O manto não está à venda

Por Pedro Abelin

Hoje foram divulgadas imagens dos novos uniformes do Corinthians. Dentre as camisas lançadas, uma delas me chamou mais atenção: a camisa laranja. De acordo com os marqueteiros – que sempre arranjam alguma justificativa esdrúxula para essas camisas – a cor laranja faz alusão ao mítico terrão do Parque São Jorge, por onde passaram diversos ídolos da história corinthiana. Não venho aqui me opor ao lançamento de terceiros uniformes pelos times brasileiros, e muito menos condenar quem as compra. Eu, mesmo que nunca as use, já comprei uma ou outra. Mas pretendo fazer um desabafo, pois creio que os mantos sagrados dos nossos times vêm sendo muito mal tratados nos últimos tempos.

Sei que dizem que há uma necessidade dos clubes venderem camisas e que o mercado demanda uma diversificação de produtos. Também sei que dizem que a tendência é que os clubes tenham cada vez mais uniformes alternativos distintos de suas cores tradicionais. Apesar disso, confesso que me incomodo extremamente em não reconhecer visualmente determinado time – principalmente o meu – em uma partida de futebol. Então que vendam essas camisas, mas não precisa usar elas dentro de campo. E se for usar, que usem bem longe do nosso estádio!

Na minha cabeça, nós temos que identificar prontamente a camisa dos times que assistimos, mesmo que não sejam os nossos. Quando assisto um jogo em La Bombonera, espero que o Boca esteja utilizando uma camisa azul com uma faixa amarela horizontal. Poxa, o Flamengo é rubro-negro, o Cruzeiro é celeste e o Inter é colorado! Além disso, tenho a impressão que a onda das terceiras camisas está poluindo a identidade visual dos estádios. Por exemplo, as torcidas de Santos e Corinthians têm cada vez mais dificuldade de realizar os chamados “mar branco” e “mar preto” em seus estádios, dadas a quantidade de camisas coloridas presentes nas arquibancadas. Por mais que me considere um cara progressista, sou obrigado a admitir meu conservadorismo em relação uniformes de futebol. O mercado não deve pautar as tradições dos nossos clubes, por isso acredito que usar os uniformes tradicionais é uma forma de resistência. Que se danem os marqueteiros, mas meu Corinthians é preto e branco e é assim que eu quero ver ele em campo!

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