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A nova face do (anti)jornalismo esportivo – FOX Sports

Após nossa série de reportagens sobre a ESPN Brasil (partes I, II, III, IV e V), iniciamos a série de análises sobre outra emissora concorrente, a FOX Sports.

A FOX Sports, filial da emissora norte-americana de mesmo nome, iniciou as atividades no Brasil em 2012. À época, houve grande expectativa por parte dos espectadores, uma vez que o canal adquirira os direitos de transmissão da Libertadores.

A Rede Globo, em represália, dificultava o acesso do canal às redes de televisão a cabo, como NET e SKY. A expectativa sobre o canal aumentava à medida que jornalistas de outras emissoras eram contratados, especialmente os renegados. Era o caso de Renato Maurício Prado, José Ilan, Flávio Gomes, Mauro Beting, Marco De Vargas, João Guilherme, Victorino Chermont, PVC, entre outros.

A promessa de um canal semelhante à ESPN, trazendo programas de debate e direitos de transmissão de diversos torneios internacionais parecia agradar o espectador. Com o tempo, entretanto, os mesmos problemas mencionados acerca da ESPN tomaram conta do canal.

FOX Sports Rádio

Comecemos com o canal concorrente do Bate-Bola Debate, da ESPN, o FOX Sports Rádio é transmitido na hora do almoço e conta com uma linha editorial tão problemática quanto o Bate-Bola – ou talvez mais.

Com apresentação de Benjamin Back e quatro jornalistas na bancada, o programa promete debater os principais temas do futebol com descontração e seriedade. Na prática, o programa é um show de horrores. Gritaria, discussões pessoais, piadas preconceituosas, exageradas, pouca informação e muita opinião rasa.

Não raro ocorrem espetáculos grotescos de discursos preconceituosos. Recentemente, há dois casos que ficaram marcados no imaginário esportivo. O primeiro ocorreu com protagonismo do convidado Edilson Capetinha.

Na ocasião (confira o vídeo), o ex-jogador dizia não confiar no goleiro do Palmeiras, Jaílson, pelo fato de ser negro. De acordo com ele, goleiros negros são “frangueiros” e, quando perguntado sobre Dida, ele amenizava a cor do ex-arqueiro da Seleção.

A bancada de jornalistas se dividiu. Maurício Borges, o Mano, e Osvaldo Pascoal defendem o goleiro com argumentos futebolísticos. O restante da mesa se acaba em gargalhadas. Não há discussão sobre o racismo proliferado pelo jogador.

Outro caso recente ocorreu com Felippe Fracincani. Na discussão acerca de Júlio César, goleiro do Flamengo por ele ter saído do Benfica, de Portugal, e se mudado para o Rio de Janeiro para defender o Rubro-Negro, sem aviso à família.

Na ocasião, sua esposa Susana Werner expôs a situação em sua rede social e foi duramente criticada pelo jornalista da FOX Sports. A discussão que girava em torno da decisão de Júlio Cesar subitamente se votou a de Susana de expor a vida do casal.

Flávio Gomes, nesse caso, não ouviu as críticas sem que discutisse com o jornalista, uma vez que ele sentenciou a decisão de Werner como mais grave que de Júlio César. Gomes entendeu como atitude machista de Fracincani de absolver o erro do homem para criticar a esposa.

Este tipo de comportamento é corriqueiro no programa. Homofobia, machismo, falta de jornalismo e excesso de brincadeiras e “zoações”. Veja este vídeo, transmitido no programa e no próprio site da emissora, e perceba os xingamentos “rosinha”, “ela”, em clara manifestação depreciativa do universo feminino.

O preconceito não é exclusivo dos integrantes do FOX Sports Rádio. José Ilan, por duas vezes, se mostrou partidário do desrespeito. Em 2015, no programa Central FOX, Ilan foi flagrado xingando a equipe ao vivo após uma matéria chamada pela âncora Marina Ferrari não ir ao ar.

No final de 2017, Ilan novamente atacou, desta vez em sua rede social, com preconceito. À época, foi encontrada uma lata de Coca-Cola com um rato em seu interior. No período, havia uma campanha do refrigerante estampando Pabllo Vittar em sua marca. Ilan postou, então, uma foto de uma lata com a imagem da cantora e os dizeres “saudades Coca com rato”.

A atitude repugnante vai além do aspecto musical de Vittar. Entra no espectro homo/transfóbico uma vez que Pabllo é homossexual e se apresenta como drag queen e vem recebendo críticas tão somente por sua orientação sexual e forma de se caracterizar.

Caça-cliques

Outro aspecto criticável da emissora é referente a suas mídias sociais. Principalmente no Twitter, a conta da FOX Sports veicula manchetes sensacionalistas, exageradas e incompletas a fim de que o internauta acesse o site da emissora. Muitas das vezes, o jogo de palavras engana o  espectador que, ao entrar na matéria, percebe que foi enganado. Veja o caso abaixo:

Talisca

Página O Anti-Clique, especialista em buscar chamadas caça-clique, ironiza chamada de FOX Sports.

