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Guia do Brasileirão Subindo a Linha – Parte 3

José Eduardo

Os times de hoje são Fluminense, Flamengo, Cruzeiro, Sport e Grêmio. Os times devem integrar a lista dos coadjuvantes da parte de cima da tabela. Vai ser difícil tirar pontos deles, mas não impossível.

Fluminense
Fred
(O ídolo Fred terá de comandar a meninada do Flu rumo ao topo)

Ponto forte: Fred
Ponto fraco: Dinheiro, ou falta dele
Fique de olho: Gerson
Time base: Diego Cavallieri, Renato, Gum, Antônio Carlos, Giovanni, Edson, Jean, Wagner, Gerson, Vinicius, Fred

Outro clube que viveu um início de temporada terrível por motivos financeiros foi o Fluminense. O tricolor encerrou uma parceria de 15 anos com a patrocinadora Unimed, principal aliada do clube para trazer jogadores.

Sem a Unimed, o Nense teve de vender grande parte do seu Time de Guerreiros. Conca, Sóbis, Chiquinho, Bruno, Valencia, Cícero e Walter deixaram o clube que encontrou dificuldades para contratar jogadores bons e baratos.

Uma dessas boas contratações foi Vinicius. O jogador ex-Náutico se encaixou bem no meio-de-campo. Unindo os ídolos restantes, como Cavallieri, Gum e Fred, com jogadores da base, o Flu, que poderia ser apontado como possível rebaixado no início do ano, busca a parte de cima da tabela.

O jovem Gerson é a promessa do clube. O jogador já está sendo procurado por Juventus e Barcelona e, se ficar pode ajudar bastante o time das Laranjeiras.

Palpite: MEIO DA TABELA

Grêmio
Roger
(Roger tenta repetir o sucesso que teve como jogador, agora no banco)

Ponto forte: Roger Machado
Ponto fraco: Banco de Reservas
Fique de olho: Luan
Time base: Marcelo Grohe, Rhodolfo, Pedro Geromel, Marcelo Oliveira, Walace (Fellipe Bastos), Maicon, Luan (Douglas), Giuliano, Pedro Rocha, Yuri Mamute

O tricolor gaúcho perdeu as principais peças para a temporada. Com a política de reduzir a folha de pagamento, o Grêmio negociou Barcos, Marcelo Moreno, Kléber (que estava afastado), Matias Rodríguez, Riveros, Werley, Bressan, Zé Roberto, Pará e Dudu.

A missão do ex-técnico Luiz Felipe Scolari era quase impossível. E o comandante do 7 a 1 fez jus ao passado recente. Abandonou o time e foi ao vestiário com a bola ainda rolando, contra o Veranópolis, pelo campeonato gaúcho, perdeu a decisão para o Inter e foi demitido.

Mas a chegada de Roger, campeão da Libertadores 1995 com o clube, deu ânimo o Imortal.
Considerando as limitações do time, Roger conseguiu incentivar os jogadores da base que, com velocidade, fazem do ataque sempre morno do Grêmio uma boa opção.

A zaga se manteve como no ano anterior. Sólida e difícil de ser penetrada.

O jovem Luan é quem controla as saídas de bola e criação do Grêmio, com ajuda do ex-colorado Giuliano. O experiente Douglas, com Roger, acabou sacado dos 11 titulares mas ainda é uma boa opção.

Mas a falta de cancha e rodagem dos jogadores pode pesar em jogos fora da Arena (confesso que havia escrito Olímpico e corrigi. Saudades!)

Palpite: MEIO DA TABELA

Sport
Leão
(O rugido do leão cada vez mais alto)

Ponto forte: Eduardo Baptista
Ponto fraco: Banco de Reservas
Fique de olho: Diego Souza
Time base: Magrão (Danilo Fernandes), Samuel Xavier, Matheus Ferraz, Durval, Renê, Rithely, Wendel, Diego Souza, Élber(Neto Moura), Maikon Leite, Mike

Único representante do Nordeste na Série A, o Sport tem que estar confiante. A diretoria agiu com profissionalismo invejável e entra na competição empolgando o Brasil.

O primeiro acerto foi a manutenção do técnico Eduardo Baptista. O comandante entra na sua segunda temporada à frente do Leão com o sentimento de que se pode fazer história.

