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Minas em luto: a terrível piada de Thiago Neves

Não se trata de Cruzeiro, Atlético ou América. Não se trata de futebol, tampouco de esportistas. O atentado à vida e à história do estado de Minas Gerais e as carnificinas de Mariana e Brumadinho demonstram que “o futebol tá ficando chato”. Ainda bem.

Uma semana após o desastre de Brumadinho que vitimou fatalmente 142 pessoas – ainda há 194 desaparecidos, segundo o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais -, a proximidade com o caso parece não incitar a reflexão na cabeça de jogadores de futebol.

Thiago Neves, 33 anos. Sempre tratado como grande jogador e celebridade por onde passou, é um caso típico da falta de humanização do atleta. Quando erra, é apenas um garoto. Quando acerta, este é tratado como um super-homem, alheio às questões políticas e sociais que a carreira exclui de sua vivência.

A infelicidade de sua piada não é só fora de tempo e insensível, como também autoprovocativa. Um tiro no pé. Não foi uma piada contra o Atlético-MG, foi contra todo o estado de Minas Gerais, inclusive o Cruzeiro.

De acordo com pesquisa feita pelo Globoesporte.com em 2016, 46% da população de Brumadinho é cruzeirense (dados via Facebook) e 36% atleticana. Em Mariana, cenário de outro desastre semelhante, os mesmos 46% dos marianenses são torcedores celestes e 26% atleticanos.

O número de vítimas e mortos por tais tragédias, por cálculos estatísticos simples, mostram que a chance de cruzeirenses terem sofrido mais que atleticanos com tais tragédias é enorme.

Prova disso é meu próprio irmão. Geofísico, próximo diversos profissionais da área de mineração, perdeu dois conhecidos no desastre de janeiro deste ano: ambos cruzeirenses. Questiono se eles, falecidos, e seus familiares conseguiram rir da pida de Thiago.

Portanto, até mesmo para os mais insensíveis, que não veem vítimas além de atleticanos, cruzeirenses ou americanos, o caso se trata de vida de mineiros, brasileiros e seres humanos. Será que vale a pena rir do sofrimento alheio? Para o capiau, vale a pena rir do Atlético Mineiro quando as vítimas são majoritariamente cruzeirenses?

Não se trata de futebol, se trata de humanidade. Aos atleticanos, americanos, cruzeirenses, flamenguistas e torcedores de todas as outras vítimas, mineiras ou não, independentemente de quaisquer atributos, os nossos sentimentos. Respira, Minas Gerais!

José Eduardo

A derrocada de Marcelo Oliveira

Bicampeão brasileiro, campeão da Copa do Brasil, penta finalista do torneio. O currículo de Marcelo Oliveira nos últimos 6 anos são de dar inveja em qualquer treinador do Brasil. Mas, ao contrário do que seus resultados práticos mostram, a carreira do mineiro de Pedro Leopoldo parece estar em queda livre.

O sucesso de Marcelo começou com um bi vice-campeonato da Copa do Brasil, em 2011 e 2012, pelo ótimo time do Coritiba. Com ele no comando, o Coxa emplacou 24 vitórias consecutivas e bateu o recorde nacional no quesito.

O plantel contava com Éverton Ribeiro, Robinho e Rafinha, que brilhariam com a camisa do Cruzeiro,  Gil, falecido no acidente com o avião da Chapecoense, Tcheco, além de Lincoln, Júnior Urso e Leandro Donizete, destaques do Galo na história recente.

O futebol ofensivo e criativo de Marcelo Oliveira o credenciaram a alçar vôos maiores. Em 2013, ele assinaria com o Cruzeiro, maior rival do Atlético-MG, clube em que foi ídolo como jogador. Chegou com desconfiança, mas logo calou a boca da torcida celeste. O brilho de Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart proporcionaram um histórico bicampeonato brasileiro 2013-14, um campeonato mineiro e um vice da Copa do Brasil, que, em caso de título, garantiria a segunda tríplice coroa para a Raposa.

Em 2015, a primeira etapa do declínio de Marcelo. A diretoria celeste se desfez dos principais destaques das campanhas vitoriosas anteriores e o treinador se viu obrigado a improvisar com peças menos valiosas durante a Libertadores. A equipe chegou às quartas de final. Na primeira partida, vitória do Cruzeiro sobre o River, em pleno Monumental de Núñez. Entretanto, a derrota por 3 a 0 no Mineirão o fizeram ser demitido.

