A nova face do (anti)jornalismo esportivo – ESPN Brasil

Começamos uma série de reportagens que buscam analisar os grandes veículos de comunicação esportiva no país e como as grandes mídias estão se reinventando para manter a audiência em detrimento da qualidade da informação. Nesta edição, iniciamos a primeira parte da análise sobre a ESPN Brasil.

Veja também as outras partes da análise I, II, III, IV e V

Com a chegada da internet, a era da informação e do jornalismo vive uma crise, especialmente nos meios mais tradicionais. Jornais impressos e telejornais perderam espaço para a dinamicidade dos meios digitais e precisaram se reinventar. Mas a que ponto o jornalismo se torna um espetáculo de anti-informação?

O caso mais notável da mudança pela qual passa o jornalismo é a ESPN Brasil. Anteriormente ligada às grandes denúncias e investigações que levaram o veículo a conquistar a fama de “mal-humorado” por tocar em assuntos sensíveis, a ESPN mudou sua linha editorial e um de seus principais programas, o Bate-Bola, transmitido à hora do almoço, tornou-se um verdadeiro circo.

A primeira ação que demonstra a mudança de linha editorial da empresa foi o afastamento de um dos mais competentes jornalistas investigativos, Lúcio de Castro, e o cancelamento das participações do Rio de Janeiro, tanto nos Bate-Bola, também contando com Fábio Azevedo, como no Linha de Passe, com Fernando Calazans e Márcio Guedes.

As mudanças, à primeira vista, não surtiram muito efeito. Perderam-se os jornalistas, mas manteve-se o caráter bem humorado, porém sério do canal. Entretanto, as mudanças a seguir transformaram o respeitado canal em apenas mais um. Com programas que prezavam mais pelo humor e menos por investigação e denúncia.

Foi assim que um dos mais consagrados jornalistas, pai do canal, José Trajano, se foi, claramente por expor suas opiniões políticas. O canal se afastava do diferencial perante as outras emissoras: poder ter opiniões além do esporte.

Com essas mudanças, o canal iniciou uma reformulação na grade horária e o Bate-Bola no horário do almoço passou a contar com Bruno Viccari, Jorge Nicola e Alexandre Oliveira. O que se viu foi um mar de piadas, informações desencontradas e o fim das denúncias e investigações, como podemos ver a seguir.

Sóbis

Na imagem, Jorge Nicola apresenta mais uma de suas “informações de bastidores” que se provam falsas, puro “achismo”. O próprio jogador desconhece a especulação. A publicação, de duas semanas atrás, até hoje não surtiu efeito e Sóbis continua firme no Cruzeiro, entrando de titular em duas das três partidas posteriores à publicação.

A própria imagem de capa mostra o novo programa: fantasias, piadas e falta de seriedade. Lives no Instagram, broncas da direção por excesso de piadas, matérias sem pé nem cabeça, como comparar Flamengo, Corinthians a Real Madrid, tudo pela audiência.

Hoje, Trajano iniciou um canal no youtube com um programa de verdadeiro jornalismo esportivo, o Ultrajano, enquanto Lúcio de Castro mantém sua Agência Sportlight que continua trazendo excelentes reportagens investigativas, enquanto a ESPN prefere humor.

No próximo texto, continuamos destrinchando as mudanças da ESPN Brasil, aprofundando em cada tema aqui citado.

José Eduardo

3 Respostas para “A nova face do (anti)jornalismo esportivo – ESPN Brasil”

  1. Thiago Luz diz :

    Confesso que é a primeira vez que leio aqui, mas caberia uma análise mais abrangente visto que muita coisa doi abordada em poucas linhas, o que traz prejuízo na formulação das ideias. No entanto o tema central e o comparativo com o canal Espn é coerente e fácil de se constatar. Uma pena, Lucio de Castro é simplesmente espetacular e fora de série..abraços.

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  2. subindoalinha diz :

    Obrigado pela interação. Fique ligado nessa série, a cada semana, aprofundamos em um tema ou veículo. Este foi apenas o primeiro texto desta série, abordaremos todos os aspectos!

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  3. Diego Andrade diz :

    Primeira vez que venho aqui e me proponho a participar. Bom, não vou fazer as vezes de representante da emissora em questão, mas tudo é questão de óptica, sendo que a minha consiste em observar que a ESPN incluiu em sua grade um tom mais humorado (que é bem consumido por grande parte dos espectadores, inegavelmente), mantendo em outros programas o tradicional jornalismo esportivo, crítico e investigativo. Outro ponto: a saída de Trajano foi mencionada no texto, porém sem a devida motivação, o que torna o texto incompleto. Creio que o autor sabe que Trajano saiu da ESPN após tratamento deselegante feito indiretamente a um convidado da emissora (talvez não o único motivo). Às vezes, o lado militante de um jornalista o faz exceder suas ações em âmbito profissional, e na ESPN havia, e ainda há, um ou outro caso assim, ao meu ver. Obrigado e abraços.

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