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A culpa é nossa

Por Lucas de Moraes

Em uma das coletivas de imprensa dessa semana, Dunga e Daniel Alves enumeraram alguns causadores do mau futebol apresentado pela seleção brasileira: pressão exagerada por parte da torcida, que está descontente com a atual situação de seu país (segundo o jogador e o técnico), resquícios do famigerado “7 a 1” e falta de identificação da torcida com alguns jogadores que construíram sua carreira fora do Brasil. Os dois só esqueceram os principais culpados pelos fracassos da seleção ocorridos nesses últimos anos: o técnico, a CBF e os jogadores.

Lembremos que, quando a seleção de 1982, conhecida como melhor Seleção Brasileira de todos os tempos, enfeitiçou todos com seu futebol encantador e com seu futebol arte, a ditadura militar ainda estava vigente no país e nem por isso sofreu com enorme pressão. Além do mais, não tinha como ficar insatisfeito com aquele time que estava jogando incrivelmente bem. Portanto, Daniel Alves, é melhor pensar em melhorar o futebol apresentado do que ficar citando os obstáculos existentes. Só pra lembrar, Daniel Alves é o único jogador do atual elenco que estava na ÚNICA derrota para a Venezuela na história da Seleção. Ah, e Dunga era o treinador.

“Essa conta não é nossa, mas estamos aqui e temos de pagá-la e tentar encontrar uma forma de solucionar isso.” Dunga na coletiva do dia 12 de Outubro.

Dunga, a culpa é de vocês também. Mesmo você não tendo participado da Copa do Mundo de 2014, passou por aqui antes e não ajudou muito. Alguns jogadores do seu atual elenco participaram daquele triste episódio, como, por exemplo, o Daniel Alves. Mas tudo bem, querem arrumar outros culpados, certo? A culpa é da imprensa que apenas visa resultados e esquece que é preciso sempre melhorar. A culpa é da CBF que acha que trazer um treinador que já obteve sucesso antigamente, seja como treinador ou jogador, vai dar certo. A culpa é dos brasileiros, que valorizaram os “bons” números da primeira experiência de Dunga como técnico. A culpa é dos times brasileiros, que não têm planejamento algum durante uma temporada e demitem e contratam treinadores quando estão afim. Todos temos culpa no fiasco da Amarelinha. Lembrem da culpa de todos mesmo, só não esqueçam de apontar o dedo para os principais culpados: vocês.

A Seleção joga hoje

Por Vinicius Prado Januzzi

 

Hoje começam as eliminatórias da Copa do Mundo de 2018. Daqui até o Mundial da Rússia serão 18 rodadas para decidir quem serão os times que preencherão as 4 vagas diretas destinadas às seleções sul-americanas, além da vaga adicional possível ao quinto colocado por meio da repescagem.

O formato já é conhecido de todos nós. 10 equipes se enfrentam em dois turnos, com o saldo final de 18 rodadas e classificação determinada por pontos corridos. Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela, filiados à Conmebol, são os concorrentes.

Não são, no entanto, só essas as informações que nos interessam. Acima de tudo, a nós, que acompanhamos o futebol dia a dia e mesmo nós que não o vemos quase nunca, interessa uma Seleção Brasileira hegemônica e que seja farol tático e técnico para as demais. Tudo que nesse momento, infelizmente, não pode nos ser oferecido.

Com Dunga, imagino ser difícil, senão impossível, não nos classificarmos para a Copa do Mundo. O jogo do treinador brasileiro é focado e extremamente competitivo. Em curto prazo. Desde que estreou novamente na equipe, o time não perdeu e, em geral, portou-se bem. Dunga pensa partida a partida como se fossem as derradeiras para o time. Arrisca-se pouco e monta taticamente o Brasil de forma conservadora, fortalecendo a defesa e valorizando o contra-ataque como principal recurso ofensivo.

Essa estratégia não é necessariamente ruim. Existem times e times, modos e modos de jogar. Por mais que sejamos quase todos esperançosos de ver equipes brilhantes, que deem mais valor ao talento que à botina, mais liberdade ao drible que ao ferrolho defensivo, é preciso reconhecer que, no mais das vezes, times bem postados e não necessariamente brilhantes conseguem alguns resultados.

Dito isso, acredito fielmente na capacidade de Dunga em comandar o time para a classificação. Entretanto, a um custo enorme, o custo da fuga para frente. Que o Brasil pode ganhar todos os jogos há poucas dúvidas. Que podemos nos sobrepor à boa parte dos adversários há mais questionamentos, ainda que esse seja mais ou menos o desenrolar das coisas. Isso tudo com um jogo de extrema marcação, reforçada pela velocidade de meias e atacantes e pela habilidade descomunal de Neymar.

