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Podcast – Subindo a Linha Comenta a Final da Champions League

Confira Falcão, João, José Eduardo e Rafael Montenegro comentando a final da Champions League e a atuação de Neymar no podcast:

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Em defesa do drible

neymar driblando

Vinicius Prado Januzzi

Já haviam se passado 42 minutos do segundo tempo. Decorridos 87 minutos do tempo regulamentar. Faltavam três minutos e uns quebrados para o fim da partida.  O placar: 3×1 para o Barcelona contra o Athletic Bilbao. A final da Copa do Rei, disputada no Camp Nou, estava decidida a essa altura, mas Neymar não se conteve. Estava à beira do seu campo de ataque, de frente para o zagueiro Bustinza, quando decidiu aplicar uma carretilha, uma lambreta em seu adversário. Foi interrompido com falta e o jogo parou por conta das reações dos jogadores do time basco.

Muitos o atacaram, alguns poucos o defenderam. Jogo nesse segundo time. Não sou nada habilidoso e com certeza me irritaria profundamente com o drible de Neymar. Ficaria enfurecido e dificilmente não tentaria pará-lo com falta. Outros tantos fariam o mesmo e nem precisam ser tão grossos ou peladeiros como eu. Neymar viu uma possível jogada, foi e driblou. Aplicou um chapéu em seu adversário. Lance lindo, genial, brilhante, de quem sabe e pode fazer. Estava no fim do jogo? A partida não ia tomar novos rumos? O título já não poderia sair das mãos barcelonesas? Sim para todas as questões. Que isso importa?

Luis Henrique, técnico do Barcelona, pediu desculpas pelo ocorrido, tentando justificá-lo com a afirmação de que isso é comum no Brasil e não na Espanha. Piqué aconselhou o garoto a se conter. Iraola, capitão do Athletic Bilbao e opôs furiosamente a atitude e disse que Neymar precisa aprender com seus companheiros de time certas coisas. Acabou ainda cometendo, espero, um deslize ao dizer que “eles são assim mesmo”. Eles quem mesmo?

Podemos argumentar que a jogada não objetivava o gol nem um passe ao adversário. A carretilha foi executada só para humilhar mesmo, para chutar, ou chapelar, cachorro morto. Alguns disseram que outros dribladores inesquecíveis como Garrincha, Ronaldinho Gaúcho e Marta sempre que driblaram em suas carreiras fizeram isso com o intuito claro de vencer as partidas. Na saúde ou na doença, nas derrotas ou nas vitórias, driblavam. Não só quando tudo fica mais fácil. É um argumento possível? Sim. É preciso considerá-lo? Parcialmente.

Neymar, de fato, faz mais jogadas de efeito, dribla mais, diverte-se mais quando as coisas estão liquidadas, quando os jogos estão decididos. Fica mais fácil? Com certeza. Agora, o zagueirão que dá chutão (bola pro mato que o jogo é de campeonato) ou o time que fica segurando a bola em movimento retilíneo uniforme são bem menos questionados. E entre essas três possibilidades, a de Neymar é ainda mais brilhante. Quem a executa, mostra habilidade, talento, leitura do jogo e capacidade de provocação. É uma vaidade, diria eu, que encanta a quem vê. “Vejam só o Messi, igualmente talentoso, mas sempre em direção ao gol e respeitoso”. Ótimo. É por isso que ambos são diferentemente brilhantes (claro que Messi é absoluto nessa e em qualquer comparação).

Não estou afirmando que o gol é um detalhe, longe disso, mas julgar uma jogada por sua objetividade em relação ao placar e ao rumo das redes é meio inoportuno. Em se considerando o contexto de nosso futebol, criticar o comportamento de Neymar em campo é uma afronta hiperbólica. Onde estão nossos craques, nossos times brilhantes, onde está nosso futebol, dona Lúcia? Pois bem, se está em algum lugar e é representado por alguém, é de Neymar que devemos falar, o atacante do Barcelona. Neymar das carretilhas, dos chapéus, das canetas, dos gols, das provocações. Como diria o vascaíno Drummond de Andrade: Vai, Neymar, ser dibrador nessa vida.

Vídeo: O gol espetacular de Messi em 16 dialetos diferentes

O canal do youtube iNJRHD fez uma seleção com 16 narrações marcantes, de vários lugares do mundo, do gol de placa (mais um) no último sábado, pela final da Copa del Rey, contra o Athletic de Bilbao.

A narração brazuca fica por conta de Rogério Vaughan, da ESPN, que esteve in loco

Muito obrigado, Xavi!

João

A pauta já estava definida desde o último final de semana e do jogo Flamengo 2 x 2 Sport, válido pelo Campeonato Brasileiro: meu texto iria versar sobre o esquema tático do meu clube de coração, na tentativa de entender os motivos pelos quais o rubro-negro carioca até agora não apresentou um futebol sequer razoável, ainda mais se considerarmos que o time B do São Paulo e o Sport em pleno Maracanã não serão os compromissos mais difíceis que se apresentarão neste campeonato.

Entretanto, um fato que me tinha passado relativamente desapercebido nesses últimos dias chamou a minha atenção de uma maneira bastante intensa neste sábado, 23/05/2015: a despedida de Xávi Hernández do Barça é agora, mais do que nunca, uma realidade palpável, distante apenas (mais) uma final de Champions League para esse meio campista que, caso entre em campo contra a Juve, se tornará o recordista de aparições em jogos do maior torneio entre clubes da Europa (e, do mundo, dado que, infelizmente e pelos mais diversos motivos, nossa querida Libertadores encontra-se muito aquém do alto nível apresentado nos estádios do Velho Mundo).

Xavi nunca foi um jogador habilidoso. Se prestarmos atenção, perceberemos que, mesmo em seu auge, seu jogo era composto basicamente por uma infinidade de passes curtíssimos. Chato, dizem alguns. Pois eu digo fantástico.

Xavi foi o melhor armador (posição que desapareceu dos campos brasileiros desde que começamos a fazer a distinção entre meio-campistas que jogam bola, os meias, e os meio-campistas que desarmam, volantes) que vi jogar. Com uma qualidade técnica irretocável e com sua inteligência e capacidade de leitura do jogo, Xavi foi por muitos anos o cérebro do melhor time de futebol deste início de século, o Barcelona de Guardiola (e de Messi, claro). Não bastasse isso, liderou uma seleção historicamente perdedora e ajudou a transformá-la na bicampeã europeia e campeã mundial temida por todos.

Quero usar este espaço para agradecê-lo. Muito obrigado, Xavi!