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Fim dos jejuns

Os campeonatos estaduais de 2018 chegaram ao fim. Com ele, diversos clubes gritaram “É campeão” após anos na fila. Em raras exceções, o título se manteve na mão do hegemônico local. É o fio de esperança que os campeonatos regionais precisavam para se manterem firmes para o próximo ano.

CENTRO-OESTE

Começamos pelos dois maiores jejuns. Na capital federal, o tradicional Sobradinho, que figurou na primeira divisão do Campeonato Brasileiro em 1986, se sagrou campeão após 32 anos. Foi o terceiro título alvinegro e o maior campeão é o Gama, com 11.

O Leão da Serra, fundado por operários, revelou Dimba ao futebol e tinha como presidente o ex-volante Túlio, destaque do Botafogo da década passada. Túlio saiu do clube após o Sobradinho perder a vaga para a Copa Verde deste ano, mas mantém contato com a equipe. Com o título, o Leão garantiu vaga para a Copa do Brasil, Copa Verde e Série D de 2019.

No Mato Grosso do Sul, o título voltou às mãos do maior campeão. O Operário levou o troféu após 21 anos e soma 11 canecos, frente a 9 do Comercial. No período do jejum, outras 10 equipes se sagraram campeãs enquanto o futebol do estado se apequenava nas competições nacionais. Vale lembrar a goleada sofrida pelo Naviraiense, em 2010, para o Santos de Neymar, Ganso e companhia na Copa do Brasil por 10 a 0.

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Nos outros dois estados da região, deu a lógica. Goiás e Cuiabá mantiveram a recente hegemonia estadual e se solidificam como potência regional. Em Goiás, o esmeraldino levantou o quarto caneco seguido, sexto em sete edições, e ampliou a distância para o rival Vila Nova em número de títulos: 28 a 15. O Vila segue sem título desde 2005 e viu seu maior rival vencer oito títulos no período.

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Em Mato Grosso, o Cuiabá continua fazendo história rumo ao topo do futebol do estado. Fundado em 2001, o clube se mantém na Série C do Campeonato Brasileiro desde 2012 e conquistou o bicampeonato neste domingo.

Ao todo, o Dourado soma oito títulos estaduais, sendo seis nas últimas 8 edições do torneio. A frente o Cuiabá estão somente Mixto, com 24 títulos, e Operário de Várzea Grande, com 12, mas que também estão em longo jejum, 10 e 16 anos, respectivamente.

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NORTE

Após dois vice-campeonatos seguidos para o rival Atlético, o Rio Branco voltou a se sagrar campeão acriano. O maior campeão do estado soma 47 títulos frente a apenas 14 do segundo maior vencedor, o Juventus. O Estrelão disputará a Série D ainda neste ano e, caso não volte à Série C, possui vaga garantida para a quarta divisão nacional de 2019.

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No Pará, outra equipe voltou a ser campeã após dois títulos do rival. O Remo venceu o Paysandu evitando o tricampeonato bicolor e seguindo na cola do Papão em número de títulos: 47 a 45.

O título do Bicolor foi acompanhado de diversas figurinhas carimbadas do futebol nacional e mostra a força do Remo para a Série C. O time do atacante Marcão e do técnico Givanildo Oliveira (tricampeão estadual – 2016 com o América-MG e 2017 com o Ceará) venceu o quarto clássico diante do Paysandu na temporada e enche o torcedor de esperança para voltar à segunda divisão nacional.

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No Amazonas, nada de jejum. O bicampeão é o novato Manaus FC. Fundado por dissidentes do Nacional, o Gavião de apenas três anos de idade e dois títulos estaduais derrubou o gigante Fast por 4 a 0 na Arena da Amazônia e garantiu vaga para a Série D, Copa do Brasil e Copa Verde 2019.

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NORDESTE

No Maranhão, mais jejum quebrado. Desta vez, a espera durou pouco mas foi sofrida. O Moto Club voltou a ganhar o título estadual após apenas um ano na fila, mas 2017 marcou um ano trágico ao Papão.