Não fica daí nenhuma lição para o futebol brasileiro. Em geral, argumenta-se, Dunga entre eles, que no Brasil a expectativa por vitórias é maior do que a de bons jogos e inovações futebolísticas. Esquecemos todos que não são, entretanto, escolhas mutuamente excludentes e que é possível ao Brasil, com os jogadores que tem, fazer muito bem todas essas coisas. Sem exceção.

Convocar Kaká, Ricardo Oliveira e Elias certamente não contribui muito nesse sentido para que possamos evoluir em termos técnicos e para que possamos construir domínio em relação ao futebol mundial. Ambos são ótimos jogadores, mas nesse momento pouco acrescentam. Pelas suas idades, dificilmente estarão na Copa; podem ser substituídos tranquilamente por outros jogadores de igual ou maior potencial, de igual ou maior experiência em termos de participação em campeonatos fortes e em clubes de grande porte. Que o Brasil precisa mesclar novos talentos com outros mais consolidados, é inegável, o que não significa fazer da idade sinônimo único de maturidade e, sobretudo, fazer da experiência o artífice principal para a construção de uma equipe.

Desde a Copa de 2006 até à última, o discurso mais ou menos corrente é esse, no fim das contas. Precisamos de jogadores tarimbados (maior jargão do futebol impossível) para enfrentar as grandes seleções do mundo; a geração é boa, mas nem se compara às de outrora. Concordo em gênero, mas não em número e grau. O argumento da qualidade individual e das cicatrizes da vida é válido até determinado ponto. No nosso caso, porém, serve brilhantemente para ocultar seleções arrogantes, treinadas arcaicamente e sem perspectivas que não as mais simplórias e perdedoras em longo prazo no futebol.

Na Copa da Alemanha, não foi a bagunça que eram os treinamentos que mais nos prejudicou. Em 2010, não foi o ferrolho contra-midiático tampouco a lesão de Elano que nos custou a derrota contra a Holanda. Em 2014, não foi um só jogo ruim que fizemos nem poucos lances que definiram a catástrofe no Mineirão no inesquecível 8 de Julho de 2014, dia internacional da chacota. Em todas essas oportunidades, o que faltou mesmo ao Brasil foi propor o jogo, armar-se técnica e taticamente de modo ofensivo e organizado, com aproveitamento consciente tanto das incontestáveis capacidades de marcação de nossos jogadores quando da habilidade fora do comum da maioria dos selecionados.

A meu ver, sabendo o quanto tal argumento pode soar herege, os jogadores brasileiros não são piores que os da Alemanha e que os da Espanha, últimos campeões mundiais. Não somos piores que a Argentina, a Holanda e a França. Não somos, entretanto, melhores que México, Chile, Inglaterra e Portugal, guardadas as devidas peculiaridades de cada seleção e as diferenças de qualidade entre elas. Individualmente, peça por peça, estamos bem servidos, obrigado.

Falta mesmo ao Brasil um time que ouse organizadamente, imponha-se com estratégia e habilidade. Não acho que jogar para frente tenha efeitos positivos imediatos, como que por relação unívoca de causalidade. Agora, pensando na organização brasileira em relação ao futebol, no legado de anos e décadas e no processo de formação de jogadores, jogar como joga atualmente a seleção é um pecado esportivo e político dos mais cruéis. Infelizmente.

Sugiro aqui, como parte do que afirmo, que assistam à final da Copa do Mundo de 1958, entre Brasil e Suécia (https://www.youtube.com/watch?v=kjWe7ATSjPU). O Brasil contava com Pelé, Gilmar Santos, Garrincha, Zagallo, Djalma Santos, Vavá e outros colossos de nosso futebol. Ainda assim, engana-se que só vencemos aquela Copa por esses talentos extraordinários. O modo pelo qual a equipe jogou naquele 29 de junho em Estocolmo, agressivo coletivamente, com participação direta de todos os jogadores na marcação e no ataque, foi o mais decisivo. Fosse o Brasil só um misto descompassado de grandes talentos talvez tivesse tido pior sorte. Assim fomos em 2006, em menor medida em 2014 e em bem menor medida em 2010.

O Brasil está, enfim, entre os mais bem servidos do mundo em relação aos jogadores que podem vestir a camisa de seleção principal. Não somos a Súecia de Ibrahimovic, o País de Gales de Bale ou o Peru de Guerrero. Temos talentos aos montes, tristemente direcionados ao jogo feio e não propositivo, ao vigor defensivo de Felipão e Cia e não à volúpia de Guardiola e Sampaoli. Somos uma equipe uniformemente habilidosa, com a exceção de Neymar e uniformemente treinada para a vitória acima de tudo, contra todos e contra ninguém e, principalmente, contra si mesma.