A chamada é típica caça-cliques. Ao ler o título, imagina-se que Talisca mudará de equipe, uma vez que determinado clube europeu “gastará bolada” para comprá-lo. Ao entrarmos na matéria, percebemos que o clube em que joga – Besiktas – exerceu poder de compra do jogador, que permanecerá na Turquia.

É bem verdade que em momento algum houve mentira e falta de informação na chamada. Entretanto, a forma como é escrita dá a entender que o fato é outro. O Anti-Clique, inclusive, foi bloqueado da conta oficial do FOX Sports a fim de este tentar impedir o trabalho da equipe dO Anti-Clique.

Pontos Positivos

Apesar da falta de jornalismo e excesso de mercantilismo, há pontos positivos no canal. A equipe de setoristas é extensa e cobre com precisão e afinco clubes pelo Brasil, principalmente aqueles que disputam competições sul-americanas, cuja emissora detém os direitos de transmissão.

Outro ponto positivo é a cobertura dos esportes automotores. Os programas Nitro e a equipe de transmissão da Nascar, Weathertech e Fórmula E é muito bem preparada e entende bastante do esporte.

A transmissão de jogos brasileiros na Libertadores também merece destaque. A parcialidade declarada para as equipes brasileiras frente aos estrangeiros é moderada, bem feita e respeitosa, de forma que o torcedor nacional se sente acolhido pela transmissão.

Por fim, destaco Flávio Gomes. Apesar de ser mais um personagem no Fox Sports Rádio, Flávio faz trabalho de combate a discriminações no programa, por mais que falte efetivo jornalismo em seu programa. Em sua conta de Twitter e no Grande Prêmio, sua luta contra a discriminação é mais forte, bem como seu trabalho jornalístico, o que dá a entender que a linha editorial do programa o impede de ser mais profissional.

José Eduardo

A nova face do (anti)jornalismo esportivo – ESPN Brasil V

Finalizamos as reportagens sobre a ESPN abordando o trabalho de excelentes jornalistas limitados à nova linha editorial da emissora e explorando a diferença de cobertura entre o futebol masculino e outros esportes.

Veja também as outras partes da análise I, II, III, IV e V

O diferencial ESPN: a qualidade de seus jornalistas

Por mais que a linha editorial do canal tenha mudado drasticamente, dando ênfase à programação ao vivo e ao lado humorístico, deixando de lado a seriedade e investigação, ainda é notória a qualidade de seus profissionais.

Algo que não mudou, felizmente, foi a participação dos correspondentes, João Castelo Branco e Natalie Gedra. Praticamente sozinhos, os profissionais conseguem entrevistas exclusivas, entradas ao vivo, matérias espetaculares sobre o futebol europeu, mais precisamente o inglês.

Por meio de sua conta no Twitter, João mostra os bastidores de seu trabalho e como faz, só, a filmagem, reportagem e edição de suas matérias que vão ao ar aqui no Brasil. É um prazer vê-lo trabalhar e um ânimo a nós jornalistas.

Outros profissionais se destacam pelo seu conhecimento em diferentes esportes. É o caso de Gustavo Hofman e André Kfouri. Os dois, além de saberem tudo e mais um pouco de futebol, ainda são peritos no basquete.

Há também aqueles que possuem conhecimento em diferentes áreas do próprio futebol. Dentre eles destacam-se Antero Greco, sobre o italiano, Leonardo Bertozzi, sobre Itália e Minas Gerais, Juliana Cabral sobre o esporte feminino além de Hofman sobre o russo, entre outros.

O trabalho de Sálvio Spinola e Zé Elias, ex-árbitro e jogador, respectivamente, também merecem destaque por sua fluidez e objetividade enquanto comentaristas. Possuem boa oratória, vivência no esporte e, de fato, contribuem para as análises, sem corporativismo e amadorismo.

As equipes de transmissão e telejornalismo também são impecáveis. Paulo Andrade, Mauro Cezar Pereira, Paulo Soares e Antero Greco, Gerd Wenzel, Rogério Vaughan, entre outros excelentes profissionais que sabem dosar emoção, informação e humor no trabalho.

A emissora peca, porém, em dar pouco espaço para que os profissionais exerçam sua plena capacidade. Gabi Moreira e Débora Gares, excelentes repórteres, cobrem mais o dia-a-dia dos clubes cariocas que denúncias. Gabi foi responsável por uma excelente reportagem acerca dos drones no futebol.

Cabe à emissora dar mais enfoque nas matérias investigativas da dupla, principalmente no Rio de Janeiro, sede da CBF e COB. Potencial há, resta saber manipular a linha editorial e a grade horária.

