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E aí Cristóvão?

Raphael Felice

A empolgação e a espera por Paolo Guerrero finalmente teve fim na partida de quarta-feira contra o Internacional no Beira Rio. A espera foi recompensada e o peruano jogou muito! Meteu gol, deu bela assistência, fez muito bem o pivô, desempenhou uma função muito maior do que simplesmente de um centroavante, foi definitivamente o dono da partida.
A torcida do Flamengo estava animada com a possibilidade de ver seu novo jogador atuando no Maracanã, justamente contra seu ex clube. Mas por um acordo entre cavalheiros, feito na negociação de Guerrero e de Emerson Sheik, vai impedir os novos e já extremamente importantes jogadores de atuar na partida de amanhã contra o Corinthians e a recém-saída de Eduardo da Silva, juntamente a nova lesão de Nixon (que já não jogaria essa partida) gerou uma enorme dor de cabeça nos torcedores do rubro negros e em seu treinador, Cristóvão Borges.
Com a saída dos outros atacantes, o Fla praticamente só tem Paolo Guerrero como centroavante de ofício. Sheik e Cirino também podem eventualmente fazer a função, mas não é a praia deles e como Emerson também não joga amanhã, Cristóvão vai ter de pensar bastante para montar a equipe da melhor maneira possível no clássico interestadual contra o Corinthians. Para a função de Emerson Sheik, o treinador não vai ter tanto problema na parte tática. Paulinho, Gabriel, Cirino e até Alan Patrick e Arthur Maia podem fazer a função de jogar pelas pontas e ajudar na criação de jogadas.
A única opção para o ataque é Marcelo Cirino. O jogador, chegou a atuar pelo centro quando era comandado por Vanderlei Luxemburgo. Porém, as boas atuações e os gols ficaram no campeonato carioca e somente contra os times pequenos. Por isso, uma opção interessante seria a efetivação do menino Douglas Baggio, que sempre marcou muitos gols nas categorias de base e com certeza está de olho em uma vaga pelo menos no banco de reservas.

Deixa o menino jogar

Lucas de Moraes

Neymar começou a Copa América como possível herói do Brasil. Os jogos da primeira fase mostraram como o jogador do Barcelona seria determinante para as exibições da seleção canarinho. Contra o Peru, um gol e uma assistência no final do jogo para confirmar a vitória. Na derrota pra Colômbia, ele não conseguiu ir bem no jogo e ainda perdeu a cabeça ao chutar a bola depois do apito final. O destino da bola foi Armero, que caiu como se tivesse tomado um tiro de pistola. Na confusão, o craque brasileiro tentou dar uma cabeçada em Murillo e foi empurrado por Bacca na sequencia. Resultado da confusão: expulsão mesmo com o término do jogo e suspensão de quatro jogos, sendo que, como o Brasil não chegou à final, terá que cumpri-los nas eliminatórias. Contra a Venezuela, o Brasil jogou o necessário pra ganhar da Venezuela e garantiu o primeiro lugar do grupo C.

Após a derrota pra Colômbia, Asprilla, ídolo colombiano, escreveu no Twitter que o jogador brasileiro é uma farsa no futebol e que ele deveria ir para Hollywood. Pronto, Neymar deixou de ser o jogador de futebol que é pra ser um mau caráter, egoísta, mesquinho e cabeça quente. Começaram a questionar a preparação do jogador, tendo em vista certo descontrole emocional apresentado no jogo.

Agora, o jovem jogador de 23 anos, campeão espanhol, da Champions League e da Copa da Espanha com o Barcelona, virou um pereba, um vilão brasileiro. Não sabe se controlar e deve ser punido por isso. Quem sabe não ser convocado pela seleção ou um banco lá. Talvez ele aprenda com isso. Ah, vamos pedir pra Fifa bani-lo dos jogos da sua seleção logo. Nossa, e ele ainda está envolvido com um escândalo na sua transferência pro time espanhol. Ah, é o Neymídia mesmo.

No começo do paragrafo anterior, escrevi um detalhe importante : Neymar tem 23 anos. Sim, isso mesmo. Ele ainda não é um jogador já consagrado, com muitas atuações pela seleção brasileira. Ele ainda tem muito tempo pra ficar marcado de vez na História do futebol mundial. Seu potencial é imenso. Com 23 anos, ele já é o quinto maior artilheiro da sua seleção. Ele tem muito pra aprender no mundo do futebol. Portanto, vamos deixar o menino jogar.