Testa mais, Dunga!

Por Pedro Abelin

“A pergunta que nos fazemos é se usamos uma equipe para ganhar ou para observar e experimentar”. Esta frase, dita por Dunga em entrevista coletiva nos Estados Unidos, sintetiza o discurso do Técnico General da Seleção Brasileira. Aparentemengte, na visão de Dunga, vencer e experimentar são valores mutuamente excludentes. E essa mentalidade pode custar muito para o futebol brasileiro.

Existe uma ideia bastante difundida pela própria mídia esportiva de que a atual geração de jogadores brasileiros é ruim. Esse discurso, além de não ser coerente com a realidade do futebol mundial, se tornou escudo para os recentes péssimos trabalhos realizados com a Seleção Brasileira principal. Tudo bem, todos concordamos que a nossa geração não é tão recheada de craques como outras que passaram. Mas basta olhar o protagonismo de jogadores brasileiros na janela de transferências do futebol europeu para perceber que a nossa geração não está aquém da maior parte dos centros do futebol mundial.  Depois das últimas desastrosas campanhas da Seleção Brasileira, esse é o momento de fazer o maior número de testes possíveis, utilizando principalmente jogadores novos. É a hora de fazer testes e se preocupar menos com o resultado. Convenhamos, será que uma vitória sobre a Costa Rica se faz tão imprescindível para o futuro do futebol brasileiro?

“Temos uma obrigação enorme que é ganhar. Por mais que todo mundo fale que temos que observar, jogar, montar uma equipe… Isso é muito de comentário. Quando se coloca em prática, as pessoas querem resultado e cobram por resultado”

Sou daqueles que acredita que o mais importante para a Seleção Brasileira é ter um time forte em 2018, na próxima Copa do Mundo. Sendo assim, jogos amistosos – e competições como a Copa América – devem ser utilizados como laboratório. Me perdoem, mas Kaká e Elias, jogadores que já ultrapassaram a barreira dos 30 anos, não deveriam fazer parte da seleção porque não terão condições de jogar a próxima Copa. Confesso que poderei ser acusado de ter uma postura um tanto quanto irresponsável. “Kaká veio para dar experiência e tranquilizar a garotada”, dirão alguns. Embora eu entenda o discurso, não acho que experiência é o que esteja faltando para essa garotada – que joga nos principais clubes do futebol mundial. Como já abordado exaustivamente nesse blog, os problemas do futebol brasileiro são bem mais profundos.

Dunga, caso venha a ler esse post, considere o que estou dizendo. Teste Lucas Lima, Lucas Silva, Casemiro, Felipe Anderson e Philipe Coutinho. Teste o time sem centro-avante, sem volante, mude as posições dos jogadores! Se preocupe menos em vencer e pense mais a longo prazo. Tente fazer o time jogar bonito primeiro. Quem sabe em 2018 não possamos ter uma equipe forte e que apresente um futebol vistoso? Eu sei que você disse que o brasileiro quer a vitória e cobra por ela e que isso o pressiona a jogar pelo resultado. Não se preocupe, depois do 7 a 1 nem estamos mais exigindo que o Brasil já tenha um time tão forte quanto o da Alemanha. Pelo menos não ainda. Aproveite esse período em que a torcida brasileira está anestesiada – para não dizer desiludida – e faça todas os ensaios possíveis com a Seleção Brasileira. Na atual conjuntura, precisamos de soluções mais ousadas e menos pragmáticas. Testa mais, Dunga!

Obs: O texto veio em tom de desabafo. Não acredito que Dunga irá mudar sua filosofia.

Depois da tempestade vem a… outra tempestade!

Raphael Felice

7×1! Há um ano a Seleção Brasileira sofria a sua maior derrota da sua história e em solo nacional. O baque, a tristeza e a sensação de incredulidade ao ver o passeio alemão ao término da partida, fez o mundo se virar para o Brasil com olhar de chacota. Inclusive nós brasileiros, até porque, a melhor forma de lidar com a desgraça é rir dela.

Mas rir é uma coisa e ignorar é outra completamente diferente. A gente não esquece, mas os cartolas que constituem a Confederação Brasileira de Futebol devem ter esquecido. O 7×1, antes motivo de piada já não tem mais graça para os brasileiros. Não pelas más lembranças do fatídico dia 8 de julho de 2014, mas sim por não estar acontecendo nenhuma mudança na estrutura do futebol brasileiro.

O desânimo, começou quando Dunga foi escolhido, novamente como técnico da Amarelinha. A esperança de que fossem cumpridas as promessas de renovação, de reestruturação no ANTIGO país do futebol foram imediatamente destruídas.