Outros esportes

Quando se trata de outros esportes, a ESPN é referência. Principalmente sobre esportes americanos. Basebol, basquete, surfe, tênis, futebol americano e rúgbi são esportes cobertos com maestria pelo canal.

Como os seis esportes citados demandam muito tempo de jogo e muito tempo de intervalo ou paradas de jogo, é importante que a equipe esteja apta a dar informações e entreter o público ao longo das partidas.

Com bom humor, informações de bastidores e análises técnicas precisas, as equipes destes esportes conseguem administrar a transmissão das partidas e os programas que tratem do assunto.

É desta forma que se mantém a qualidade dos programas ESPN League e Pelas Quadras e as participações dos comentaristas no SportsCenter. E é neste formato que a equipe de futebol do canal deve se espelhar.

Sem tanto espaço na programação como o futebol, os outros espaços possuem cobertura suficiente para trazer informações e entretenimento na medida certa, sem espaço para repetições de temas e excesso de comparações esdrúxulas e humor desnecessário.

Enquanto há esportes que mereciam mais tempo de programação, incluindo o futebol feminino, o futebol masculino se espalha durante o dia, repetindo assuntos e obrigando a emissora a diminuir drasticamente a qualidade dos programas.

A solução parece simples e lógica: abordar mais esportes e mais aspectos do futebol -masculino e feminino -, aprofundar nas denúncias que tanto consagraram o canal e explorar ao máximo o potencial de seus excelentes profissionais. Tanto eles como nós merecemos.

José Eduardo

A nova face do (anti)jornalismo esportivo – ESPN Brasil IV

Nesta edição, continuamos nossa análise sobre a ESPN. Abordamos a predileção da emissora por Rio-São Paulo e a ignorância e desproporcionalidade referentes à cobertura das equipes do restante do país.

Veja também as outras partes da análise I, II, III, IV e V

Centrada no bairro de Sumaré, cidade de São Paulo, a ESPN possui apenas uma sucursal, no Rio de Janeiro. Com equipe de profissionais limitada e sem setoristas nos outros estados, a emissora foca suas atividades principalmente na capital paulista.

Na cidade, Corinthians, São Paulo e Palmeiras contam com setoristas que cobrem o dia-a-dia das equipes, com entradas ao vivo, reportagens e bastidores em todos os telejornais da emissora. Santos, Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco ficam em segundo plano mas também contam com setoristas esporádicos e, ao menos uma vez ao dia, são assuntos no canal.

A predileção por Rio-São Paulo, entretanto, vai além da localização das sedes da empresa. Debates, especulações e comparações são feitas quase exclusivamente referentes a esses clubes, em especial o trio Palmeiras, Corinthians e Flamengo.

O fato se explica pelo fator audiência. Como têm as maiores torcidas do Brasil, Flamengo e Corinthians possuem torcida em todo o território nacional, explicando-se, dessa forma, a predileção por estes clubes. O Palmeiras, com enorme torcida pelo estado de São Paulo e, consequentemente, rival do Corinthians, também ganha destaque no canal.

São Paulo, Santos, Botafogo, Vasco e Fluminense se configuram figurantes nessa corrida por espaço no canal. E aqui cabe a primeira crítica aos programas do telejornal. Apesar de terem torcidas nacionais, o quinteto é protagonista apenas quando apetece ao torcedor o trio de ferro (Flamengo, Corinthians e Palmeiras). Crises, derrotas, rebaixamento são o principal motivo de matérias acerca dos clubes.

De fato, esta predileção pelo trio de ferro não é exclusividade da ESPN. Globo, Band, Fox Sports, entre outras mídias também adotam esta fórmula. Entretanto, à ESPN, tão crítica do modelo mercantil do jornalismo esportivo, cabia liderar a mudança.

Fosse a predileção por pautas clubísticas o único problema, estaria terminado este texto. Entretanto, o Brasil não é composto por duas federações. Há outros 14 estados com, pelo menos, uma equipe nas três primeiras divisões nacionais.

Minas Gerais e Rio Grande do Sul, somados, possuem clubes que ultrapassam 20 milhões de torcedores. Bahia, Santa Catarina, Paraná e Pernambuco possuem campeões nacionais. Goiás, Pará, Maranhão campeões da série B. Rio Grande do Norte e Alagoas, série C. Ceará e Paraíba, série D. Para ficarmos nos principais títulos nacionais.

A relevância do esporte nacional é inevitável. A forte presença de Bahia, Cruzeiro, Atlético-MG, Internacional e Grêmio motivou a criação da Taça Brasil em 1959, vencida pelo Tricolor de Aço. Não houvesse relevância destes clubes, o torneio Rio-São Paulo não teria sido extinto.

Juntos, os clubes fora Rio-São Paulo detém 2 Mundiais, 9 Libertadores, 15 campeonatos brasileiros, os dois maiores campeões da Copa do Brasil e outros 15 títulos da competição e uma imensidão de culturas que fortalecem o país.