Após título estadual e um quarto lugar na Série D, em 2016, o que garantiu acesso à Série C no ano seguinte, o Moto viu tudo dar errado em 2017. No estadual, vice-campeonato para o maior rival, Sampaio Corrêa. Na série C, rebaixamento e, de quebra, ainda viu a Bolívia conquistar acesso à segunda divisão nacional.

Em 2018, o título veio em cima do Imperatriz após vitória por 3 a 0 em São Luiz e derrota por 2 a 1, no interior do estado. Com a conquista, o Moto Club garantiu vaga na Série D 2019, caso não conquiste o acesso neste ano, e disputará a Copa do Brasil do ano que vem.

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Nada de jejum e bicampeonato no Ceará. O Vovô bateu o badalado Leão de Rogério Ceni e vem com tudo para a Série A. Apesar da derrota, o Fortaleza também apresentou futebol de dar esperanças ao torcedor rumo à elite do futebol nacional. O título veio com duas vitórias por 2 a 1 do alvinegro frente ao tricolor.

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O único campeão estadual que já havia conquistado o título antes deste fim de semana foi o ABC. O alvinegro potiguar conquistou o tricampeonato, somando 54 títulos estaduais e bateu o recorde mundial de títulos de uma mesma competição, ultrapassando o Rangers, 53 vezes campeão escocês.

O título do ABC veio após o clube vencer os dois turnos do torneio e automaticamente levantar o caneco sem a necessidade de finais.

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Outra hegemonia se manteve em 2018. Foi na Paraíba, onde o Botafogo se sagrou bicampeão ao bater o Campinense e chegou a 29 títulos estaduais. A Raposa segue com 20 campeonatos, na segunda colocação.

No segundo semestre, o Botafogo disputa a Série C do Campeonato Brasileiro com elenco recheado de medalhões, Gladstone (ex-Cruzeiro, Palmeiras e Juventus-ITA), Marcos Aurélio (ex-Corinhtians, Santos, Sport, Coritiba, Bahia, Internacional, Ceará, e por aí vai), Rafael Jataí (ex-América-MG, Atlético-MG, Guarani e Bahia, entre outros), Felipe Cordeiro (ex-Atlético-MG) e o goleiro Saulo (ex-Santos e Figueirense).

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Outros dois grandes jejuns finalmente chegaram ao fim no Nordeste. Após 14 anos, o Náutico se sagrou campeão pernambucano. O rebaixamento para a Série C em 2017 parecia desestruturar a equipe que, devendo salários, e ainda não contava com os Aflitos.

Mas o Timbu contou com péssimas campanhas de seus rivais, ao longo do ano e enfrentou o Central, estreante em decisões estaduais, para levar o 22º título. A conquista dá forças à equipe que busca voltar à segunda divisão nacional, juntamente com o Santa Cruz, que ficou ainda nas quartas-de-final do estadual.

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Em Alagoas, a espera foi um pouco menor. 10 anos separavam o último título do CSA, maior campeão estadual. Mas, após o título da Série C 2017, o azulão montou equipe forte, bateu o CRB por 2 a 0, depois de perder a primeira partida por 1 a 0, e se juntará ao Galo na segunda divisão nacional. Grandes clássicos à vista. Ao todo, são 38 títulos azuis, contra 30 vermelhos.

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Na Bahia, o jejum foi ainda menor, 3 anos. Após dois vice-campeonatos para o Vitória, o Bahia chegava à decisão após clássico vergonhoso na fase de grupos. Na ocasião, uma briga generalizada acabou por falta de jogadores em campo por parte do Leão e parece que o evento motivou o Tricolor de Aço.

O 47º título do Esquadrão veio após duas vitórias incontestes e muita festa e violência por parte das torcidas. O Bahia segue na liderança em conquistas, 47 tricolores contra 29 rubro-negros.

As equipes se voltam para a disputa do campeonato brasileiro e precisarão do apoio das arquibancadas para voltarem a figurar na parte de cima da tabela. Para tanto, é necessário acabar com a violência, para evitar perdas de mando.