Peça Chave

André Porto

Minha mãe tem a incrível capacidade de sempre achar tudo que estou procurando por horas. A chave de casa, a chave do carro, o carro, os óculos. Sem ela, pode saber: caos. Passo horas insistindo em algo que eu já sei que não tenho a menor habilidade. Achar essas coisas que sempre desaparecem não é pra mim (controles remotos tem vida própria). Com sorte e a duras penas, às vezes, até consigo.

Mas nada como saber que ela tá por perto. Não sei se é a energia sherlockiana que contagia, ou se é um esforço inconsciente e redobrado que faço pra mostrar que também sei fazer isso. Ou até mesmo uma certa tranquilidade, de saber que se eu já tiver revirado a casa toda, tenho a quem recorrer antes que tudo vá ao chão.
Paolo Guerrero chegou assim ao Flamengo.

Com a serenidade de quem sabe o que faz, e que faz como poucos. Trata a bola com carinho diferente, com intimidade de bodas de diamante. Joga fácil, deixa difícil pra quem tenta, sem sucesso, roubar a bola que ele protege como ouro. Por enquanto, parece não precisar de bondes sem freio, selfies desenfreadas ou algo do tipo para se destacar. Ostenta técnica do começo ao fim do jogo. Joga pro time.

Ontem, até mesmo sem precisar abusar muito do seu espírito de guerra, Paolo estreou com gol, assistência e culpa total numa vitória que nem mesmo o mais neurótico dos flamenguistas conseguiu prever na hora da novela. Contagiou o resto do time, que teve uma atuação acima da baixíssima média dos jogos anteriores. Menos erros, menos chutões, um pouco mais de inspiração. Certamente, Guerrero teve grande influência nisso tudo. Ajudou a quebrar um tabu de 13 anos, e mostrou que tem tudo pra ter sido um tiro certeiro.

Uma esperança para os flamenguistas que já enxergavam esse campeonato de cabeça baixa. Parece que não estamos tão perdidos.

Walter, a alegria do povo

Rafael Montenegro

Texto potencialmente herege logo no primeiro parágrafo.

Lembro de alguém – mas não lembro quem – diferenciar o Pelé do Garrincha: o Pelé enchia os estádios e fazia o povo aplaudir; o Garrincha enchia os estádios e fazia a multidão dar gargalhadas. Segundo Armando Nogueira, “Pelé era um atleta e Garrincha era um artista”. Mais que isso, Garrincha era a Alegria do Povo.

Isso mesmo. Vou usar a alcunha do maior jogador do Botafogo para caracterizar, guardando as devidas proporções, o maior atacante do Brasil. A verdade é que Walter alegra o torcedor.

Ontem o Atlético-PR vencia o São Paulo quando ele cavou um lindo chapéu pra cima de Centurión. Pelo formato da Arena da Baixada, toda e qualquer câmera de transmissão que registrou o lance registrou também a reação dos torcedores ao fundo: um frenesi misturando espanto, regozijo e gargalhadas.

Contra o mesmo São Paulo, pelo Fluminense, Walter deitou e rolou. Literalmente. Jogou uma barbaridade, fez gol, fez golaço, deu assistência e tirou onda. Caiu no chão, rolou e levou à loucura os torcedores. Mais que o espetáculo digno de aplauso, a genialidade provocadora de risos.

Walter teve a infância traumática que assola tantos jogadores – e jogadores em potencial que nunca recebem a devida oportunidade: realidade de periferia, pessoas próximas no crime, pessoas próximas assassinadas… Mas diferente de jogadores que se viciam em dinheiro, status ou drogas – sendo a mais comum o álcool – o Waltão da massa é viciado em… refrigerante e biscoito recheado!

Estamos falando de um atacante de 100kg campeão da Libertadores e da Liga Europa, com passagens em clubes tradicionais (Internacional, Fluminense, Goiás, Atlético-PR), campeão sul-americano sub-20 e desde 2010 vinculado ao Porto. Estamos falando de um embasbacador de esnobes e de um regozijador de gordinhos mundo afora.

Estamos falando de um cara que vai dar a entrevista e fala que “tá foda jogar nesse time do Fluminense. Tem Wagner, tem Sóbis, tem Conca. Ainda vai voltar o Diguinho! Caaaarai, ainda tem o Diguin”.

Estamos falando, acima de tudo, de um cara que joga MUITA bola. Pivô exemplar, passes e finalizações de exímia categoria e excelente noção tática.

