Um dia para ser lembrado

O dia 19 de fevereiro de 2018 certamente entrou para a história do futebol brasileiro. Não por dribles, gols ou jogadas. Mas por atitudes de jogadores e comissão técnica que nos fazem entender nosso futebol e refletir sobre o país.

Defino o dia de ontem em três atos. O primeiro, ocorreu no Barradão, em Salvador. Clássico BaVi, torcida dupla nas arquibancadas, 90% de rubro-negros e 10% de tricolores. Era a chance de provar ao Ministério Público como é possível jogar os clássicos baianos com ambas as torcidas, após seguidos BaVis de torcida única.

Fora de campo, muita violência. No centro de Salvador, longe do estádio, torcidas organizadas dos clubes se enfrentaram, resultando em 13 detenções. Dentro da cancha, pancadaria generalizada e 7 expulsões após comemoração desrespeitosa por parte de Vinícius, jogador tricolor.

Se observarmos somente estas brigas, não há nada de novo. Prisões, violência, dentro e fora de campo, não são novidade no Brasil e no mundo do futebol. Porém, a partida não termina ali e entra em cena o ato 2.

O Vitória, com 9 jogadores em campo, perde Uillian Correia expulso por parar um contra-ataque e receber o segundo amarelo. 7 em campo contra 9 do Bahia – que havia tido dois jogadores do banco de reservas expulsos na confusão. A partir daquele momento, ocorre uma das cenas mais bizarras, indignas e estranhas do nosso bizarro, indigno e estranho futebol.

As câmeras de transmissão flagram uma conversa entre a comissão técnica, o treinador Vagner Mancini e Ramon, jogador, do Vitória. Mancini diz, “fala para o Bruno, pode tomar o segundo amarelo”. Antes que o jogo recomeçasse, Bruno chuta a bola para longe, forçando um cartão amarelo, que, somado ao um cartão previamente recebido, consagra sua expulsão. Fim de jogo por falta de jogadores.

A atitude do Vitória chama atenção porque, sabidamente, quando há 5 jogadores em campo expulsos por uma equipe, automaticamente, esta está eliminada da partida e o triunfo é transferido ao adversário. Mesmo assim, a equipe presou pelo antijogo em um dos maiores clássicos do Brasil, talvez do mundo.

Não fosse bizarrice suficiente, ainda havia espaço para mais um incidente absurdo, indignante e triste. O ato 3 ocorreu em Campo Grande, onde Comercial e Operário faziam o clássico sul-mato-grossense.

Nos minutos finais, com a vitória garantida ao Comercial, o gandula, contratado por esta equipe, provoca o jogador do Operário Jeferson Reis que, em um ato que mais parecia luta de gangue, UFC sem regras, algo selvagem, desfere socos na face do gandula, que cai. Jeferson, então, monta em cima do gandula e o espanca até seu rosto ficar ensanguentado.

3 atos que mostra a violência, falta de educação, falta de ética e moral e atrasos sociais típicos do nosso país. Jogadores sem educação básica, que vivem marginalizados, como no caso de Jeferson Reis, falta de respeito e violência, no Bavi, dentro e fora de campo, e anti-jogo, covardia premeditada por parte da diretoria rubro-negra. Diferentemente do que pode-se imaginar, não é um dia a ser esquecido; é um dia para ser lembrado todos os dias, para que tomemos estes exemplos e não o seguirmos.

José Eduardo

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