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SUDESTE

10 anos também foi o tempo de espera do campeão Capixaba. O Serra voltou da segunda divisão estadual direto para o título que não vinha desde 2008. No período, seis equipes venceram o torneio enquanto o Serra lutava para se manter na primeira divisão.

Este foi o sexto caneco da equipe, quarta maior campeã estadual, atrás de Rio Branco (37), Desportiva (18) e Vitória (9). Com o título, a Cobra Coral garantiu vaga para a Copa Verde, Copa do Brasil e Série D de 2019.

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Em Minas Gerais, o Cruzeiro voltou a ser campeão após dura sequência de 3 anos sem título. Na década, este foi apenas o terceiro título celeste contra 5 do Atlético e 1 do América.

A sequência de fracassos da Raposa no estadual conflitavam com o sucesso nacional da equipe, bicampeã brasileira e campeã da Copa do Brasil na década. Entretanto, sucessivas derrotas em clássicos faziam com que o torcedor ficasse com um pé atrás com a equipe.

O título confirma o favoritismo cruzeirense e dá motivação para que a equipe se recupere na Libertadores no grupo da morte. A derrota por 3 a 1 no primeiro jogo, após o Galo abrir 3 a 0, parecia decretar mais um ano sofrido aos cruzeirenses. Mas a vitória por 2 a 0 na partida de volta garantiu  o 37º título mineiro celeste, somado a 1 supercampeonato mineiro, frente a 44 do maior campeão, Atlético.

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No Rio de Janeiro, o Botafogo venceu o carioca naquela que foi a mais emocionante decisão estadual de 2018. Após um péssimo e vazio campeonato carioca, repleto de estádios vazios, clássicos que nada valiam e campeões de turno fora da decisão, a final conseguiu compensar com sobras o desanimo carioca.

Na primeira partida, o Botafogo saiu na frente, tomou a virada, empatou a partida e levou mais um gol para perder por 3 a 2 para o Vasco da Gama. Uma partida fantástica, com gols bonitos e reviravoltas.

No segundo jogo, o Botafogo precisava vencer por um gol para levar a partida para os pênaltis. E o tento saiu aos 49 do segundo tempo. Nos pênaltis, Gatito pegou duas cobranças, contra uma por Martín Silva, e encerrou o jejum de 5 anos sem títulos cariocas. No período, o Botafogo perdeu duas decisões, justamente para o cruzmaltino. Este foi o 21º título do Botafogo, contra 24 do Vasco da Gama, 31 do Fluminense e 34 do Flamengo.

Para o restante do ano, porém, o sinal de alerta segue ligado para os finalistas do Carioca. O Botafogo foi eliminado na Copa do Brasil para a Aparecidense, de Goiás, enquanto o Vasco segue sem vencer no Grupo da Morte na Libertadores e ambas as equipes mostraram deficiências que podem comprometer o desempenho no Campeonato Brasileiro.

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Em São Paulo, a disputa mais polêmica, mas nada de jejum. O Corinthians se sagrou bicampeão paulista, ampliando sua vantagem (29 a 22 de Palmeiras e Santos). Os jogos da decisão foram muito brigados, com duas expulsões no primeiro jogo e pênalti marcado e revertido no segundo.

O placar foi o mesmo nos dois jogos, 1 a 0 para a equipe visitante e, como no carioca, decisão nos pênaltis. O título veio nas mãos de Cássio, que defendeu as cobranças das estrelas Dudu e Lucas Lima, o que garantiu a vitória corinthiana na casa do rival.

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SUL

No Paraná, pelo terceiro ano, Atletiba. Diferentemente do ano passado, porém, o Atlético venceu o campeonato e conquistou o 24º título, frente a 38 do maior rival. Na partida de ida, 1 a 0 para o Coxa. Na volta, muita pressão do Furacão e dois a zero no placar.