Sem equipe de trabalho fora Rio-São Paulo, a ESPN ignora o dia-a-dia das equipes fora do eixo tanto em reportagens, por falta de logística, quanto por falta de interesse em sua grade de programação. São oito programas ao vivo diários, mais três semanais, e apenas o Bate-Bola da manhã se limita a tratar do futebol nacional como um todo. Ainda assim, deixa claro que há “programação Nordeste”, como “Bola da Vez Nordeste”, sem perceber no desequilíbrio que é haver um programa nordestino enquanto os outros sete, ditos nacionais, falam exclusivamente de Rio-São Paulo.

Inclusive, o Linha de Passe, principal programa da emissora, possui desequilíbrio enorme nas pautas abordadas. Dificilmente um clube fora o eixo Rio-São Paulo-Minas-Sul é mencionado, analisado. Quando muito, tal equipe é citada apenas quando joga contra Corinthians ou Flamengo ou quando um jogador é a eles especulado.

É bem verdade que, com a criação da programação Nordeste, a cobertura sobre os clubes da região aumentou. Mas ainda não é suficiente. É um oitavo da programação. Minas, Goiás e Sul continuam à mercê de boas campanhas para se tornarem notícia. Mesmo havendo profissionais que entendem da área, como Leonardo Bertozzi, a linha editorial não permite que os clubes mineiros sejam abordados com profundidade.

Assim como o excesso de humor, o bairrismo é proposital. O jornalismo é mercantil na ESPN. Um fato é relevante apenas se houver audiência e, portanto, dinheiro envolvido. É por isso que outros esportes, bem como o futebol feminino, são ignorados. Aqui entra a grande questão do jornalismo: o público se interessa porque um fato é relevante ou um fato é relevante porque o público se interessa? Nesta ESPN apenas a segunda vertente é aceita.

Na próxima edição, finalizamos a cobertura da ESPN, comparando os programas sobre futebol com os de outros esportes na emissora e analisando o trabalho de competentes repórteres que devem seguir à risca a nova programação.

A nova face do (anti)jornalismo esportivo – ESPN Brasil III

Seguimos com a série de análises sobre o jornalismo esportivo nacional e, hoje, abordamos aspectos sobre a programação ao vivo da ESPN Brasil. Para este tópico, dividimos em duas partes, a ser complementada na próxima matéria da série. Iniciamos com os principais programas da grade horária.

Veja também as outras partes da análise I, II, III, IV e V

Programação ao vivo

Com a chegada da Fox Sports e o alto investimento da empresa americana Turner no grupo Esporte Interativo, a ESPN deixou de exercer o direito de transmissão de várias competições de futebol internacional. Campeonato alemão, espanhol e italiano foram divididos entre ESPN e Fox Sports enquanto a principal competição, Champions League, ficou exclusivamente com o Esporte Interativo.

As perdas de transmissões, principal combustível para manter a engrenagem da ESPN, motivaram a emissora a preencher sua grade com programas ao vivo. Ao todo, são três edições diárias do Bate-Bola, três edições do SportsCenter, duas do ESPN AGORA e uma do Futebol no Mundo.

Quanto aos programas semanais, são duas edições do Linha de Passe, podendo haver mais edições em condições especiais, como partidas da Seleção Brasileira, uma do Resenha e uma do Bola da Vez.

Cada edição dos programas conta com uma equipe fixa de jornalistas mais convidados. Portanto, mesmo sendo três edições do Bate-Bola, elas diferem de uma para outra, tanto pela linha editorial como por opiniões e trabalho dos jornalistas.

Com o excesso de programação ao vivo, seria inevitável não haver monotonia na grade horária. Aquele que acompanha o Bate-Bola pela manhã dificilmente assistirá às outras edições. Entretanto, a estratégia funciona para alcançar diferentes públicos em diferentes horários. Portanto, aquele que trabalha de manhã e à tarde pode acompanhar a edição noturna, e vice-versa.

Linha de Passe

A princípio, o excesso de programação ao vivo em nada influencia na qualidade dos programas. É possível fazer excelentes debates, matérias jornalísticas, documentários e investigações durante todo o dia sem perder a seriedade, correndo o risco apenas de repetir os tópicos.

É o caso do Linha de Passe. Com duas edições semanais, o programa repete o que fora abordado pelo canal durante a semana. O diferencial do Linha de Passe costumava ser a excepcionalidade dos jornalistas ali presentes.

Juca Kfouri, José Trajano e Mauro Cezar Pereira exerciam papel fundamental na manutenção do programa. Traziam denúncias, opiniões políticas, vivências no esporte. Criticavam aspectos do esporte pouco abordados ou ignorados por outras emissoras.