O que eu enumerei nos quatro parágrafos são pra dizer: quem gosta de pessoas e de futebol, provavelmente gosta do Walter. O cabra gera empatia

Eu reclamei bastante da convocação de Felipão pra Copa: Lucas no lugar de Bernard, Philippe Coutinho no lugar de William e Miranda no lugar de Henrique, no mínimo. Mas o meu maior sonho era que o Walter tivesse sido convocado no lugar do Jô. Não que ele fosse ser a solução de todos os problemas, mas ali é muita categoria, meu amigo. Com ele em campo, David Luiz não precisa chorar que “só queria dar alegria ao povo”.

O papelão de Leo Moura e o sentimento do torcedor

Pedro Abelin

“Oooooo… Léo Moura eterno!” Este foi o grito que Leo Moura ouviu da torcida em sua despedida do Flamengo. Em um amistoso contra o Nacional do Uruguai que contou com a presença de mais de 30 mil torcedores, Leo Moura deu adeus ao clube que torcia desde criança. Uma justa e rara homenagem para um jogador que vestiu a camisa rubro-negra por quase dez anos.

“Não me vejo vestindo outra camisa”, disse Leo Moura em sua despedida do Flamengo.

Leonardo Moura marcou história no Flamengo. O jogador, que encerrou sua passagem como capitão do Flamengo, entrou em campo 519 vezes pelo clube carioca e teve sua passagem marcada por diversos títulos, como o Campeonato Carioca, Copa do Brasil e o inesquecível Brasileirão de 2009. Dessa forma, Leo Moura adquiriu o status de ídolo inquestionável da torcida flamenguista. Como já foi abordado em outro texto por aqui, o futebol brasileiro, na sua carência de ídolos, obriga suas torcidas a desenvolverem relações imediatistas de idolatria com os jogadores. Muitos atletas se consideram ídolos com apenas dois anos de passagem no clube. Não é o caso de Leo Moura. A relação do jogador com a torcida flamenguista foi louvável e fora do comum, e me arrisco a dizer que todos os torcedores gostariam de ter um ídolo como a torcida do Flamengo tem Leo Moura (ou teve).

O futebol vive de ídolos. O futebol é extremamente passional. Nós, amantes do esporte bretão, somos capazes de odiar e amar um mesmo jogador em um curto espaço de tempo. E é por isso que o futebol é tão fantástico, pois ele torna possível e real o caminho da redenção. A jornada de jogadores que passam de vilões a heróis são intrínsecas ao futebol e contribuem para tornar o esporte mais emblemático. Entretanto, o futebol também permite que o caminho inverso seja feito. O ídolo que se torna vilão.

Após cerca de três meses fora do Flamengo, Leonardo Moura foi anunciado pelo Vasco da Gama, o maior rival do seu ex-clube. Depois da péssima repercussão entre os torcedores rubro-negros, o lateral desistiu de jogar no clube cruzmaltino. Será que a reação dos torcedores flamenguistas foi inesperada ou desmedida? Leonardo Moura acreditou que os torcedores do clube pelo qual jurou amores iriam aceitar bem que o jogador vestisse a camisa do rival?

Estamos mais do que acostumados a ver jogadores dos nossos times se transferirem para clubes rivais, isso se tornou normal no futebol. No entanto, isso também indica o quanto a revolta dos torcedores flamenguista não é banal, pois o torcedor apenas se incomoda com essa situação quando o jogador que vai para o rival é um ídolo. No caso de Leo Moura, um ídolo fora do comum. O sentimento de muitos flamenguistas é de traição. E olha que o jogador desistiu de ir para o rival, o que gerou uma situação extremamente desconfortável para todas as partes. O resultado disso tudo é que Leo Moura, em apenas dois dias, conseguiu a proeza de ficar em maus lençóis com as torcidas de Flamengo e Vasco.

Não proponho aqui uma crucificação de Leo Moura. Creio que sua bonita história no Flamengo não será apagada, mesmo que agora possa ser ofuscada na lembrança de alguns flamenguistas. Também repudio qualquer tipo de manifestação violenta direcionada ao jogador.  Entretanto, creio que os torcedores têm total direito de mostrar sua insatisfação. Da mesma forma, os jogadores precisam considerar e respeitar o sentimento daqueles que os fizeram ídolos. Afinal, como falado inúmeras vezes nesse blog, o futebol vive de ídolos, e assim como os clubes devem ter a sabedoria e sensibilidade de valorizar os seus ídolos, os atletas também necessitam cuidar melhor da relação com os torcedores. Esse caso apenas demonstra o quão mal assessorados são alguns jogadores. Leonardo Moura desistiu da transferência para o Vasco e diversos torcedores não perdoam o ex-flamenguista. Outros não consideram tão grave a quase transferência para o rival. Respeitando as mais variadas posições, que não nos esqueçamos de prezar pelo sentimento e pela identidade que nos torna amantes do futebol: o ser passional.