Desde 1994, como treinador ou auxiliar, nós vemos os mesmos nomes: Parreira, Zagallo, Felipão e Dunga (além de Mano Menezes). Os profissionais que aceitam qualquer tipo de recomendação e ordem da CBF, que não batem e compactuam com a sujeira feita pela confederação. Sempre foi muito estranho que os melhores técnicos em atividade no futebol brasileiro nunca eram chamados para treinar a Seleção e quando eram chamados, não tinham o tempo necessário para exercer seu trabalho, como aconteceu com Luxemburgo e Mano Menezes mais recentemente.

Muricy Ramalho e Tite eram tidos como certeza para assumir o cargo, mas foram preteridos pelos ultrapassados Luiz Felipe Scolari e Dunga. Isso, sem contar a negativa da contratação de Pep Guardiola, que chegou a se oferecer e dizer que queria fazer o Brasil campeão do mundo.

E ao lembrar de toda essa tragédia e sucessão de erros, as únicas mudanças do futebol brasileiro foram: Entrar em campo com tapete vermelho, as equipes entrarem juntas no gramado, tocar o hino nacional antes do início de todas as partidas e orientar aos árbitros a distribuírem cartões por quaisquer interpelações feitas pelos jogadores, por mais educadas e amistosas que elas sejam. Nem mesmo a prisão de José Maria Marín diminuiu o ímpeto dos déspotas da bola, que tentam de todo o jeito, brecar algumas das tentativas do Bom Senso FC de melhorar o futebol.

7×1 realmente deve ter sido pouco. Quem sabe quando passarmos por um vexame maior, quando outra seleção alcançar o Brasil no nosso tão bradado pentacampeonato, seja o que falta para a profissionalização do futebol brasileiro, para que enfim, voltemos a ser o País do Futebol.

Não somos os melhores

Pedro Abelin

7 a 1. Em plena semi-final de Copa do Mundo. Dentro de casa. A maior derrota da história do futebol brasileiro faz um ano hoje. Embora vexatória e extremamente dolorosa, a derrota poderia ter servido de lição para o futebol brasileiro, mas não foi isso que ocorreu. Após uma temporada da goleada histórica, o futebol brasileiro vive seu período de maior questionamento, pautado por perspectivas extremamente pessimistas. Será que ainda somos o país do futebol? A amarelinha ainda faz os adversários tremerem? O jogador brasileiro é diferenciado? A resposta para todas essas perguntas é não.

Embora surpreendente pelo resultado elástico, a derrota em si para a Alemanha foi coerente com o futebol apresentado ao longo da competição por cada seleção. O Brasil possuía um péssimo time, extremamente mal treinado por um técnico completamente obsoleto. Foram raros os momentos daquela Copa em que a Seleção Brasileira conseguiu apresentar um futebol minimamente decente. E vou além, acredito que a única partida convincente realizada pela seleção de Felipão foi na final da Copa das Confederações, em 2013, quando o Brasil passou por cima de uma desinteressada Espanha. Uma seleção brasileira que se apoiava excessivamente em fazer faltas, que possuía um meio de campo nulo, que não trocava passes e parecia um latifúndio improdutivo. Além disso, a equipe abusava do recurso das jogadas aéreas e tinha como principal “arma” a ligação direta da zaga ao ataque, normalmente David Luiz lançando Neymar. Sim, essa era a Seleção Brasileira pentacampeã jogando em casa uma Copa do Mundo.

Além da horrorosa equipe montada por Felipão, outros fatores explicam o desastre. A soberba e o autoritarismo do discurso da “mistica amarelinha” talvez sejam os principais responsáveis. Antes da Copa do Mundo, dirigentes da CBF e membros da comissão técnica brasileira frequentemente declaravam que o Brasil triunfaria na Copa por ser simplesmente o Brasil, o país do futebol. Parreira e jogadores também afirmaram existir uma hierarquia no futebol, em que o Brasil estava no topo e que precisava ser respeitado. O mesmo Parreira declarou que o Brasil estava com a mão na Taça. Marin, Felipão, Rodrigo Paiva (Assessor de Imprensa da CBF), e toda a comissão técnica representavam o autoritarismo e o discurso ufanista que permeava aquela seleção. Não existia espaço para questionamentos antes e durante aquela Copa. Os jornalistas e torcedores que apresentavam críticas – justas – àquele time eram desrespeitosamente repudiados pelo técnico Scolari. O mesmo declarou que entrou com uma formação inesperada contra a Alemanha apenas para contrariar os jornalistas.