Hoje, fala-se muito do futebol dentro das quatro linhas, da vaidade de determinado jogador, da vida pessoal de outro, e pouco se fala dos aspectos político-sociais que o esporte proporciona. Juca Kfouri e Mauro Cezar permanecem em apenas uma das edições do programa. De resto, o Linha de Passe se tornou mais do mesmo, opiniões mundanas ao futebol que podem ser observadas aos montes nas outras emissoras.

Atualmente, cabe apenas a Juca questionar, mencionar e criticar o modelo político-social do país imerso em um caos moral. Sem Trajano, entretanto, suas críticas passam batido. A dupla Juca-Trajano debatia profundamente aspectos fundamentais tanto no esporte como fora dele, o que tornava o Linha de Passe único.

Bate-Bola Debate – Edição das 13h

Quanto à monotonia da grade horária da emissora, fosse este o maior problema, as críticas seriam mais brandas. Entretanto, o que ocorre especificamente no Bate-Bola no horário do almoço (BB Debate) é uma aberração jornalística; reduz a ESPN a algo que seus jornalistas sempre criticaram.

É nesta edição, outrora sério, com o comando de João Carlos Albuquerque e participações de PVC, Mauro Cezar Pereira e Lúcio de Castro, que podemos perceber as maiores mudanças na linha editorial da emissora.

Com corpo fixo de Bruno Vicari, Leonardo Bertozzi, Jorge Nicola e Alexandre Oliveira, o novo formato do Bate-Bola estreou em 2015. À época, Bertozzi participava de transmissões ao vivo, do Futebol no Mundo e do SportsCenter como substituto eventual de Amigão e Antero Greco.

Fluente em italiano, Bertozzi fazia um trabalho fenomenal de análises de partidas e bastidores do futebol da Bota, além de desempenhar bom trabalho de âncora dos telejornais. Bem-humorado, o mineiro trazia sua imparcialidade e domínio sobre o futebol de seu estado, agregando ao canal opiniões sobre dois grandes mercados: Itália e Minas Gerais. No BB Debate, virou só mais um.

O programa se voltou ao excesso de humor, com Alexandre Oliveira, Bruno Vicari, o “Ken Humano”, como Oliveira o apelidou, e nos conhecimentos de Jorge Nicola sobre os bastidores do futebol paulista.

À primeira vista, o programa poderia vingar. Oliveira estava no auge de seu reconhecimento, participando de transmissões bem-humoradas, e com bom conhecimento sobre categorias de base e fundamentos do futebol de salão. Nicola trazia seus contatos sobre bastidores enquanto Bertozzi opinava com propriedade sobre assuntos variados.

Entretanto, ao longo do tempo, o programa caiu na monotonia. Como mencionado, as diversas edições ao vivo e a falta de transmissões fizeram com que faltasse assunto relevante ao programa. Desta forma, o Bate-Bola abdicou do jornalismo investigativo e focou no humor de Oliveira.

“Decreto”, “Dona Encreca”, “Lei Gil” são algumas das contribuições diárias ao programa. O humor, antes inofensivo e pontual, rumou à insistência em piadas banais e ofensivas. A fala de Oliveira se direcionava exclusivamente ao tele-espectador homem, fugindo vertiginosamente do esporte.

Corriqueiramente, Oliveira mencionava sua ex-mulher como “Dona Encrenca”, esteriótipo de mulher louca e chata que importunou sua vida, estigma pelo qual as mulheres diariamente sofrem. Quando havia participação de um “Fã do Esporte” com foto de casal, ridicularizava o homem se submeter a mulher àquela forma.

A lei Gil também tinha o viés preconceituoso. Como disse o ex-jogador do Cruzeiro, comemorando título mineiro de 2006 em uma entrevista pós-jogo, ” (vale tudo) só não vale dar o cu”. E nessa insistência, Oliveira citava a “lei” quase diariamente. A mensagem era clara: “tele-espectador homem, não é permitido ser homossexual”.

Ambas as anedotas depreciativas podem passar batidas. Na primeira, na segunda vez, a piada talvez fosse relevada. Quando tornou-se diário o insulto, além de perder a graça, foi possível observar o quanto o esporte estava coadjuvante em um programa esportivo.

O humor, tão presente com Lúcio de Castro e Mauro Cezar, já não era inocente nem tinha ligação com o esporte. Ofendia e não contribuía para o senso crítico. Não havia jornalismo.

Concomitantemente, as informações de bastidores de Nicola também caíam por terra. Falsas especulações, contratações nunca efetivadas e brigas que jamais aconteceram. Hoje, Nicola é, inclusive, ridicularizado durante o programa por tantas informações desencontradas.

Alexandre Oliveira não teve seu contrato renovado e rumou ao Esporte Interativo, onde mantém seu humor. Há quem goste de seu personagem, mas é inegável a perda que o jornalismo esportivo sofre em sua esquete, uma vez que Oliveira ficou conhecido mais por suas piadas que pelas suas reportagens e opiniões.

