Por que torci para o Grêmio?

Desde minha primeira memória sobre o Grêmio, confesso que nunca fui simpático ao clube. Como cruzeirense morando em Brasília, foram várias vezes que pessoas confundiram os clubes azuis. Além disso, durante a década de 90, os clubes se encontraram em épocas importantes, como a final da Copa do Brasil 93 e a semifinal da Libertadores 97.

Mas o desgosto pelo tricolor gaúcho, de fato, veio na semifinal da Libertadores 2009, quando Maxi López, atacante gremista, foi acusado de racismo pelo volante Elicarlos, do Cruzeiro. Para piorar a situação, parte da torcida gaúcha comprou a briga e xingou nosso jogador na partida em Porto Alegre, tal qual fez com Aranha, do Santos, na Copa do Brasil 2014.

Apesar de todos estes motivos para desgostar do Grêmio, ontem me vi torcendo fortemente para o tricolor. Os motivos são vários. A começar pelo que representa um jogo de um clube gaúcho ser transmitido em TV aberta para todo o Brasil.

Em tempos de dualidade Flamengo e Corinthians na televisão, com Palmeiras e um ou outro carioca de coadjuvante, uma final entre um time do sul do país e um argentino ser transmitida no Amapá ou Roraima representam a importância do futebol brasileiro em seu conjunto e não por time A ou B.

O Grêmio representa a força dos excluídos. Uma vez que os jogos do Grêmio não são transmitidos nacionalmente, a difusão de informação à população impossibilita o aumento de torcedores. Desta forma, apenas em momentos de glórias, como a Libertadores, a marca Grêmio consegue chegar ao conhecimento de todo o país.

Concomitantemente a isso, existe o desequilíbrio de distribuição de renda de direitos de transmissão entre os clubes. Enquanto Flamengo e Corinthians recebem 170 milhões de reais da detentora dos direitos, Rede Globo, o Grêmio abocanha “apenas” 60 milhões¹. Quase um terço do que recebem os dois clubes de maior torcida.

É importante perceber que o desequilíbrio de renda não acompanha méritos dentro de campo. O Cruzeiro, por exemplo, bicampeão brasileiro e campeão da Copa do Brasil nos últimos 5 anos recebe os mesmos 60 milhões do Grêmio, enquanto o Flamengo ganhou apenas uma Copa do Brasil no período e chegou a um terceiro lugar no Brasileirão.

Ao analisar o que tais receitas podem representar, os clubes que possuem maior torcida e maior receita tendem a ganhar cada vez maior receita e privilégios e, desta forma, monopolizar os títulos a longo prazo.

A forma de se combater isso é justamente com vitórias dos “coadjuvantes”, em que a TV aberta se vê obrigada a transmitir seus jogos. E é por isso que, ontem, eu fui gremista. Pelo nosso futebol. Para difundir o Grêmio pelo Brasil, assim como foi com o Atlético-MG, em 2013 e 14, como foi com o Cruzeiro em 13, 14 e 17, como foi com o Sport em 2008 e o Inter, em 2006 e 2010. O futebol deve ser de todos.

Por fim, lembro do meu primo Alexandre. Se eu sou fanático pelo Cruzeiro, a influência é parte dele. A forma como ele torce me motiva a gostar ainda mais do meu próprio clube. Ele vibra, chora, grita, viaja para ver o clube. Já fui, inclusive, a Goiânia torcer para o Grêmio contra o Atlético-GO com ele.

Parabéns, tricolores! Foram anos de sofrimento para, enfim, gritar tri. O penta na Copa do Brasil, nós não deixamos barato. Espero conquistar o tri também!

Por José Eduardo

¹http://blogs.diariodepernambuco.com.br/esportes/2016/12/11/a-distribuicao-dos-milhoes-das-cotas-de-televisao-nas-series-a-e-b-de-2017/

Tags:

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logotipo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Google

Você está comentando utilizando sua conta Google. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

%d blogueiros gostam disto: