássico pernambucano foi recheado de emoção. O Timbu abriu o placar com Guilherme, porém sofreu o empate com pênalti cobrado por Anderson Aquino, que chegou ao oitavo gol na competição. Logo em seguida, Ronaldo Alves foi expulso por falta no mesmo Aquino. Cenário aparentemente tenebroso para o alvirrubro. Até que entrou em cena a estrela de Lisca, o treinador do Náutico, que retirou um atacante pra colocar um lateral… que fez o gol da vitória! Gil Mineiro acertou um petardo de fora da área e sacramentou a vitória do Náutico. Lisca ainda foi expulso antes do final da partida, e depois retornou ao gramado pra comemorar sem camisa com a torcida, fazendo jus ao seu apelido de LISCA DOIDO. Uma partida com todos os elementos para satisfazer os amantes do bom futebol. O Timbu é quarto e o Santinha é décimo segundo.

CRB 0 X 0 LUVERDENSE
REI PELÉ

CRB e Luverdense fizeram um jogo movimentado, mas a pressão sobre as duas equipes falou mais alto no momento das finalizações, resultando em um jogo sem gols. O CRB ficou muito perto da vitória em duas oportunidades, mas pecou no momento da decisão. O ponto alto foi a estreia do ex-sãopaulino e ex-Lusa, Cañete, pelo alvirrubro. Com o empate a equipe alagoana ocupa agora décima primeira colocação e o Luverdense décimo quinto.

BAHIA 1 X 0 OESTE
FONTE NOVA
PÚBLICO: 18187

Em um jogo muito movimentado, o BAHEA conseguiu mais uma vitória em seus domínios, com um golaço de Tiago Real. A equipe paulista, comandada pelo goleiro Jeferson, até fez páreo duro com o tricolor da boa terra, mas mesmo com belíssima atuação do seu guarda-redes não conseguiu segurar a pressão colocada pelos donos da casa. O Bahia é uma das 4 equipes com 24 pontos, ocupando a terceira posição, e o Oeste é agora o décimo quarto.

Walter, a alegria do povo

Rafael Montenegro

Texto potencialmente herege logo no primeiro parágrafo.

Lembro de alguém – mas não lembro quem – diferenciar o Pelé do Garrincha: o Pelé enchia os estádios e fazia o povo aplaudir; o Garrincha enchia os estádios e fazia a multidão dar gargalhadas. Segundo Armando Nogueira, “Pelé era um atleta e Garrincha era um artista”. Mais que isso, Garrincha era a Alegria do Povo.

Isso mesmo. Vou usar a alcunha do maior jogador do Botafogo para caracterizar, guardando as devidas proporções, o maior atacante do Brasil. A verdade é que Walter alegra o torcedor.

Ontem o Atlético-PR vencia o São Paulo quando ele cavou um lindo chapéu pra cima de Centurión. Pelo formato da Arena da Baixada, toda e qualquer câmera de transmissão que registrou o lance registrou também a reação dos torcedores ao fundo: um frenesi misturando espanto, regozijo e gargalhadas.

Contra o mesmo São Paulo, pelo Fluminense, Walter deitou e rolou. Literalmente. Jogou uma barbaridade, fez gol, fez golaço, deu assistência e tirou onda. Caiu no chão, rolou e levou à loucura os torcedores. Mais que o espetáculo digno de aplauso, a genialidade provocadora de risos.

Walter teve a infância traumática que assola tantos jogadores – e jogadores em potencial que nunca recebem a devida oportunidade: realidade de periferia, pessoas próximas no crime, pessoas próximas assassinadas… Mas diferente de jogadores que se viciam em dinheiro, status ou drogas – sendo a mais comum o álcool – o Waltão da massa é viciado em… refrigerante e biscoito recheado!

Estamos falando de um atacante de 100kg campeão da Libertadores e da Liga Europa, com passagens em clubes tradicionais (Internacional, Fluminense, Goiás, Atlético-PR), campeão sul-americano sub-20 e desde 2010 vinculado ao Porto. Estamos falando de um embasbacador de esnobes e de um regozijador de gordinhos mundo afora.

Estamos falando de um cara que vai dar a entrevista e fala que “tá foda jogar nesse time do Fluminense. Tem Wagner, tem Sóbis, tem Conca. Ainda vai voltar o Diguinho! Caaaarai, ainda tem o Diguin”.

Estamos falando, acima de tudo, de um cara que joga MUITA bola. Pivô exemplar, passes e finalizações de exímia categoria e excelente noção tática.

O que eu enumerei nos quatro parágrafos são pra dizer: quem gosta de pessoas e de futebol, provavelmente gosta do Walter. O cabra gera empatia

Eu reclamei bastante da convocação de Felipão pra Copa: Lucas no lugar de Bernard, Philippe Coutinho no lugar de William e Miranda no lugar de Henrique, no mínimo. Mas o meu maior sonho era que o Walter tivesse sido convocado no lugar do Jô. Não que ele fosse ser a solução de todos os problemas, mas ali é muita categoria, meu amigo. Com ele em campo, David Luiz não precisa chorar que “só queria dar alegria ao povo”.

Grita Torcedora: Queremos mais futebol feminino!

Tathiana Abreu

Durante muito tempo eu acreditei não gostar de futebol. Os motivos eram muitos: não sou uma pessoa competitiva, não me interesso por esportes, prefiro fazer outras coisas com o meu tempo, as torcidas são muito hostis e violentas. Acontece que, ultimamente, venho descobrindo que muito do que eu coloquei pra mim como o que eu gosto ou não gosto não fui eu quem decidiu. Cada um desses motivos elencados para justificar minha falta de interesse pelo futebol tem um outro motivo mais profundo por trás.

Por exemplo, o fato de eu não ser uma pessoa efetivamente competitiva não necessariamente significa que eu não seja capaz de me envolver ou torcer em alguma situação que eu veja meu país (ou meu time) se esforçando para conquistar algo, não tenho sangue frio para não me envolver em um grito de alegria ao ver um grupo que eu admiro e que me representa chegar a uma vitória… e é aí que entra a raiz da questão. O futebol nunca foi algo que me tocou pessoalmente porque nunca me senti representada por ele. Pelo contrário, todos os mecanismos do futebol são voltados a ter homens como protagonistas, desde o campo até as torcidas. Eu, sem saber, internalizava: o futebol não é para você, não seja inconveniente, não seja intrometida, lugar de mulher é assistindo novela (ou séries, ou comédias românticas).

Na televisão, todos aqueles longos programas em que se discute as minúcias das partidas de futebol mais recentes, em que se fala sobre tudo desde o cabelo do Neymar até as últimas peripécias do Messi, é muito difícil encontrarmos alguma comentarista mulher, quando existem mulheres nesse tipo de programa geralmente estão em minoria (é comum ver uma mulher sozinha entre vários homens), são jovens, bonitas, padronizadas. Não que uma mulher dentro dos padrões não possa gostar de futebol e opinar bem sobre, mas ninguém ali está interessado em suas opiniões (salvo algumas exceções que podem vir a existir), ou seja, mesmo quando “aceitas” naqueles ambientes as mulheres são intimidadas e constantemente silenciadas. Estão em posição secundária, estão ali para serem decorativas, sorridentes e agradáveis, mediarem discussões nas quais não estão envolvidas, mesmo que por vezes tenham algo a contribuir.

Nos campos a atenção é voltada exclusivamente para times e seleções masculinas, muitas vezes a associação entre atleta que joga futebol e homem é implícita, não é necessário explicar que você vai assistir um jogo da seleção masculina. Basta apenas dizer que vai assistir a seleção. Maior prova disso é que hoje acontecem, simultaneamente, dois eventos de futebol: a copa américa de futebol masculino e a copa do mundo de futebol feminino. E o que se discute nas mesas de bar e nas filas do pão não é, em sua maioria, o desempenho, até agora exemplar, da seleção feminina, e sim a atuação, não tão exemplar assim, da seleção masculina na copa américa.

Decidi fazer um experimento e tentar acompanhar todos os jogos femininos que eu puder, tratando o evento com a mesma importância com a qual foi tratada a copa do mundo de futebol masculino ano passado. Confesso que a experiência têm sido um pouco frustrante, é bem mais satisfatório se sentir empolgada com algo quando o resto do Brasil está igualmente empolgado, é mais provável ficar feliz com uma vitória do time brasileiro se essa vitória garante que seu expediente ou horário de aula será reduzido para que você possa acompanhar os jogos. Mas, ainda assim, em questão de qualidade, força de vontade (mesmo sob condições adversas http://www.ladobi.com/2015/06/grama-sintetica-copa-futebol-feminino/), a seleção das meninas não deixa nada a desejar, pelo menos na humilde opinião de alguém que acompanha o futebol bem esporadicamente! Os jogos são empolgantes sim, e, pessoalmente, percebi que é bem legal ter a experiência de olhar a tv e ver mulheres fazendo bonito em um esporte que não é considerado feminino, pelo simples motivo de alguém ter decidido isso a muito tempo atrás!