O Atlético, treinado por Fernando Diniz, mostra um futebol de passes e técnica e já mostrou que pode sonhar alto nas competições nacionais. Pela Copa do Brasil, venceu o jogo de ida do São Paulo por 2 a 1, e conseguiu manter uma boa base para este ano. O Coxa disputa a Série B e tenta voltar à primeira divisão.

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Em Santa Catarina, mais um jejum chega ao fim em mais uma fórmula esdrúxula. O Figueirense levou o 18º título estadual, se mantendo no topo, contra 16 do Avaí, 12 do Joinville, 10 do Criciúma e 6 da Chapecoense.

Durante o campeonato, Figueirense e Chapecoense se revezavam no topo da tabela até que a Chape se distanciou e abriu larga vantagem na tabela. Entretanto, após 18 rodadas, o regulamento previa final em jogo único na casa do melhor do primeiro turno. Resultado: vitória do Figueira na Arena Condá e título alvinegro. Foram 2 anos de títulos da Chape que não viu o sonho do tri inédito se realizar.

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No Rio Grande do Sul, festa tricolor. O torcedor gremista está em lua-de-mel com a equipe. Após o penta da Copa do Brasil 2016, tri da Libertadores 2017 e inédito rebaixamento do rival sem a conquista da série B, o Grêmio se sagrou campeão gaúcho após 8 anos.

O campeonato gremista teve sabor especial pelo fato de o Grêmio figurar na zona de rebaixamento por metade do torneio, enquanto jogava com equipe reserva, e sofrer para se classificar à próxima fase. Na última rodada, vitória sobre o rival no Beira-Rio e garantia de clássico logo nas quartas-de-final.

No mata-mata, 3 a 0 para o Grêmio na Arena, e derrota por 2 a 0 na casa do adversário que classificou o Tricolor. Dali para frente só deu Grêmio. 3 a 0 no Avenida, 4 a 0 e 3 a 0 no Brasil de Pelotas. Campanha digna de campeão.

Este foi o 37º título do Grêmio contra 45 do Internacional. O tricolor volta suas atenções para a Libertadores em busca do tetracampeonato sob comando de Renato Gaúcho, que prometeu ficar no clube.

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José Eduardo

Um dia para ser lembrado

O dia 19 de fevereiro de 2018 certamente entrou para a história do futebol brasileiro. Não por dribles, gols ou jogadas. Mas por atitudes de jogadores e comissão técnica que nos fazem entender nosso futebol e refletir sobre o país.

Defino o dia de ontem em três atos. O primeiro, ocorreu no Barradão, em Salvador. Clássico BaVi, torcida dupla nas arquibancadas, 90% de rubro-negros e 10% de tricolores. Era a chance de provar ao Ministério Público como é possível jogar os clássicos baianos com ambas as torcidas, após seguidos BaVis de torcida única.

Fora de campo, muita violência. No centro de Salvador, longe do estádio, torcidas organizadas dos clubes se enfrentaram, resultando em 13 detenções. Dentro da cancha, pancadaria generalizada e 7 expulsões após comemoração desrespeitosa por parte de Vinícius, jogador tricolor.

Se observarmos somente estas brigas, não há nada de novo. Prisões, violência, dentro e fora de campo, não são novidade no Brasil e no mundo do futebol. Porém, a partida não termina ali e entra em cena o ato 2.

O Vitória, com 9 jogadores em campo, perde Uillian Correia expulso por parar um contra-ataque e receber o segundo amarelo. 7 em campo contra 9 do Bahia – que havia tido dois jogadores do banco de reservas expulsos na confusão. A partir daquele momento, ocorre uma das cenas mais bizarras, indignas e estranhas do nosso bizarro, indigno e estranho futebol.

As câmeras de transmissão flagram uma conversa entre a comissão técnica, o treinador Vagner Mancini e Ramon, jogador, do Vitória. Mancini diz, “fala para o Bruno, pode tomar o segundo amarelo”. Antes que o jogo recomeçasse, Bruno chuta a bola para longe, forçando um cartão amarelo, que, somado ao um cartão previamente recebido, consagra sua expulsão. Fim de jogo por falta de jogadores.