Diego Costa, brasileiro que preferiu defender a seleção espanhola foi tratado como traidor da pátria. Esses são apenas alguns dos casos, mas foram inúmeras as declarações de Felipão, Marin e outros amigos da CBF que fomentaram um clima tenso: “Ou você apoia o projeto do hexa, sem questionar muito, ou você não é brasileiro e torce contra”. E grande parte da torcida comprou esse discurso. Futebol era guerra e tudo valia para conseguir o título. Quem não lembra do lamentável episódio em que a torcida brasileira vaiou o hino chileno no Mineirão? O resultado disso foi uma grande desqualificação do debate do futebol brasileiro. E esse discurso autoritário de classificar como inimigos da pátria quem não apoia determinado projeto está muito presente no cenário de determinadas mobilizações políticas da sociedade civil…

Após a eliminação, como era esperado, nenhuma mea culpa por parte da comissão técnica, muito pelo contrário. Felipão e seus asseclas falaram em “apagão”, fomentaram o discurso do “acaso” e até hoje dizem que se o Brasil tivesse aproveitado suas chances de gol, o jogo poderia ter sido outro. O mais grave nesse tipo de pensamento é perceber que eles realmente acreditam nisso. Depois do fiasco, quando a CBF deveria olhar pra frente para pensar em novas soluções para nosso futebol, ela olhou para trás. Anunciaram um aliado político como novo velho técnico da seleção, e nada foi feito para mudar essa situação, como vocês bem sabem. Como dizem os comentaristas, pior do que o 7 a 1, foi saber que nada foi feito depois do 7 a 1. O que fazer agora? Ninguém tem a solução para o futebol nacional, mas sabemos que alguns passos precisam ser dados. E o primeiro deles é reconhecer que não somos melhores que as outras seleções.

Não acredito, contudo, que os clubes, as federações e a CBF estejam se movimentando pela melhoria do futebol nacional. Não adianta trocarmos as peças, precisamos de uma reforma profunda e estrutural de todo o futebol brasileiro. Precisamos de mudanças nas categorias de bases, no poder das federações e na própria concepção de futebol. Precisamos de mudanças nos direitos de transmissão, nos preços dos ingressos e na relação dos clubes com seus torcedores. E não nos esqueçamos da realidade ainda mais precária do futebol feminino nacional, que é deixado completamente de fora das discussões epistemológicas do futebol brasileiro.

No entanto, a CBF finalmente decidiu discutir os rumos do futebol brasileiro e realizou a 1ª reunião do “Conselho de desenvolvimento estratégico do futebol brasileiro”, no Rio de Janeiro. Ótima notícia, não? Até você ver os convidados dessa reunião. Presentes na reunião: Zagallo, Parreira, Dunga, Sebastião Lazaroni, Falcão, Candinho, Carlos Alberto Silva e Ernesto Paulo. Felipão e Luxemburgo também foram convidados, mas não compareceram. E ainda pode piorar, pois na saída da reunião, Dunga chamou de “modismo” a ajuda de técnicos estrangeiros no futebol brasileiro, e afirmou que a solução deve ser interna. E assim caminha o país do futebol…

Uma desinteressante Seleção Brasileira

Pedro Abelin

Quarta-feira, 21h, o Brasil fazia seu segundo jogo na Copa América em partida contra a Colômbia. O confronto apresentava todos os ingredientes para ser um bom jogo: revanche da Copa do Mundo, estádio lotado e Neymar e James Rodríguez em campo. Ao contrário de épocas anteriores, contudo, minha percepção sobre o jogo era de pouca empolgação. Digo isso como mero recurso retórico, pois a verdadeira sensação que tinha era de certa indiferença sobre torcer para a seleção. E para ser bem sincero, indiferença é a palavra que traduz meu sentimento em relação à seleção brasileira nos últimos anos.  Confesso que assisti à peleja muito mais pela expectativa de ver grandes lances e belos gols do que para torcer por uma vitória do Brasil. Essa época de torcer por um triunfo brasileiro a qualquer custo já passou. Mas infelizmente, nosso ilustre treinador – e a nossa CBF – ainda pensam assim.

A atuação da seleção brasileira mais uma vez foi decepcionante. Mas esse não é o maior problema, afinal de contas meu próprio clube de coração teve atuações extremamente tediosas há algumas temporadas e meu sentimento por ele não se alterou nem um pouco. Mesmo que eu reconheça meu radicalismo associado à seleção, suspeito que parte do meu sentimento está presente na população brasileira. Lembro da época em que as ruas ficavam vazias no horário das partidas da seleção brasileira. Claro que a seleção ainda possui uma marca valiosa e grande mídia, mas tenho a impressão de que ela não mobiliza massas como já fez um dia.