Em defesa do drible

neymar driblando

Vinicius Prado Januzzi

Já haviam se passado 42 minutos do segundo tempo. Decorridos 87 minutos do tempo regulamentar. Faltavam três minutos e uns quebrados para o fim da partida.  O placar: 3×1 para o Barcelona contra o Athletic Bilbao. A final da Copa do Rei, disputada no Camp Nou, estava decidida a essa altura, mas Neymar não se conteve. Estava à beira do seu campo de ataque, de frente para o zagueiro Bustinza, quando decidiu aplicar uma carretilha, uma lambreta em seu adversário. Foi interrompido com falta e o jogo parou por conta das reações dos jogadores do time basco.

Muitos o atacaram, alguns poucos o defenderam. Jogo nesse segundo time. Não sou nada habilidoso e com certeza me irritaria profundamente com o drible de Neymar. Ficaria enfurecido e dificilmente não tentaria pará-lo com falta. Outros tantos fariam o mesmo e nem precisam ser tão grossos ou peladeiros como eu. Neymar viu uma possível jogada, foi e driblou. Aplicou um chapéu em seu adversário. Lance lindo, genial, brilhante, de quem sabe e pode fazer. Estava no fim do jogo? A partida não ia tomar novos rumos? O título já não poderia sair das mãos barcelonesas? Sim para todas as questões. Que isso importa?

Luis Henrique, técnico do Barcelona, pediu desculpas pelo ocorrido, tentando justificá-lo com a afirmação de que isso é comum no Brasil e não na Espanha. Piqué aconselhou o garoto a se conter. Iraola, capitão do Athletic Bilbao e opôs furiosamente a atitude e disse que Neymar precisa aprender com seus companheiros de time certas coisas. Acabou ainda cometendo, espero, um deslize ao dizer que “eles são assim mesmo”. Eles quem mesmo?

Podemos argumentar que a jogada não objetivava o gol nem um passe ao adversário. A carretilha foi executada só para humilhar mesmo, para chutar, ou chapelar, cachorro morto. Alguns disseram que outros dribladores inesquecíveis como Garrincha, Ronaldinho Gaúcho e Marta sempre que driblaram em suas carreiras fizeram isso com o intuito claro de vencer as partidas. Na saúde ou na doença, nas derrotas ou nas vitórias, driblavam. Não só quando tudo fica mais fácil. É um argumento possível? Sim. É preciso considerá-lo? Parcialmente.

Neymar, de fato, faz mais jogadas de efeito, dribla mais, diverte-se mais quando as coisas estão liquidadas, quando os jogos estão decididos. Fica mais fácil? Com certeza. Agora, o zagueirão que dá chutão (bola pro mato que o jogo é de campeonato) ou o time que fica segurando a bola em movimento retilíneo uniforme são bem menos questionados. E entre essas três possibilidades, a de Neymar é ainda mais brilhante. Quem a executa, mostra habilidade, talento, leitura do jogo e capacidade de provocação. É uma vaidade, diria eu, que encanta a quem vê. “Vejam só o Messi, igualmente talentoso, mas sempre em direção ao gol e respeitoso”. Ótimo. É por isso que ambos são diferentemente brilhantes (claro que Messi é absoluto nessa e em qualquer comparação).

Não estou afirmando que o gol é um detalhe, longe disso, mas julgar uma jogada por sua objetividade em relação ao placar e ao rumo das redes é meio inoportuno. Em se considerando o contexto de nosso futebol, criticar o comportamento de Neymar em campo é uma afronta hiperbólica. Onde estão nossos craques, nossos times brilhantes, onde está nosso futebol, dona Lúcia? Pois bem, se está em algum lugar e é representado por alguém, é de Neymar que devemos falar, o atacante do Barcelona. Neymar das carretilhas, dos chapéus, das canetas, dos gols, das provocações. Como diria o vascaíno Drummond de Andrade: Vai, Neymar, ser dibrador nessa vida.

Porque o São Paulo precisa de Osorio.