A atitude do Vitória chama atenção porque, sabidamente, quando há 5 jogadores em campo expulsos por uma equipe, automaticamente, esta está eliminada da partida e o triunfo é transferido ao adversário. Mesmo assim, a equipe presou pelo antijogo em um dos maiores clássicos do Brasil, talvez do mundo.

Não fosse bizarrice suficiente, ainda havia espaço para mais um incidente absurdo, indignante e triste. O ato 3 ocorreu em Campo Grande, onde Comercial e Operário faziam o clássico sul-mato-grossense.

Nos minutos finais, com a vitória garantida ao Comercial, o gandula, contratado por esta equipe, provoca o jogador do Operário Jeferson Reis que, em um ato que mais parecia luta de gangue, UFC sem regras, algo selvagem, desfere socos na face do gandula, que cai. Jeferson, então, monta em cima do gandula e o espanca até seu rosto ficar ensanguentado.

3 atos que mostra a violência, falta de educação, falta de ética e moral e atrasos sociais típicos do nosso país. Jogadores sem educação básica, que vivem marginalizados, como no caso de Jeferson Reis, falta de respeito e violência, no Bavi, dentro e fora de campo, e anti-jogo, covardia premeditada por parte da diretoria rubro-negra. Diferentemente do que pode-se imaginar, não é um dia a ser esquecido; é um dia para ser lembrado todos os dias, para que tomemos estes exemplos e não o seguirmos.

José Eduardo

Tradição Sulamericana

Cruzeiro, Universidad de Chile, Racing e, possivelmente, Vasco. O grupo da morte é composto apenas por campeões continentais. Cruzeiro e Vasco disputaram final de campeonato brasileiro. Cruzeiro e Racing disputaram duas finais de Supercopa. La U e Vasco a semi da Sul-americana. O grupo dá a tônica da nova Libertadores.

Durante os últimos dois anos, a Libertadores da América vem tentando mudar sua cara. Apesar do amadorismo característico dos dirigentes da Conmebol, que resistem no poder após escândalos de corrupção, incontáveis casos de racismo nas partidas e violência exacerbada, parece que a Libertadores tomou um caminho acertado.

À primeira vista, desgostei e critiquei o novo formato: competição ao longo de todo o ano, com, pelo menos, sete vagas a times brasileiros (este número podendo crescer a nove), mesmo número de vagas a equipes argentinas.

Agora, com tantas equipes tradicionais, me vejo obrigado a concordar com a Conmebol. Palmeiras e Boca, Flamengo e River,, Santos e Estudiantes, Corinthians, Independiente e Atlético Nacional e Colo-Colo. Todos confrontos de campeões da Libertadores e tudo isso na primeira fase.

Se compararmos com o grupo do atual campeão, Grêmio, podemos ver que este sim é um grupo que ilustra a antiga Libertadores: um time venezuelano, um uruguaio, um paraguaio e um brasileiro. Entretanto, não por coincidência, foi este o considerado mais fácil grupo para os brasileiros.

A Libertadores ganha muito com confrontos entre grandes equipes. O inchaço de pequenos clubes venezuelanos, mexicanos, bolivianos e peruanos acabou por quase garantir os times brasileiros na segunda fase. Exceções feitas às campanhas do Flamengo e um ou outro desvio, como do Internacional, campeão em 2010, em 2011.

A intenção da Conmebol em deixar o calendário cheio durante todo o ano era se assemelhar com a Champions League. Entretanto, com a adesão de mais clubes argentinos e brasileiros, posso dizer que a primeira fase sul-americana é mais atrativa que a europeia.

Enquanto na Champions, há confrontos como Qarabag e Chelsea, Maribor e Spartak de Moscou, Real Madrid e Legia Varsóvia, na Libertadores, os clássicos dão a tônica. Esperemos que continue assim.

Que comece a Libertadores 2018!