O grande problema é que o diagnóstico que indica que as pessoas estão perdendo o interesse pela seleção ainda não foi feito pela CBF, e se foi feito, nada tem sido realizado para mudar o quadro. O Brasil faz mais jogos na Inglaterra do que em território nacional, tornando Londres a verdadeira casa do time brasileiro. Quando a seleção vem jogar no Brasil, os ingressos para acompanhar um time nada empolgante chegam a 600 reais. A equipe titular conta com jogadores desconhecidos do grande público, que foram embora muito cedo ou mesmo nunca jogaram profissionalmente por aqui. Além disso, os gigantescos escândalos de corrupção envolvendo a CBF e patrocinadores aceleram o processo de distanciamento e até rejeição da seleção brasileira.

E agora, Que Fazer?, diria um certo revolucionário russo. Para ser sincero, não tenho esperança de uma mudança estrutural no futebol brasileiro e nem sei a fórmula definitiva para recuperarmos a paixão pela seleção. Mas sei que é possível, sim, fazer com que a seleção brasileira seja mais atrativa para os torcedores. Que tal a seleção voltar a jogar mais frequentemente em seu território, e com preços de ingressos mais acessíveis (preços coerentes com o medíocre futebol da seleção)? Que tal nosso técnico propor uma equipe com um futebol um pouco mais vistoso? As questões são muitas, e pretendo em textos futuros tentar analisar a incompetência de Dunga e o quanto a sua mentalidade está associada com o processo de decadência do futebol brasileiro. No mais, não creio que o maior problema seja a derrota para a Colômbia, mesmo que o Brasil tenha feito uma péssima partida. Da mesma maneira que não me empolgo com títulos da Copa América e Copa das Confederações, também não acho que é o fim do mundo perder alguma dessas competições. O período para se fazer testes é agora, para em 2018 o Brasil ter um time coerente com sua história vencedora e de apresentações memoráveis. Porém, o que se vê é um técnico que quer a vitória acima de tudo, que não pensa a longo prazo e pouco preza por formar uma seleção pautada por um futebol ofensivo. Para Dunga, o importante são os números, mesmo que esses números não representem nada.

Confira quem foram os campeões nacionais neste primeiro semeste

José Eduardo

O Subindo a Linha traz uma lista com as principais equipes campeãs nacionais neste primeiro semestre. Veja:

Alemanha
Bayern Muenchen v VfB Stuttgart - Bundesliga

O Bayern de Munique foi campeão pela 25ª vez, tricampeão seguido e é o maior campeão alemão, bem distante do 2º com mais títulos, o Nurenberg, com apenas 9 conquistas.
A supremacia do time da Baviera também foi gritante dentro do campeonato. O Bayern terminou o campeonato com 10 pontos de diferença para o vice-campeão, Wolfsburg.

Áustria

Bayern-Munich-Bundesliga-champion

O Red Bull Salzburg conquistou seu sexto título da Bundesliga autríaca, o segundo consecutivo. Ainda com o nome Austria Salzburg, o time ainda conseguiu mais duas conquistas, totalizando 8 canecos. Com isso, o time de Salzburg da empresa de energéticos é a segunda maior vencedora da Áustria, ficando atrás apenas do Austria Viena

Bélgica
Gent

O Gent conquistou seu primeiro título belga da história, desbancando os gigantes Anderlecht, Brugge, Standard Liege e o quase homônimo Genk. A equipe da cidade homônima ao time já tem mais de 115 anos e só agora conseguiu a maior glória de sua história. Com a conquista, o Gent está há apenas 32 taças de alcançar o maior vencedor da Jupiler League, o Anderlecht, com 33 canecos.

Bolívia
Bolivar

Se na Bélgica, deu a surpresa, na Bolívia, deu a lógica. O Bolívar se sagrou bicampeão boliviano, totalizando 20 títulos na era profissional e 26 no total. O clube é o maior campeão boliviano, com 12 conquista a mais que o segundo colocado, seu rival The Strongest.

Bulgária
PFC Ludogorets players celebrate with a trophy at end of their Bulgarian Championship final soccer match against CSKA Sofia in Razgrad

O Ludogorets conquistou o tetracampeonato búlgaro. O detalhe é que a equipe não tinha nenhum título sequer antes do tetra. O time que esteve na última Champions League e fez um bom papel contra o Real Madrid agora está há 27 títulos atrás do maior campeão da Bulgária, o CSKA Sofia

Chile
Cobresal

No Chile, outro time conquistou o título inédito. Por lá, o modesto Cobresal se sagrou campeão ao bater as potências Universidades Católica e de Chile e o Colo Colo.
O Cobresal, assim como o Cobreloa, foi fundado por mineiros do norte chileno e quase foi desativado por problemas financeiros. Com uma folha salarial muito menor que a dos rivais, foi campeão em uma rodada pra lá de emocionante, onde venceu seu jogo de virada e viu seu principal rival ao título, a Universidad Católica, abrir 3 a 0 em casa e sofrer o empate nos minutos finais.

