O eterno retorno

Por Vinicius Prado Januzzi

 

Torcedoras e torcedores, uni-vos e façamos juntos algumas contas.

Retroceda cinco anos na história dos seus clubes e responda: quantos foram os técnicos que passaram por seu centro de treinamento?

Suponhamos que o resultado não seja lá muito relevante, ainda que se trate se algo improvável. Vá um pouco mais longe. Volte 10 anos no tempo, lá pelos idos dos anos 2000. Refaça a conta. Estou certo de que vai precisar de uma boa memória e todas as letras do alfabeto para listar aqueles que comandaram as equipes brasileiras nos últimos anos.

Agora, junte a esse cálculo o número de títulos que foram conquistados por seu clube. Some os vice-campeonatos, as boas posições e os jogos bem jogados e bem vencidos. Agregue aí as dívidas acumuladas ao longo do tempo. Em alguns casos, veja quantas vezes o seu time caiu ou não para outras divisões do futebol nacional.

Imagino que sua soma deve ter sido decepcionante. Muitas comissões técnicas, muitas dívidas e poucos títulos. Há casos e casos, é claro, mas o estado geral da nação é inequívoco: trocar de técnico ou muda nada ou muda pouca coisa.

Em reportagem recente publicada no UOL, há números que me desmentem. Ao menos por enquanto. Digo isso porque, ano após ano, vemos nos nossos gramados a história se repetir: primeiro como tragédia, depois como farsa, como diria um amigo barbudo das antigas.

Os técnicos saem, os times dão aquela melhorada, a torcida fica contente, mas lá no fim do trajeto o saldo é mais negativo que o do Vasco na Série A desse ano. Treinadores diferentes garantem algumas vitórias e empates a mais, mas raramente conseguem promover mudanças de peso nas equipes e nos clubes como um todo. No mais das vezes, são meros acessórios de uma estrutura podre e miserável. Vão e vêm os acessórios, permanece o caos.

Como opinou Mauro Cezar Pereira, são os técnicos antibióticos , que agem em cima de problemas muito específicos, até mesmo dando alguma solução para eles. Mas os problemas continuam, as entrevistas coletivas soam sempre como desculpas esfarrapadas e os próximos capítulos todos já sabem.

Chama um técnico pra por ordem no time, subir a molecada, chacoalhar esses caras sem raça. Esse cara aí é um pilantra, retranqueiro, tá na mesma há muito tempo. E se vai mais um acessório, pronto para migrar para outro grande clube do futebol brasileiro, antes que o demitam porque…

Por que mesmo?

Sobre vpjanuzzi

Escrevo como meio de vida. Escrevo como meio de diversão. Escrevo também como um fim em si mesmo.

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