Bertozzi, Vicari e Nicola permanecem no Bate-Bola, que mantém o formato, agora com presença de Celso Unzelte e Rômulo Mendonça. Apesar de bons jornalistas, não mudaram a linha editorial do programa.

É necessário perceber que mesmo com tais mudanças no quadro de jornalistas do Bate-Bola Debate, a linha seguiu-se a mesma: humor, especulações, comparações absurdas, lives no Instagram e poucas reportagens. A competência profissional dos participantes do programa não interferem na qualidade deste, uma vez que não há espaço para jornalismo ali.

Nas próximas edições da série, finalizamos a análise sobre a ESPN, falando sobre assuntos delicados como predileção quase exclusiva pelo eixo Rio-São Paulo, jornalistas competentes, mas sem espaço e comparações com a cobertura do futebol com a de outros esportes dentro da própria emissora. Também vamos analisar os pontos positivos que a ESPN ainda guarda e como eles podem ser utilizados com mais propriedade.

José Eduardo

A nova face do (anti)jornalismo esportivo – ESPN Brasil II

Continuamos nossa série analisando as novas formas de jornalismo esportivo no Brasil, e, hoje, aprofundamos um pouco mais na ESPN. Demissões, mudanças na grade, linha editorial, humor e pouca investigação.

Veja também as outras partes da análise I, II, III, IV e V

Demissões e saídas

A grande tônica da nova faceta da ESPN foi a troca de apresentadores e jornalistas, que representam a mudança na linha editorial. A primeira delas ocorreu em 2013, não sem justa causa.

Naquele ano, o jornalista Flávio Gomes, abertamente torcedor da Lusa, indignado com uma marcação de pênalti contra seu clube, a favor do Grêmio, reclamou em seu Twitter. Em tom ácido, como de costume, fez provocações fortes.

Entretanto, neste caso, Flávio proferiu insultos homofóbicos, comportamento inaceitável ao veículo: “Juiz vagabundo, timinho escroto desde 1903. São muito machos no Sul. Mas adoram dar a bunda”.

Flávio Gomes, hoje na Fox Sports, certamente se arrepende de suas palavras. Ele exerce papel fundamental na luta contra homofobia, racismo, transfobia e outros males tão presentes no futebol e atua como equilíbrio e bom senso no Fox Sports Rádio (a ser abordado no capítulo sobre a emissora).

Em 2014, uma mudança radical iniciou o processo de reformulação do canal até a chegada da linha editorial atual. Neste ano, a sucursal carioca focou exclusivamente em reportagens, principalmente de campo, excluindo de seu quadro as participações nos estúdios do Rio de Janeiro.

Foi assim que Márcio Guedes e Fernando Calazans, atuantes no Linha de Passe, e Lúcio de Castro, presente no Bate-Bola (BB) no horário do almoço, se despediram da programação. A princípio, não foram demitidos. Como disse Lúcio de Castro: “fui para a ESPN, teve umas mudanças e, um belo dia, me avisam, sem nenhuma explicação, que eu sairia do ar”.

A perda dos profissionais mudou bastante a cara do canal. Márcio Guedes e Calazans apresentavam um contra-ponto ao lado paulista da emissora. No Linha de Passe, programa à época semanal, contribuíam para aprofundar sobre os clubes cariocas com propriedade e vivência cotidiana sobre o Rio de Janeiro.

De fato, a emissora nunca foi exemplo de abrangência de temas. Como cruzeirense que sou, sempre senti muita falta de abordarem sobre os times de Minas, quanto mais do Nordeste, Norte, Centro-Oeste e Sul do país. Mesmo assim, Guedes e Calazans faziam com que o Linha de Passe saísse da monotonia paulista – mais precisamente sobre o trio paulistano (Corinthians, Palmeiras e São Paulo, nesta ordem).

Lúcio exercia papel fundamental no Bate-Bola. Programa diário, o BB, abordava temas mais abrangentes que o Linha de Passe. Não por coincidência, Mauro Cezar Pereira, niteroiense vivendo em São Paulo, ajudava na diversidade do programa.

O programa conseguia harmonizar investigação de denúncia com humor. Conhecido como “jornalismo mal-humorado e pessimista”, o programa incluía severas críticas à escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo 2014 e Jogos Olímpicos 2016.

Apresentando denúncias, superfaturamentos, oba-oba nas concentrações dos atletas, corrupção por parte de CBF, COB e governos estaduais e federal, os jornalistas do Bate-Bola abordavam o que outras emissoras não o faziam com propriedade. Exemplo disso foram as matérias sobre corrupção envolvendo o ex-presidente da Confederação Brasileira de Vôlei, Ary Graça.