O Leão iniciou a temporada avassalando o Campeonato Pernambucano. O terceiro lugar após a final com o Salgueiro esconde a campanha do time na primeira fase (ou segundo turno, onde os times que disputam a Copa do Nordeste entram). Foram 10 jogos, com 8 vitórias, duas delas contra o Náutico e uma goleada pra cima do Santa Cruz.

Na Copa do Nordeste, o time chegou às semifinais, sendo eliminado pelo Bahia na Fonte Nova.

Mas no Campeonato Brasileiro, o time entra na 7ª rodada invicto e com um grande futebol. Diego Souza chama a responsabilidade e a experiência de Durval e Wendel segura a defesa.
A nota triste é a negociação do jovem Joelinton para o Hoffenheim, da Alemanha. Por isso, o Leão não chegará ao g4 mas fará uma excelente campanha, representando muito bem o Nordeste

Palpite: VAI DAR TRABALHO

Flamengo
Shiek
(Sheik volta para tentar, novamente, fazer história)

Ponto forte: Guerrero
Ponto fraco: Defesa
Fique de olho: Alan Patrick
Time base: Paulo Victor, Pará (Luiz Antônio), Wallace, Samir, Armero, Jonas, Márcio Araújo, Canteros, Alan Patrick (Gabriel), Emerson (Eduardo da Silva), Guerrero (Marcelo Cirino)

As contratações neste meio de ano elevaram o Flamengo de um possível rebaixado para um time que busca o topo.

O Fla iniciou a temporada criticado por ter contratado apenas Jonas e Marcelo Cirino para reforçar o time que passou dificuldades na temporada passada.

No Carioca, não convenceu. Chegou às semifinais mas foi eliminado pelo Vasco. Mas a diretoria, que vem fazendo um bom trabalho de re-estruturação financeira, resolveu abrir os cofres e contratar os herói da Libertadores do Corinthians – Sheik – e do mundial do Timão – Guerrero. Além deles, Alan Patrick promete dar um jeito no meio campo flamenguista que sofre dificuldades para criar jogadas.

O problema é que o trio deve demorar a estrear. Até lá, a maior torcida do mundo deve ficar preocupada com os gols bobos que o time vem sofrendo e com a falta de tentos marcados.

Se o time der liga, empolga. Se não, problemas à vista. Mas a lógica é o time demorar para entrosar mas ganhar respeito e pontos ao longo do campeonato.

Palpite: VAI DAR TRABALHO

Cruzeiro
Fábio
(O bicampeão brasileiro é passado)

Ponto forte: Retrospecto
Ponto fraco: Diretoria Amadora
Fique de olho: De Arrascaeta
Time base: Fábio, Mayke, Manoel (Dedé), Bruno Rodrigo, Mena (Fabrício), Henrique, Willians, Arrascaeta(Alisson), Marquinhos, Willian, Leandro Damião

O atual bicampeão brasileiro entra com o moral baixo no Brasileirão. Após ver a diretoria vender 5 titulares do bicampeonato e mais os principais reservas, e dispensar o técnico Marcelo Oliveira, o Cruzeiro busca fazer um papel digno na edição deste ano.

O destaque vai para o jovem de Arrascaeta, que, com apenas 20 anos, é o destaque das contratações, ao lado de Leandro Damião.

Outro ponto positivo foi o fim do tabu de 11 jogos sem vencer o rival, que foi findado na última rodada, em pleno Horto.

A vida do Cruzeiro será complicada neste campeonato, já que de Arrascaeta desfalca o Cruzeiro para vestir outro manto celeste, o do Uruguai pela Copa América.

Sem o craque, o recém-chegado Vanderlei Luxemburgo terá de quebrar a cabeça para montar o time.

O treinador campeão da tríplice coroa em 2003 com o clube já conseguiu 2 vitórias nas duas primeiras rodadas. Mas o trabalho será de recuperação, na tabela e do ego do time, acostumado com o topo.

Palpite: BRIGA PELA LIBERTADORES

GRITA TORCEDOR: Malandragem, dá um tempo

André Porto

O tempo pode passar à vontade, mas enquanto crianças nascerem, crianças terão um templo sagrado para suas brincadeiras: a rua.