Gama assina com pentacampeão Lúcio

Lúcio está de volta aos gramados brasilienses. Nascido em Planaltina, o zagueiro pentacampeão mundial com a Seleção Brasileira em 2002 jogará o Campeonato Brasiliense 2018 pelo Gama.

O anúncio da contratação foi feito pelo perfil oficial do clube alviverde e marca a volta aos gramados do zagueiro após quase dois anos de inatividade, após passagem pelo Goa FC, da Índa. Lúcio está com 39 anos e já passou por grandes clubes como Internacional, São Paulo, Palmeiras, Bayern de Munique, Bayer Leverkusen, além da Seleção.

O primeiro jogo do Gama no Campeonato Brasiliense será no dia 20 de janeiro, contra o recém-promovido Bolamense e o torneio contará com novidades. O Brasiliense adotou o Mané Garrincha como nova casa, as vagas para a Copa Verde serão distribuídas para terceiro e quarto colocados enquanto as vagas para a Série D e Copa do Brasil continuam destinadas ao campeão e ao vice.

 

Por que torci para o Grêmio?

Desde minha primeira memória sobre o Grêmio, confesso que nunca fui simpático ao clube. Como cruzeirense morando em Brasília, foram várias vezes que pessoas confundiram os clubes azuis. Além disso, durante a década de 90, os clubes se encontraram em épocas importantes, como a final da Copa do Brasil 93 e a semifinal da Libertadores 97.

Mas o desgosto pelo tricolor gaúcho, de fato, veio na semifinal da Libertadores 2009, quando Maxi López, atacante gremista, foi acusado de racismo pelo volante Elicarlos, do Cruzeiro. Para piorar a situação, parte da torcida gaúcha comprou a briga e xingou nosso jogador na partida em Porto Alegre, tal qual fez com Aranha, do Santos, na Copa do Brasil 2014.

Apesar de todos estes motivos para desgostar do Grêmio, ontem me vi torcendo fortemente para o tricolor. Os motivos são vários. A começar pelo que representa um jogo de um clube gaúcho ser transmitido em TV aberta para todo o Brasil.

Em tempos de dualidade Flamengo e Corinthians na televisão, com Palmeiras e um ou outro carioca de coadjuvante, uma final entre um time do sul do país e um argentino ser transmitida no Amapá ou Roraima representam a importância do futebol brasileiro em seu conjunto e não por time A ou B.

O Grêmio representa a força dos excluídos. Uma vez que os jogos do Grêmio não são transmitidos nacionalmente, a difusão de informação à população impossibilita o aumento de torcedores. Desta forma, apenas em momentos de glórias, como a Libertadores, a marca Grêmio consegue chegar ao conhecimento de todo o país.

Concomitantemente a isso, existe o desequilíbrio de distribuição de renda de direitos de transmissão entre os clubes. Enquanto Flamengo e Corinthians recebem 170 milhões de reais da detentora dos direitos, Rede Globo, o Grêmio abocanha “apenas” 60 milhões¹. Quase um terço do que recebem os dois clubes de maior torcida.

É importante perceber que o desequilíbrio de renda não acompanha méritos dentro de campo. O Cruzeiro, por exemplo, bicampeão brasileiro e campeão da Copa do Brasil nos últimos 5 anos recebe os mesmos 60 milhões do Grêmio, enquanto o Flamengo ganhou apenas uma Copa do Brasil no período e chegou a um terceiro lugar no Brasileirão.

Ao analisar o que tais receitas podem representar, os clubes que possuem maior torcida e maior receita tendem a ganhar cada vez maior receita e privilégios e, desta forma, monopolizar os títulos a longo prazo.

A forma de se combater isso é justamente com vitórias dos “coadjuvantes”, em que a TV aberta se vê obrigada a transmitir seus jogos. E é por isso que, ontem, eu fui gremista. Pelo nosso futebol. Para difundir o Grêmio pelo Brasil, assim como foi com o Atlético-MG, em 2013 e 14, como foi com o Cruzeiro em 13, 14 e 17, como foi com o Sport em 2008 e o Inter, em 2006 e 2010. O futebol deve ser de todos.