Ademais, notável era a qualidade do programa, que contava com PVC nas estatísticas e curiosidades, e o bom-humor da dupla carioca e o apresentador João “Canalha” Albuquerque. Como não se lembrar da apresentação de Waldemar Lemos, como treinador do Flamengo?

Em seguida, foi a vez de PVC dizer adeus à ESPN. Com a inauguração da Fox Sports, o gênio das estatísticas se foi da emissora, em busca de novos desafios. Deixando órfãos os fãs do Bate-Bola clássico, Lúcio e PVC seguiram sua carreira enquanto o programa mudou de equipe e horários.

O BB passou por várias reformulações até a chegada do formato atual: três edições, uma de manhã tratando de temas nacionais, de norte a sul; um noturno, com os principais jornalistas da casa, com apresentação de Canalha e participações de Mauro Cezar; e o tradicional no horário do almoço, que preza pelo humor, a ser destrinchado na próxima matéria da série.

Por fim, chegamos ao biênio 2016-17. Foi neste período que a ESPN finalizou seu processo de mudança editorial, com demissões dos principais jornalistas, com mais tempo de casa, e que mostraram o rompimento entre política e futebol, principal ferramenta da emissora.

O primeiro a se despedir foi José Trajano. Fundador do canal no Brasil, Trajano estava há 17 anos na ESPN e participava semanalmente do Linha de Passe. Com os acontecimentos políticos no Brasil, não se sentia à vontade em se manter calado em rede nacional sobre o cenário nacional político e social. Desta forma, fora demitido.

Sem explicações, como afirmou Trajano, fora mandado embora de sua emissora acreditando ter sofrido por abordar política em seu programa. Após sua demissão, também se foram Helvídio Mattos e Roberto Salim, brilhantes jornalistas por trás de Histórias do Esporte e Caravana do Esporte, que apresentavam o lado social e não profissional do esporte.

Por fim, foi-se embora o último suspiro de mudança na ESPN. Idealizador do Resenha, vencedor de melhor programa esportivo em 2016 e 2017, pelos próprios jogadores, Juan Pablo Sorín deixou o canal sem ter seu contrato renovado. Apesar de haver aqueles que não se cativavam pelo argentino, é inegável sua importância no canal. Seria possível retirá-lo do comando do programa e enquadrá-lo como convidado, ou mesmo deixá-lo nos bastidores e produção, mas a emissora preferiu demiti-lo.

Sem espaço crítico, sem conteúdo fora das quatro linhas, sem denúncias e investigação, restou à ESPN mais do mesmo. Humor, jornalismo raso, discussão apenas sobre o que ocorre nas quatro linhas e entrevistas pontuais. Como disse Trajano, “O que plantamos (na ESPN) está sendo destruído”. Quem perde é o “Fã de Esportes”.

Na próxima reportagem, encerramos a análise sobre a ESPN e começamos a focar em outras emissoras. Fique ligado!

José Eduardo

A nova face do (anti)jornalismo esportivo – ESPN Brasil

Começamos uma série de reportagens que buscam analisar os grandes veículos de comunicação esportiva no país e como as grandes mídias estão se reinventando para manter a audiência em detrimento da qualidade da informação. Nesta edição, iniciamos a primeira parte da análise sobre a ESPN Brasil.

Veja também as outras partes da análise I, II, III, IV e V

Com a chegada da internet, a era da informação e do jornalismo vive uma crise, especialmente nos meios mais tradicionais. Jornais impressos e telejornais perderam espaço para a dinamicidade dos meios digitais e precisaram se reinventar. Mas a que ponto o jornalismo se torna um espetáculo de anti-informação?

O caso mais notável da mudança pela qual passa o jornalismo é a ESPN Brasil. Anteriormente ligada às grandes denúncias e investigações que levaram o veículo a conquistar a fama de “mal-humorado” por tocar em assuntos sensíveis, a ESPN mudou sua linha editorial e um de seus principais programas, o Bate-Bola, transmitido à hora do almoço, tornou-se um verdadeiro circo.

A primeira ação que demonstra a mudança de linha editorial da empresa foi o afastamento de um dos mais competentes jornalistas investigativos, Lúcio de Castro, e o cancelamento das participações do Rio de Janeiro, tanto nos Bate-Bola, também contando com Fábio Azevedo, como no Linha de Passe, com Fernando Calazans e Márcio Guedes.

As mudanças, à primeira vista, não surtiram muito efeito. Perderam-se os jornalistas, mas manteve-se o caráter bem humorado, porém sério do canal. Entretanto, as mudanças a seguir transformaram o respeitado canal em apenas mais um. Com programas que prezavam mais pelo humor e menos por investigação e denúncia.

Foi assim que um dos mais consagrados jornalistas, pai do canal, José Trajano, se foi, claramente por expor suas opiniões políticas. O canal se afastava do diferencial perante as outras emissoras: poder ter opiniões além do esporte.

