Testa mais, Dunga!

Por Pedro Abelin

“A pergunta que nos fazemos é se usamos uma equipe para ganhar ou para observar e experimentar”. Esta frase, dita por Dunga em entrevista coletiva nos Estados Unidos, sintetiza o discurso do Técnico General da Seleção Brasileira. Aparentemengte, na visão de Dunga, vencer e experimentar são valores mutuamente excludentes. E essa mentalidade pode custar muito para o futebol brasileiro.

Existe uma ideia bastante difundida pela própria mídia esportiva de que a atual geração de jogadores brasileiros é ruim. Esse discurso, além de não ser coerente com a realidade do futebol mundial, se tornou escudo para os recentes péssimos trabalhos realizados com a Seleção Brasileira principal. Tudo bem, todos concordamos que a nossa geração não é tão recheada de craques como outras que passaram. Mas basta olhar o protagonismo de jogadores brasileiros na janela de transferências do futebol europeu para perceber que a nossa geração não está aquém da maior parte dos centros do futebol mundial.  Depois das últimas desastrosas campanhas da Seleção Brasileira, esse é o momento de fazer o maior número de testes possíveis, utilizando principalmente jogadores novos. É a hora de fazer testes e se preocupar menos com o resultado. Convenhamos, será que uma vitória sobre a Costa Rica se faz tão imprescindível para o futuro do futebol brasileiro?

“Temos uma obrigação enorme que é ganhar. Por mais que todo mundo fale que temos que observar, jogar, montar uma equipe… Isso é muito de comentário. Quando se coloca em prática, as pessoas querem resultado e cobram por resultado”

Sou daqueles que acredita que o mais importante para a Seleção Brasileira é ter um time forte em 2018, na próxima Copa do Mundo. Sendo assim, jogos amistosos – e competições como a Copa América – devem ser utilizados como laboratório. Me perdoem, mas Kaká e Elias, jogadores que já ultrapassaram a barreira dos 30 anos, não deveriam fazer parte da seleção porque não terão condições de jogar a próxima Copa. Confesso que poderei ser acusado de ter uma postura um tanto quanto irresponsável. “Kaká veio para dar experiência e tranquilizar a garotada”, dirão alguns. Embora eu entenda o discurso, não acho que experiência é o que esteja faltando para essa garotada – que joga nos principais clubes do futebol mundial. Como já abordado exaustivamente nesse blog, os problemas do futebol brasileiro são bem mais profundos.

Dunga, caso venha a ler esse post, considere o que estou dizendo. Teste Lucas Lima, Lucas Silva, Casemiro, Felipe Anderson e Philipe Coutinho. Teste o time sem centro-avante, sem volante, mude as posições dos jogadores! Se preocupe menos em vencer e pense mais a longo prazo. Tente fazer o time jogar bonito primeiro. Quem sabe em 2018 não possamos ter uma equipe forte e que apresente um futebol vistoso? Eu sei que você disse que o brasileiro quer a vitória e cobra por ela e que isso o pressiona a jogar pelo resultado. Não se preocupe, depois do 7 a 1 nem estamos mais exigindo que o Brasil já tenha um time tão forte quanto o da Alemanha. Pelo menos não ainda. Aproveite esse período em que a torcida brasileira está anestesiada – para não dizer desiludida – e faça todas os ensaios possíveis com a Seleção Brasileira. Na atual conjuntura, precisamos de soluções mais ousadas e menos pragmáticas. Testa mais, Dunga!

Obs: O texto veio em tom de desabafo. Não acredito que Dunga irá mudar sua filosofia.

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