Por fim, lembro do meu primo Alexandre. Se eu sou fanático pelo Cruzeiro, a influência é parte dele. A forma como ele torce me motiva a gostar ainda mais do meu próprio clube. Ele vibra, chora, grita, viaja para ver o clube. Já fui, inclusive, a Goiânia torcer para o Grêmio contra o Atlético-GO com ele.

Parabéns, tricolores! Foram anos de sofrimento para, enfim, gritar tri. O penta na Copa do Brasil, nós não deixamos barato. Espero conquistar o tri também!

Por José Eduardo

¹http://blogs.diariodepernambuco.com.br/esportes/2016/12/11/a-distribuicao-dos-milhoes-das-cotas-de-televisao-nas-series-a-e-b-de-2017/

Série B 2017 registra menor número de gols na história dos pontos corridos

José Eduardo

Em meio a uma série de discussões sobre o nível do futebol brasileiro pós 7 a 1, com grau técnico baixo, desprezo pela posse de bola e abuso no número de cruzamentos, a Série B 2017 registrou mais um número negativo: o menor número de gols desde que o formato de pontos corridos foi implantado, em 2006.

Ao todo, foram 820 gols, muito abaixo da segunda menor marca, 894, registrada no ano passado. E a queda no número de gols vem acontecendo gradualmente com o passar dos anos. De 2006 a 2012, em todos os campeonatos, as redes foram balançadas mais de mil vezes. De 2013 a 2017, esta marca não foi alcançada nenhuma vez.

Há de se levar em contar, ainda, que em todos os anos, de 2013 a 2017, houve a presença de uma das 12 equipes mais poderosas do país, (Palmeiras, Vasco, Botafogo, Vasco e Internacional, respectivamente) e, mesmo com muito mais investimento que os adversários, os clubes não conseguiram transformar renda em soberania e gols.

De todos estes clubes, apenas o Palmeiras, em 2013, atingiu a marca de melhor ataque da competição e sagrou-se campeão, enquanto o Botafogo, em 2015, conquistou o título mas com a segunda melhor marca de gols, atrás do Santa Cruz. Os outros times citados sequer levantaram a taça ou mesmo foram os melhores marcadores.

A quantidade de jogos terminados em 0 x 0 também impressiona. Ao todo, foram 46 partidas sem gols no torneio, o que corresponde a mais de 1,2 partidas sem gols por rodada. Para efeitos de comparação, até o início da 36ª rodada da Série A 2017, foram contabilizados 26 0 x 0, uma média de 0,72 partidas sem gols por rodada.

Como reflexo do baixo número de gols, o América-MG registrou a melhor defesa da história da Série B nos pontos corridos, com 25 gols sofridos, e o Internacional também superou todas as marcas anteriores e agora detém a segunda melhor marca, com 26 tentos sofridos.

Os números também mostram uma grande redução no número de gols feitos pelos melhores tanto pelos melhores ataques, quanto pelos artilheiros do campeonato. Confira o desempenho, ano a ano, dos ataques da série B e as principais equipes artilheiras:

2006 – 1088 gols – Melhor ataque: Paulista, com 72 gols. Campeão, o Atlético-MG ficou em segundo no critério, com 70 gols. Artilheiro: Vanderlei (Gama), 21 gols.

2007 – 1097 gols – Melhor ataque: Vitória, com 68 gols. Artilheiro: Alessandro (Ipatinga), 25 gols.

2008 – 1069 gols – Melhor ataque: Corinthians, 79 gols. Artilheiro: Túlio Maravilha (Vila Nova), 24 gols.

2009 – 1056 gols – Melhor ataque: Atlético-GO, 73 gols. Campeão, o Vasco, ficou apenas em quarto no critério, com 58 gols. Artilheiros: Élton (Vasco), Marcelo Nicácio (Fortaleza) e Rafael Coelho (Figueirense), 17 gols.