Com essas mudanças, o canal iniciou uma reformulação na grade horária e o Bate-Bola no horário do almoço passou a contar com Bruno Viccari, Jorge Nicola e Alexandre Oliveira. O que se viu foi um mar de piadas, informações desencontradas e o fim das denúncias e investigações, como podemos ver a seguir.

Sóbis

Na imagem, Jorge Nicola apresenta mais uma de suas “informações de bastidores” que se provam falsas, puro “achismo”. O próprio jogador desconhece a especulação. A publicação, de duas semanas atrás, até hoje não surtiu efeito e Sóbis continua firme no Cruzeiro, entrando de titular em duas das três partidas posteriores à publicação.

A própria imagem de capa mostra o novo programa: fantasias, piadas e falta de seriedade. Lives no Instagram, broncas da direção por excesso de piadas, matérias sem pé nem cabeça, como comparar Flamengo, Corinthians a Real Madrid, tudo pela audiência.

Hoje, Trajano iniciou um canal no youtube com um programa de verdadeiro jornalismo esportivo, o Ultrajano, enquanto Lúcio de Castro mantém sua Agência Sportlight que continua trazendo excelentes reportagens investigativas, enquanto a ESPN prefere humor.

No próximo texto, continuamos destrinchando as mudanças da ESPN Brasil, aprofundando em cada tema aqui citado.

José Eduardo

Globo prova que a CBF lhe pertence

José Eduardo

Campeonato Brasileiro, Seleção, contratos. A Globo divulga o que é de seu interesse mas esconde as falcatruas que faz com sua maior aliada (ou fantoche) no futebol, a CBF. Mas neste fim-de-semana, resolveu deixar bem claro o seu poder. E sua falta de respeito com o torcedor.

No último mês, o jornalista Jamil Chade, do Estado de São Paulo, publicou uma série de contratos que provavam a venda dos jogos da seleção brasileira para um grupo de investidores. Comentado aqui, no Subindo a Linha, ficou evidente o descaso da CBF com o desenvolvimento do futebol no país. A Globo se manteve calada. Não noticiou absolutamente nada sobre o assunto.

Ainda no mês passado, o ex-presidente da CBF, José Maria Marin – assim como vários dirigentes da FIFA – foi preso acusado de extorsão, fraude eletrônica, conspiração para lavar dinheiro entre outros crimes. A CBF, então ataca. Se faz de sonsa, julga Marin e se esquiva de críticas e culpa. A maior aliada da Entidade agora se vira contra seus dirigentes. Sua imagem parece intacta.

Neste fim-de-semana, a Globo admitiu, o que ficou provado com os casos anteriores: a falta de interesse no desenvolvimento do futebol local. Não publicamente, mas por meio de artimanhas que fazem desmerecer o Campeonato Brasileiro e manipulando o horário do jogo da seleção.

O cenário pode ser descrito em três atos.

O primeiro: jogo da seleção. O Brasil iria jogar contra o México, em um amistoso em São Paulo. Detentora dos direitos de imagem, a Globo agendou a partida para as 17 horas, e não às 16, como costuma fazer a emissora. Isso porque, no mesmo dia, estaria acontecendo o Grande Prêmio do Canadá de Fórmula 1, com início às 15 horas e final previsto para 16h40. A emissora definiu o horário da partida da Seleção.

O segundo: final da Champions League. Quando as partidas do campeonato brasileiro não são transmitidas no domingo por conta do jogo da Seleção, tradicionalmente, a Globo reagenda os confrontos para sábado, às 16h. Entretanto, a final da Champions League entre Barcelona e Juventus também teria transmissão Global, às 15h45.
Desta vez, portanto, a emissora parecia viver um dilema: transmitir a Champions League ou o Campeonato Brasileiro. A emissora preteriu o Campeonato Brasileiro à Champions League

O terceiro: Nada de dilema. Outra vez, a Globo utilizou o seu poder para interferir no horário dos jogos do campeonato. E, desta vez, tomou a decisão mais injusta com o torcedor. As partidas poderiam ser reagendadas para sábado após a partida da Champions League, poderia começar entre 18 e 21 horas. Poderia ser no domingo, após o jogo da seleção. Mas a emissora não queria perder a audiência de suas novelas e telejornais. Ela optou por agendar as partidas para 22 horas do sábado. Em um final de semana, em que o serviço público é mais precário, em um horário em que as temperaturas são mais baixas, em um dia de descanso ou mesmo de festa. O torcedor de Curitiba, por exemplo, teve que enfrentar todos estes desafios para assistir a Atlético Paranaense e Vasco, um jogo sem maiores pretensões. O desrespeito com o torcedor não poderia interferir na novela.

Para completar, o horário absurdo de partidas às 11h de domingo foi mantido neste fim de semana, provando, de todas as formas, que a Globo quer fazer dinheiro. E quer fazer em cima do esforço, da loucura do torcedor.