Deixando de lado toda a injustiça que envolve a demissão de Marcelo, a partir daí sua carreira viveu alguns altos e muitos baixos. O treinador foi contratado ao poderoso e rico Palmeiras e, após três vice-campeonatos, conquistou a Copa do Brasil. Mas, o futebol apresentado pela equipe era muito aquém daquele apresentado no Cruzeiro e o investimento feito era muito alto.

Após eliminação ainda na primeira fase da Libertadores 2016, Marcelo foi demitido. Para seu lugar, veio Cuca que, com o mesmo plantel, sagrou-se campeão brasileiro. Estava ali explícita a fragilidade do mineiro.

Ainda em 2016, prestigiado pelos títulos recentes, foi contratado pelo clube em que é ídolo, o Galo. Na equipe, Marcelo exerceu sua principal característica: um forte ataque. Entretanto, com claros descuidos defensivos, o Atlético oscilou no campeonato e terminou na quarta posição. A equipe teve o segundo melhor ataque, com 61 gols marcados e a incrível  quinta pior defesa, com 53 gols sofridos.

O técnico chegou, inclusive, a disputar outra final de Copa do Brasil. Mas, a derrota na primeira partida, em casa, para o Grêmio, culminou na sua demissão antes mesmo da partida de volta. Ali, as credenciais de técnico bicampeão brasileiro se transformaram em técnico ofensivo, mas irresponsável defensivamente.

Chegamos a 2017, com Marcelo Oliveira desempregado até meados de julho.  Assumiu o Coxa em condição confortável, 13º colocado, 4 pontos acima da zona de rebaixamento. O clube estava com 19 pontos e 42,2% de aproveitamento.

Sob seu comando, o Coritiba despencou. Novamente com defesa inconstante, mas com ataque pouco criativo, o Coxa foi perdendo posições rodada a rodada até, enfim, ser rebaixado do Campeonato Brasileiro. Com Marcelo Oliveira, o Coxa disputou 23 partidas, perdeu 11, empatou 6 e venceu apenas 5 partidas. Um aproveitamento de 30,43%.

Antes vitorioso, Marcelo Oliveira agora não parece ser mais técnico de primeiro escalão no cenário nacional. Seu futebol ofensivo, porém pouco criativo, foi presa fácil diante do não-futebol praticado em 2017, com defesas sólidas e ataques tímidos. Quando o treinador teve de se reinventar, não conseguiu.

Agora, resta a Série B para que ele consiga se reerguer. É possível, o Coritiba tem time para se sagrar campeão e o treinador já mostrou qualidades para ser campeão. Resta saber se ele conseguirá propor alternativas ao seu futebol.

José Eduardo

Nova eterna promessa

Por Lucas de Moraes

Certo dia, fui procurar notícias em um portal. Fui dar uma olhada na parte de esportes. Até aí, tudo normal. Falavam sobre os confrontos no campeonato nacional, disputas nos campeonatos europeus, um pouco de UFC, entre outros assuntos. Até aí, tudo normal. Até que vejo uma notícia falando de um drible de um goleiro alemão. A manchete? ““Novo Neuer” dá caneta humilhante”. Paro e penso que já vi várias notícias falando de algum novo Cristiano Ronaldo, ou algum novo Messi, ou quem sabe um novo Ronaldinho Gaúcho.

 

A pressão colocada nessas promessas pela mídia e pelo próprio meio futebolístico (clubes, jogadores, torcedores, entre outros) é exagerada. Características boas desses jovens jogadores são exacerbadas para compará-los com grandes nomes da história do futebol mundial. Um exemplo de jovem jogador muito pressionado por seu futebol mostrado que me veio à cabeça agora foi o norueguês Martin Odegaard de 16 anos. Foi contratado pelo Real no começo deste ano e teve pouquíssimo espaço no elenco principal. Sua formação na categoria de base era indispensável, mas, pelo jeito, o menino não jogará mais por times juniores. Mesmo que seu futebol (algo que não acredito) permita participar de equipes da categoria principal, a maturidade decorrente desse processo é fundamental.

 

Quando virmos jogadores juniores e juvenis jogando, esqueçamos os grandes jogadores que vimos jogar. Para o bem do futebol, não os comparemos com jogadores já consagrados, pois não queremos ver mais histórias como a do Jean Chera, Lulinha, Freddy Adu, Defederico, Drenthe, Kerlon, Ben Arfa, Aquilani, Lenny, Keirrison, Tiago Luís, Morais, Renan Oliveira, Ciro e muitos outros que não corresponderam à expectativa criada.