Os desafios das atletas do futebol feminino são muitos, se dedicar a ser uma jogadora profissional de futebol não garante os privilégios, dinheiro e glamour que um jogador de futebol bem sucedido tem. Pelo contrário, é uma demonstração de coragem se propor a desempenhar uma profissão que não vai necessariamente te garantir estabilidade financeira e um futuro confortável para além dos campos (http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2015/05/1630038-ex-capita-da-selecao-brasileira-vira-motorista-de-onibus-no-rio-de-janeiro.shtml), mas essas mulheres existem, e estão ai para provar que, contra tudo e todos, são merecedoras de reconhecimento.

A intenção aqui não é ir contra a cultura do futebol masculino, não repudio nem julgo quem gosta do esporte em sua forma mais divulgada, afinal, a grande paixão nacional é paixão por um motivo. Longe de mim querer  policiar o que cada um gosta e dizer o que deve ou não fazer as pessoas felizes. Eu mesma de vez em quando me arrisco a assistir um jogo ou outro, tenho amigos, família e namorado, pessoas que admiro que têm o futebol como uma parte importante de suas vidas. E isso desperta sim o meu interesse, principalmente depois que descobri que é possível tentar lutar pelo meu espaço naquele ambiente e me sentir mais confortável dentro dele.

Enfim. Acho que o que tentei dizer aqui foi: não acho que mulheres devam necessariamente assistir somente partidas de futebol feminino, mas seria bom ter a opção!

Grita TorcedorA: Machismo, um impedimento do futebol

(Lugar de mulher é no estádio também)

Bruna Ribeiro

Desde que me lembro, sou Corinthians. Fui no estádio ver Corinthians e Goiás pela primeira vez quando tinha 6 anos. Lembro do time campeão em 98 e 99, e de todas as vezes que comemorei com meu pai os gols do Marcelinho Carioca. Sei vários gritos e cantos da torcida no estádio, e acho a forma da torcida cantar o hino, versão que conheço bem e já cantei diversas vezes, muito mais bonita do que a versão original.

Mesmo sendo Corinthiana maloqueira e sofredora (graças a Deus) desde que me entendo por gente, o futebol sempre pareceu um pouco hostil. Me lembro bem de um lance, quando eu tinha cerca de 14 anos, que me fez discutir com o meu pai. O debate se encerrou com ele me questionando se eu iria realmente discutir sobre aquilo com ele. Antes eu achava que era porque eu era muito nova, e ele, muito mais experiente, sabia muito mais que eu, fazia sentido. Hoje sei que é porque sou mulher, e isso não faz sentido.

Não faz sentido ser mulher que gosta de futebol e ter que ser questionada se sei o que é um impedimento. O que é tiro de meta ou um gol olímpico. Claro que essas coisas são parte do esporte e quem acompanha acaba sabendo, como eu, de fato, sei. Mas nunca vi nenhum amigo ser questionado por isso. Nunca vi um homem virar pro outro e falar “ah, gosta de futebol? Me diz aí o que é um impedimento”. Homem nenhum passa pelo teste que é regra para as mulheres.

Acho que isso é o que mais me incomoda no futebol, o fato de que ele é feito por homens e para homens. Isso não se reflete apenas quando a seleção feminina é negligenciada mesmo sendo tão vencedora, mas no dia-a-dia de mulheres que gostam dessa cultura tão brasileira e não percebem outras mulheres envolvidas, sendo frequentemente tratadas como ignorantes ou merecedoras de passarem por testes para saber se seu interesse é real, porque aquilo ali é “coisa de homem”. Mulheres só são naturalmente aceitas no futebol quando se colocam em posições como “Musas do futebol”, em que são facilmente objetificadas, julgadas e mal tratadas por homens e por outras mulheres.

Não estou, nem de longe, a ser a mulher mais interessada em futebol que já vi. Existem mulheres que são muito mais questionadas, julgadas e humilhadas nesse meio do que eu.
Meu apelo é que esse ambiente tão masculinizado, até por outras mulheres, coloque o público feminino como parte de uma única torcida.

Por fim, resta dizer, VAI CORINTHIANS!