Tecnologias e Playstations à parte, do portão de casa para fora, as brincadeiras mantêm suas regras e todo o seu ritual. Tão normal quanto jogar bete, bola ou bolinha de gude é a vontade de ganhar e ser o dono da rua. Da mesma forma, o respeito por quem está ali com você também persiste, principalmente naquele momento em que a mãe chamou para tomar banho, para jantar ou porque o dedão do pé não está mais aguentando o ritmo.
Independentemente do motivo, é o momento que se precisa “pedir altas”. Todos os outros participantes daquele espetáculo das ruas estão de acordo, sabendo que o jogo voltará em breve e a vida seguirá tranquilamente.

Não posso garantir, mas desconfio que o Fair Play, tão falado ultimamente pela imprensa esportiva, teve origem em alguma rua por aí, com golzinhos feitos de chinelo. Não há gesto mais nobre durante uma partida de futebol do que se abrir mão de uma posse de bola em virtude do bem-estar físico do adversário. Lesionou, pediu altas, bola para fora.

O problema é que isso não é uma regra. E nem precisou ser para ter exceções. Sendo um simples acordo de bom convívio entre os jogadores, o Fair Play entraria em campo sempre com uma justa causa. Seria assim, mas não é, muito por causa da malandragem boleira, que atualmente está mais presente nas nossas arenas futebolísticas que capuccinos. Todos ali sabem que ainda não é exigido um diploma de medicina para estar em um estádio. Forjar uma contusão quando se convém é burlar o Fair Play. É um recurso (desonesto) para fazer o ponteiro do relógio correr mais rápido e a vitória do seu time não fugir pelas mãos. Mas acaba sendo também o reflexo da mediocridade que insiste em aparecer no futebol, revelando cada vez mais a cultura do um a zero.

Infelizmente, o jogo bem jogado acaba valendo menos que 3 pontos, e por isso, perde a prioridade. A desconfiança reina onde os diagnósticos não estão. O juiz é dono da ordem, mas não pode querer ser doutor e interferir no prosseguimento da partida, se a bola está em jogo.

Indo mais a fundo, é um reflexo até da hipocrisia da sociedade que exige honestidade de todos, enquanto fura fila no supermercado. A devolução da bola ao adversário vem sempre acompanhada de um asterisco, que representa a situação de vitória ou derrota do seu time naquele momento do jogo. Algo que nasceu nobre acaba banal nas mãos dos malandros.

No último domingo, no Maracanã, tivemos um exemplo do dilema que o Fair Play acaba causando. Já no fim da partida, Élber, do Sport, vai ao chão sentindo muito, enquanto a bola está em jogo e, logo na sequência, nas mãos do goleiro pernambucano. Vendo seu companheiro estirado no gramado e sentindo dores dignas de um parto, o goleiro pernambucano põe a bola para fora e coloca o Flamengo na posição de decidir se segue ou não o Fair Play. Simultaneamente à viagem da bola para fora das 4 linhas, Élber se levanta, pronto para defender o 2×1 que o gol dele tinha colocado no placar, favorecendo o Sport. Ao cobrar o lateral, os flamenguistas acabam não se abalando por estarem presentes in loco a um milagre da medicina, não devolvem a bola e vão em busca do gol de empate, que logo aparece. O apito final decretou o 2×2 e a certeza por parte do Sport de que o juiz e o mau-caratismo carioca tinham sido os responsáveis pela perda de 2 pontos.

O fato é que nunca saberemos a veracidade das câimbras. E mais: o goleiro do Sport colocaria a bola para fora, caso estivessem perdendo? Élber sentiria câimbras, caso o placar não fosse favorável a eles? Teremos que exigir habilidades médicas de cada um dos 22 que entram em campo? Ou só a percepção de que um gesto tão humano com os companheiros de profissão merece um pouco mais de respeito é suficiente?

Uma discussão que não tem certos nem errados, e muito menos um fim em curto prazo. Enquanto isso, veremos lesões gravíssimas a todo instante, com uma dor mais forte que choque de pilha, fazendo de uma partida de futebol um palco de teatro recheado de atuações magníficas e muita malandragem.

Rivaldo aprendendo com o Edmundo, na final da Copa de 98, que o Fair Play tem seus momentos

Na Holanda, o Fair Play fez um golaço