Chipre
Apoel

No Chipre, o time recheado de brasileiros venceu mais uma vez. O APOEL, dos canarinhos João Guilherme, Vinicius, Kaká, Vander Vieira e Guilherme Choco faturou o tricampeonato, totalizando 24 conquistas, abrindo 4 de vantagem para o segundo em títulos, o Omonia Nicósia

Colômbia

FINAL COPA POSTOBON

O Deportivo Cali encerrou o jejum de 10 anos sem ganhar o campeonato colombiano e conquistou seu nono título ao bater o Independiente Medellín na final da Liga Postobon. O time verde agora está atrás do Atlético Nacional, outro alviverde, com 14 conquistas, Millonarios, também com 14, e do arquirrival que está pela terceira vez seguida na segunda divisão, o América, com 13 taças.

Croácia
Zagreb

Se existe um campeonato mais desequilibrado que o croata, eu desconheço. O Dinamo Zagreb conquistou nada menos que seu decacampeonato. 10 anos seguidos de hegemonia do time da capital. Desde a independência da Croácia, a equipe conta com 17 conquistas em 24 oportunidades. O campeonato só conta com 3 campeões, o próprio Dinamo (17), o Hajduk Split, com 6 e o NK Zagreb, com uma conquista.

Escócia
Celtic

Sem o rival Rangers, o Celtic continua sobrando. Foi o quarto título seguido da equipe católica. Sem o rival protestante, a equipe alviverde conseguiu diminuir a distância de títulos para 8 (54-46 para o Rangers). E deve continuar diminuindo a diferença, uma vez que a equipe de Ibrox não conseguiu o acesso à primeira divisão, perdendo para o Motherwell a chance de voltar à elite.

Espanha
FC BARCELONA VS DEPORTIVO

O Barcelona conquistou La Liga, com direito a tríplice cora. Campeão do campeonato, da Copa del Rey e da Champions League. Um ano memorável para a equipe catalã.
Agora o Barça tem 23 canecos, contra 32 do Real Madrid. Ainda tem muito chão para percorrer, mas a diferença vem diminuindo na última década.

França
PSG

A nova era do Paris Saint-Germain vai fazendo o clube sobrar na Ligue 1. O PSG conquistou seu tricampeonato, 5º título no total, e está se aproximando do líder em conquistas, o Saint-Etienne, com 10 canecos. Parece questão de tempo para o time da capital francesa se tornar o absoluto no país.

Grécia
Olympiakos

O Olympiakos, definitivamente, dominou a Grécia. O clube conquistou 17 dos últimos 19 campeonatos gregos e deixou seu rival Panathinaikos para trás. A conquista desse ano consagrou o alvirubro pentacampeão, somando 42 títulos contra 26 do alviverde. Detalhe que até 1996, os times estavam empatados em conquistas.

Hungria

O Videoton, ou Fehervar, como é conhecido, foi o campeão na Hungria. O time conseguiu seu modesto segundo título e ainda está muito longe do poderoso Ferencváros, com 28 conquistas.

Holanda
PSV

O PSV foi o grande campeão na Holanda. O clube encerrou o tetracampeonato do Ajax e recuperou a hegemonia. O Ajax, entretanto, ainda é o maior campeão holandês, com 33 troféus contra 21 do clube de operários da Philips.

Inglaterra
Chelsea

Outro novo rico campeão nacional foi o Chelsea. O clube dirigido por José Mourinho e que conta com uma legião de brasileiros conquistou seu quinto título mas ainda está muito longe do maior campeão inglês, o Manchester United, com 20 taças.

Itália
Juve

A Juve continua imparável na Itália. Sem a concorrência de Milan e Inter, a Vecchia Signora conseguiu seu tetracampeonato e acumula, agora, 31 scudettos, contra 18 da dupla milanesa. A torcida da Juventus ainda conta com outras duas taças que lhe foram tiradas por manipulação de resultados.

México

Santos Laguna

O Santos Laguna se sagrou campeão mexicano após uma final eletrizante contra o Queretaro, time do craque Ronaldinho. O Santos aplicou 5 a 0 na primeira partida e parecia estar com o título assegurado. O jogo de volta foi uma surpresa. O Queretaro conseguiu fazer 3 e ameaçou o coração do torcedores do Santos. Verdade seja dita, após o 5 a 0, o título esteve assegurado, mas valeu pelo susto. Este foi o quinto título do time de Laguna, o sétimo maior campeão nacional, com 7 título a menos que o maior detentor de taças, o América. E foi o primeiro vice-campeonato do Queretaro, a melhor participação do clube na Liga MX, justamente com Ronaldinho.

Paraguai

Cerro

Nada de surpresas no Paraguai. Mais uma vez, o Cerro Porteño foi o campeão nacional. O clube encerrou o bicampeonato do Libertad, e agora está a apenas 8 troféus do maior campeão, o Olimpia. O Libertad é o terceiro, com 18 conquistas.