Mano é o cara!

Rafael Mota-Brasília-20 de setembro de 2015

Desde que foi anunciado como técnico da equipe do Cruzeiro no dia 1o de Setembro , Mano comandou a equipe em 5 partidas , com 2 vitórias , 2 empates e 1 derrota . O começo é bom mas podia ser melhor em termos de resultados . O que tranquiliza a torcida é o melhor desempenho do time, que melhorou muito desde a chegada do treinador. Além de melhorar o time, Mano ainda conseguiu recuperar jogadores esquecidos por seu antecessor, Vanderlei Luxemburgo, e que estão se mostrando essenciais para o time, como Willian e Alisson.

De cara o treinador já mostrou que o time não é tão ruim quanto parecia e que conseguirá livrar o time do rebaixamento. Vale lembrar que essa mesma equipe do Cruzeiro conseguiu chegar as quartas de final da Libertadores e foi eliminada pelo futuro campeão River Plate.

Mano se notabilizou em sua carreira por pegar times em situações adversas e leva-los bem longe. A primeira arrancada do treinador foi com o Grêmio. Mano assumiu a equipe na série B em 2005 vencendo a competição e a batalha dos aflitos no último jogo. No ano seguinte, levou o Grêmio à Libertadores, chegando em 3o lugar do Campeonato Brasileiro, e, de brinde, ainda venceu o Campeonato Gaúcho. Foi bicampeão gaúcho e levou o tricolor gaúcho a final da Libertadores , perdendo a decisão para o Boca Juniors no ano de 2007.

A outra grande arrancada de Mano começou ainda em 2007, quando o treinador deixou o Grêmio para assumir o então rebaixado Corinthians. Nos mesmos moldes de seu trabalho anterior, o treinador levou a equipe ao título da série B e ao vice campeonato da Copa do Brasil em 2008. Com o reforço de Ronaldo Fenômeno, conseguiu os títulos da Copa do Brasil e do paulistão em 2009. Na Libertadores de 2010 a fez uma boa primeira fase com a equipe paulista mas foi eliminada pelo Flamengo nas oitavas de final. No meio do ano de 2010, com a demissão de Dunga do comando da Seleção Brasileira, Mano foi contratado como novo treinador da seleção, deixando o Corinthians com a base que viria ser diversas vezes campeã.

Mano ainda não fez um bom trabalho desde sua saída da seleção. Na equipe nacional o treinador foi injustamente demitido em seu melhor momento, quando finalmente tinha achado a equipe ideal. Depois assumiu o Flamengo e pediu demissão por acreditar que não conseguia passar sua filosofia de jogo para seus comandados, meses depois o time carioca venceria a Copa do Brasil com o interino Jayme de Almeida. Para tentar se reerguer voltou ao Corinthians. Levou a equipe paulista ao quarto lugar do brasileirão e à Libertadores, mesmo assim não teve seu contrato renovado.

Depois da absurda demissão de Marcelo Oliveira e do desastroso retorno de Vanderlei Luxemburgo, a contratação de Mano é um acerto da diretoria cruzeirense. Mano assume uma equipe do jeito que gosta, com meio caminho andado e querendo mostrar serviço. A situação do Cruzeiro é bem melhor do que eram a de Grêmio e Corinthians quando Mano os assumiu. A arrancada não precisará ser tão grande, basta manter o time na série A e se preparar para um 2016 melhor. Isso Mano sabe fazer como ninguém.

 

 

 

 

Em defesa de Juan Carlos Osório

Por Vinicius Prado Januzzi

 

Dia 06 de junho de 2015: estreia de Juan Carlos Osório como treinador do São Paulo. Contra o Grêmio, no Morumbi, 2 a 0 para os donos da casa, com gols de Luis Fabiano e Rogério Ceni.

Dia 23 de agosto de 2015: no Maracanã, derrota para o Flamengo, por 2 a 1. Pelo lado rubro-negro, Guerrero e Ederson. Pelo tricolor paulista, gol do zagueiro Luiz Eduardo, que subiu mais que taxa Selic e mandou a bola para o fundo da rede adversária.

Entre esses dois jogos, pouco mais de 11 semanas; para ser mais preciso, 78 dias. O técnico colombiano, que chegou com pompa à Barra Funda, hoje está entre a cruz e a espada. Osório fica ou não fica? É bom ou não? É apegado aos seus valores e pouco flexível ao futebol brasileiro?