2010 – 1047 gols – Melhor ataque: Coritiba, 69 gols. Artilheiro: Alessandro (Ipatinga), 21 gols.

2011 – 1012 gols – Melhor ataque: Portuguesa, com 82 gols. Artilheiro: Kieza (Náutico), 21 gols

2012 – 1055 gols – Melhor ataque: Criciúma, com 78 gols, 3 a mais que o campeão Goiás. Artilheiro: Zé Carlos (Criciúma), 27 gols.

2013 – 998 gols – Melhor ataque: Palmeiras, com 71 gols. Artilheiro: Bruno Rangel (Chapecoense), 31 gols.

2014 – 924 gols – Melhor ataque: Ponte Preta, com 61 gols. O Vasco terminou o campeonato em terceiro e apenas com o nono melhor ataque, com 50 gols. Artilheiro: Magno Alves (Ceará), 18 gols.

2015 – 925 gols – Melhor ataque: Santa Cruz, com 63 gols. Campeão, o Botafogo ficou em segundo no critério, com 3 gols a menos que o Tricolor do Arruda. Artilheiro: Zé Carlos (CRB), 19 gols.

2016 – 894 gols – Melhor ataque: Atlético-GO, com 60 gols. O Vasco terminou o campeonato em terceiro e com apenas o quarto melhor ataque, com 54 gols. Artilheiro: Bill (Ceará), 15 gols.

2017 – 820 gols – Melhor ataque: Londrina, com 56 gols. O Internacional terminou o campeonato em segundo e com o segundo melhor ataque, com 54 gols. Artilheiros: Bérgson (Paysandu) e Mazinho (Oeste), 16 gols.

A culpa é nossa

Por Lucas de Moraes

Em uma das coletivas de imprensa dessa semana, Dunga e Daniel Alves enumeraram alguns causadores do mau futebol apresentado pela seleção brasileira: pressão exagerada por parte da torcida, que está descontente com a atual situação de seu país (segundo o jogador e o técnico), resquícios do famigerado “7 a 1” e falta de identificação da torcida com alguns jogadores que construíram sua carreira fora do Brasil. Os dois só esqueceram os principais culpados pelos fracassos da seleção ocorridos nesses últimos anos: o técnico, a CBF e os jogadores.

Lembremos que, quando a seleção de 1982, conhecida como melhor Seleção Brasileira de todos os tempos, enfeitiçou todos com seu futebol encantador e com seu futebol arte, a ditadura militar ainda estava vigente no país e nem por isso sofreu com enorme pressão. Além do mais, não tinha como ficar insatisfeito com aquele time que estava jogando incrivelmente bem. Portanto, Daniel Alves, é melhor pensar em melhorar o futebol apresentado do que ficar citando os obstáculos existentes. Só pra lembrar, Daniel Alves é o único jogador do atual elenco que estava na ÚNICA derrota para a Venezuela na história da Seleção. Ah, e Dunga era o treinador.

“Essa conta não é nossa, mas estamos aqui e temos de pagá-la e tentar encontrar uma forma de solucionar isso.” Dunga na coletiva do dia 12 de Outubro.

Dunga, a culpa é de vocês também. Mesmo você não tendo participado da Copa do Mundo de 2014, passou por aqui antes e não ajudou muito. Alguns jogadores do seu atual elenco participaram daquele triste episódio, como, por exemplo, o Daniel Alves. Mas tudo bem, querem arrumar outros culpados, certo? A culpa é da imprensa que apenas visa resultados e esquece que é preciso sempre melhorar. A culpa é da CBF que acha que trazer um treinador que já obteve sucesso antigamente, seja como treinador ou jogador, vai dar certo. A culpa é dos brasileiros, que valorizaram os “bons” números da primeira experiência de Dunga como técnico. A culpa é dos times brasileiros, que não têm planejamento algum durante uma temporada e demitem e contratam treinadores quando estão afim. Todos temos culpa no fiasco da Amarelinha. Lembrem da culpa de todos mesmo, só não esqueçam de apontar o dedo para os principais culpados: vocês.