Polônia
Lech Poznan

O Lech Poznan foi o grande campeão polonês. O clube encerrou o bicampeonato do Legia Varsóvia e vai se aproximando dos maiores campeões, o Ruch Chórzow e o Górnik Zabrze, clube que não são campeões desde 1989 e 1988, respectivamente. Desde o último título da dupla, o Lech levantou 5 canecos.

Portugal
Benfica

Mais uma taça para o Benfica. O maior campeão português, com 34 títulos, conseguiu mais um bicampeonato em sua história e abriu 7 de diferença para o Porto e 16 para o rival Sporting. Soberania vermelha.

República Tcheca
Viktoria

O Viktoria Plzen conquistou seu terceiro caneco e se juntou a Slavia Praga e Slovan Liberec como segundo maior campeão tcheco. O líder em conquistas é o soberano Sparta Praga, com 12 títulos. Detalhe para a ascenção do Plzen, que conquistou seus 3 títulos em 5 anos.

Romênia
Steaua

Mais um título para o único romeno campeão europeu. O Steaua Bucareste conquistou o tricampeonato nesta temporada e abriu 8 de diferença para o segundo maior campeão, o Dinamo Bucareste.

Rússia
Zenit

O Zenit encerrou o bicampeonato do CSKA e é o campeão russo. O clube é o terceiro maior detentor de títulos do jovem Russão. O Maior campeão continua sendo o Spartak Moscou, com 9 conquistas, mas que não é campeão ha 14 anos. O segundo maior é o CSKA, com 5 e aí aparece o Zenit, com 4 troféus.

Sérvia
Partizan

O Partizan Belgrado é, mais uma vez, campeão sérvio. O time de origem comunista, do exército da Sérvia, faturou o 26º título e empatou em número de conquistas com seu maior rival, o Estrela Vermelha, do exército sérvio. A rivalidade intensa fora e dentro dos campos continua forte na sala de troféus

Suiça
Basel

O domínio do Basel é imparável. O clube alcançou o hexacampeonato nesta temporada, 18º título no total e, de quebra, se tornou o segundo o maior campeão suiço. O time da Basileia ultrapassou o Servette e agora está atrás, apenas, do Grasshopper. O caminho ainda é longo, faltam 9 títulos para alcançar o maior campeão suíço. Mas, no embalo que o clube encontra-se, é possível sonhar.

Turquia
Galatasaray

O campeonato turco tem novo líder em títulos. O Galatasaray venceu a edição 2014/15 e é o líder em conquistas, com 20 troféus. O Fenerbahçe, com 19, continuou em segundo, enquanto o Besiktas estacionou nos 13.

Ucrânia
Dinamo

Fim de festa para o brasileiríssimo Shakhtar Donetsk. O clube que conta com 13 brasileiros no elenco viu o sonho do hexacampeonato acabar com a guerra civil na Ucrânica. O Shakhtar foi obrigado a jogar Lviv, a 1200 km de distância de sua cidade-sede. Quem não tem nada a ver com isso é o Dinamo de Kiev, que voltou a conquistar a taça após 6 anos e continua sendo o maior campeão do país, com 14 títulos, contra 9 do rival Donetsk.

Uruguai
nacional

O Nacional conquistou seu 45º título uruguaio de forma emocionante. O clube só precisava vencer o maior rival, o Peñarol para ser campeão do turno e, consequentemente, do campeonato, enquanto os carvoeiros precisavam vencer a partida para conquistar o turno e forçar mais duas, na final geral. Que incrível o que aconteceu.

O Nacional vencia por 2 a 0 quando os carvoeiros conseguiram diminuir. Mais tarde, Rodriguez, do aurinegro, foi excluído de jogo. 5 minutos depois e pênalti para o Peñarol. Gol e prorrogação. Na segunda etapa do tempo extra, o Nacional voltou a ficar na frente do marcador. Mais tarde, pênalti para o Nacional. A torcida aurinegra, enfurecida, atacava os policiais com pedaços das cadeiras do estádio. A partida foi paralisada por 11 minutos. Na volta ao jogo, o experiente Recoba errou a cobrança, dando sobrevida aos Carvoeiros. Mas já era tarde. O juiz encerrou a partida antes do tempo e o título ficou com o Nacional.

Os carvoeiros continuam sendo líderes em taças, com 49, mas viram seu rival encostar, com 45.

Venezuela
Táchira

O Deportivo Táchira sagrou-se campeão venezuelano pela oitava vez. O Táchira se tornou o segundo maior campeão do emergente Venezuelano superando, justamente o maior campeão, o Caracas, de 11 conquistas.