Nesse meio tempo, o técnico teve tanto desmanchados tanto o time quanto a moral que tinha junto aos dirigentes. Culpa de quem? Deles próprios.

Quando o treinador foi contratado, após boa e segura passagem pelo Atlético Nacional-COL, a diretoria investiu em trabalho de longo prazo e apostou na ofensividade e criatividade de Osório. As cabeças pensantes do São Paulo prometeram que não iriam vender peças-chave do elenco e que o apoiariam ao longo das competições as quais viria disputar. Nem um, nem outro.

Que a situação financeira do clube não é das melhores, compreende-se. Que, a curto prazo, vender jogadores é necessário para equilibrar finanças mal planejadas e mal geridas, compreende-se. Que, diante de resultados negativos, o (bom) técnico balance…é incompreensível.

Juan Carlos Osório é profundo conhecedor de futebol, como há tempos não se via no Brasil (sua entrevista no Programa Bola da Vez, do canal ESPN, é não menos que brilhante). Sabe como armar, incentivar e aprimorar times. Já mostrou isso. Inúmeras vezes.

Pode ser que não consiga repetir isso no São Paulo. Não será culpa sua.

A mim parece que, felizmente, há uma coisa que Osório desconhece entre as muitas coisas que sabe. O técnico colombiano não partilha da lógica do é-melhor-não-perder-do-que-ganhar, tão bem conhecida pelos torcedores e dirigentes brasileiros. Nesse momento crítico do São Paulo, o técnico bem poderia fechar seu time, apostar em bolas aéreas, em ferrolhos defensivos e em jogadas baseadas no contato bruto e simples.

Em defesa de Juan Carlos Osório e contra o modelo hegemônico de administração dos clubes de futebol no Brasil, que não o faça.

 

Para ler mais:

http://espn.uol.com.br/videos/programas/boladavez

http://esportefinal.cartacapital.com.br/juan-carlos-osorio-sao-paulo/

Mais uma chance, mais uma tragédia

José Eduardo

2004, campeão brasileiro com o Santos. Este foi o último título de expressão de Vanderlei Luxemburgo. E mesmo assim, 11 anos depois, é só um time grande do Brasil demitir seu treinador que o nome do Pofexô é ventilado. Foi assim com Santos (2006, 2009), Palmeiras (2008), Atlético-MG (2010), Flamengo (2010, 2014), Grêmio (2012), Fluminense (2013) e agora, Cruzeiro.

11 anos, nenhuma Libertadores, Brasileiro, Copa do Brasil, Mundial. Apenas 5 estaduais e péssimas passagens pelas equipes.

Seguindo o lema “Eu venci, nós empatamos, eles perderam”, Luxemburgo plantou discórdia nos clubes por onde passou e colheu péssimos resultados. Vale lembrar a passagem desastrosa pelo Real Madrid, onde o ponto forte foram suas entrevistas em péssimo – e cômico – portunhol.

Seu trabalho se destaca por uma boa arrancada quando assume os times em que passa, algumas partidas irregulares e a derrocada.

Em seus trabalhos mais recentes, foi demitido do Galo, em 2010, deixando o clube na zona de rebaixamento após goleada sofrida contra o Fluminense por 5 x 1.

No Flamengo, em suas últimas duas passagens, conseguiu um carioca e salvar o time do rebaixamento, mas nenhum campeonato de destaque, mesmo treinando seu clube do coração e em sua zona de conforto.

Em 2013, no Grêmio, o Pofexô se envolveu em confusão contra o Huachipato, do Chile, e foi suspenso por 6 partidas. Foi eliminado, nas oitavas, pelo Santa Fé, da Colômbia, ainda durante sua suspensão e, por isso e por ter perdido o Gaúcho para o maior rival, foi demitido.

Ainda em 2013, Luxemburgo assumiu o atual campeão brasileiro, Fluminense e admitiu que salvar o tricolor do rebaixamento seria uma conquista. Saiu do comando com 7 vitórias em 26 jogos e uma sequência final de 9 jogos sem triunfos.

A situação em 2015 é idêntica. Assumiu o atual (bi)campeão brasileiro, Cruzeiro, e já chegou com moral. 3 vitórias seguidas, inclusive vencendo o Atlético-MG, no Independência, quebrando dois longos tabus, de vitórias (11 jogos) e de vitórias na casa do rival, fato que não aconteceu desde a reinauguração do estádio.