Por Rafael Montenegro

Começa 2015. Muricy Ramalho não consegue fazer o bom elenco do São Paulo jogar um bom futebol e não sucumbe aos problemas de saúde e ao ambiente insuportável criado no São Paulo. Milton Cruz assume, muda o estilo do time que, apesar de desapontar em momentos importantes, tem lampejos de jogo bem jogado. No meio da temporada, Juan Carlos Osorio é contratado para fazer render o elenco mais caro do Brasil. E tem potencial para arrumar uma bagunça que reina no São Paulo desde a primeira saída de Muricy, em 2009.

Para explicar preciso voltar ainda mais no tempo.

2004. O presidente do São Paulo é Marcelo Portugal Gouveia e o treinador é Cuca. Do Goiás ele importa Josué, Fabão, Danilo e Grafite – jogadores fundamentais para os títulos tricolores. É substituído por Leão que, bem a seu modo, não faz um bom trabalho – a ponto de queimar a passagem de Falcão no futebol de campo. Depois assume Paulo Autuori que, sem nenhum craque – a exceção de Rogério Ceni no auge -, monta um time ofensivo e eficiente de futebol bonito que conquista São Paulo, a América e o mundo.

2006. A presidência é passada a Juvenal Juvêncio. O apreciador de Blue Label traz Muricy Ramalho e compõe elencos competitivos e, acima de tudo, regulares. O São Paulo é tido como um exemplo de gestão, se consagra tricampeão brasileiro e consegue figurar entre os primeiros ainda na temporada de 2009.

Nesse período, o trabalho de Cuca deu origem ao estilo de jogo que culminou nos títulos com Paulo Autuori, que deixou um legado bem aproveitado na Era Muricy Ramalho. Mas, a partir do momento em que o São Paulo é eliminado pelo Cruzeiro na Libertadores de 2009 e Muricy é demitido, o São Paulo não consegue mais montar times campeões.

Juan Carlos Osorio é o décimo técnico que assume o Tricolor desde 2009. Além de Milton Cruz, que assumiu o time interinamente sete vezes, treinaram o são Paulo: Ricardo Gomes, Sérgio Baresi, Carpegiani, Adilson Batista, Emerson Leão, Ney Franco, Paulo Autuori e Muricy mais uma vez. Nenhum conseguiu implantar um estilo de jogo. Os únicos breves bons momentos tricolores nesse tempo dependeram diretamente da presença de jogadores espetaculares como Hernanes, Lucas e Kaká.

Todos esses técnicos tiveram a missão de reerguer o São Paulo. Ninguém conseguiu vencer e convencer. Todas as boas fases se esvaíram. E ao longo desse tempo o São Paulo viu o salto do Soberano crescer e proporcionar uma grande queda. O Corinthians conquistou a América e o mundo, o Palmeiras construiu um estádio e um próspero sistema de sócio-torcedor e o Santos continuou a galgar títulos (paulistas na maioria, mas com Copa do Brasil e Libertadores). O São Paulo se tornou obsoleto e não mete tanto medo. Pior de tudo, não achou uma identidade, um estilo de jogo.

A diferença

Osorio não chega da mesma forma que esses técnicos. Não tem a mesma origem, a mesma pressão e nem a mesma abordagem. A primeira coisa que o colombiano inspira é a curiosidade. É difícil afirmar se ele chega oferecendo algo diferente dos outros técnicos ou se ele é diferente por chegar oferecendo algo.

É um técnico que não repetiu a escalação nenhuma vez em mais de 100 jogos. Perfeito para estimular competição em um elenco com jogadores que não se sentem ameaçados, como Denilson, Souza ou Ganso.

É um técnico “acadêmico”: fez curso da UEFA na Holanda e estagiou por seis anos no Manchester City. Aprendeu com o que há de qualidade no futebol moderno e aplicou com sucesso no Atlético Nacional, onde ganhou seis títulos. Esse conhecimento teórico combinado com a rotatividade suprem uma demanda séria do Tricolor nos últimos anos: a variação tática.

Porque, justiça seja feita, ele tem na mão um bom time. Michel Bastos é a melhor contratação do São Paulo na década e a grande maioria dos jogadores do elenco brigaria por titularidade em muito time da Série A. Pra quem viu Carpegiani assumir para treinar Xandão, Carlinhos Paraíba e Juan, ver Osorio chegar com seu currículo para treinar Dória, M. Bastos e Ganso é um alento à esperança.