Mas a face de Luxemburgo começou a cair imediatamente. 3 derrotas seguidas. E então, começa a derrocada do ultrapassado treinador.

Sem nenhuma criatividade e renovação, Luxemburgo imediatamente mudou o esquema tático celeste. Tirou o 4-2-3-1 consagrado no bicampeonato e foi à zona de conforto 4-3-1-2, tática que deu a Tríplice Coroa ao Cruzeiro em 2003. A diferença são apenas 11 anos de atraso da tática. E jogadores com características completamente diferentes.

A partir de então, o Cruzeiro assumiu o DNA Luxemburgo: derrotas em jogos facílimos, vitórias em jogos difíceis que ajudam a mascarar o mau trabalho e a enaltecer a figura do técnico, a figura do “EU VENCI”.

Hoje, o bicampeão brasileiro encontra-se na 14º colocação, 3 acima da zona de rebaixamento. O discurso de “tentaremos o tri” já mudou para “o foco é a Copa do Brasil”, como se o Brasileiro fosse luxo.

Luxo mesmo seria poder vencer algum time catarinense. Sob o comando de Luxa, o Cruzeiro perdeu em casa para a Chapecoense, empatou, em casa, com o Avaí e conseguiu ser goleado pelo Joinville.

Fato é, Luxemburgo é um bom motivador. Consegue vitórias em jogos importantes. Mas está ultrapassado. Acumula derrotas em jogos ridiculamente fáceis. Cria rachas nos times por onde passa, tem salário altíssimo e, incrivelmente, possui respeito por todos os dirigentes do Brasil. Por quê? Este texto deixa bem claro que não é pelo retrospecto recente.

*Em negrito, o destaque: REBAIXAMENTO, a tônica dos trabalhos de Luxemburgo

O eterno retorno

Por Vinicius Prado Januzzi

 

Torcedoras e torcedores, uni-vos e façamos juntos algumas contas.

Retroceda cinco anos na história dos seus clubes e responda: quantos foram os técnicos que passaram por seu centro de treinamento?

Suponhamos que o resultado não seja lá muito relevante, ainda que se trate se algo improvável. Vá um pouco mais longe. Volte 10 anos no tempo, lá pelos idos dos anos 2000. Refaça a conta. Estou certo de que vai precisar de uma boa memória e todas as letras do alfabeto para listar aqueles que comandaram as equipes brasileiras nos últimos anos.

Agora, junte a esse cálculo o número de títulos que foram conquistados por seu clube. Some os vice-campeonatos, as boas posições e os jogos bem jogados e bem vencidos. Agregue aí as dívidas acumuladas ao longo do tempo. Em alguns casos, veja quantas vezes o seu time caiu ou não para outras divisões do futebol nacional.

Imagino que sua soma deve ter sido decepcionante. Muitas comissões técnicas, muitas dívidas e poucos títulos. Há casos e casos, é claro, mas o estado geral da nação é inequívoco: trocar de técnico ou muda nada ou muda pouca coisa.

Em reportagem recente publicada no UOL, há números que me desmentem. Ao menos por enquanto. Digo isso porque, ano após ano, vemos nos nossos gramados a história se repetir: primeiro como tragédia, depois como farsa, como diria um amigo barbudo das antigas.

Os técnicos saem, os times dão aquela melhorada, a torcida fica contente, mas lá no fim do trajeto o saldo é mais negativo que o do Vasco na Série A desse ano. Treinadores diferentes garantem algumas vitórias e empates a mais, mas raramente conseguem promover mudanças de peso nas equipes e nos clubes como um todo. No mais das vezes, são meros acessórios de uma estrutura podre e miserável. Vão e vêm os acessórios, permanece o caos.

Como opinou Mauro Cezar Pereira, são os técnicos antibióticos , que agem em cima de problemas muito específicos, até mesmo dando alguma solução para eles. Mas os problemas continuam, as entrevistas coletivas soam sempre como desculpas esfarrapadas e os próximos capítulos todos já sabem.

Chama um técnico pra por ordem no time, subir a molecada, chacoalhar esses caras sem raça. Esse cara aí é um pilantra, retranqueiro, tá na mesma há muito tempo. E se vai mais um acessório, pronto para migrar para outro grande clube do futebol brasileiro, antes que o demitam porque…

Por que mesmo?