Subindo A Linha

Fim dos jejuns

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Os campeonatos estaduais de 2018 chegaram ao fim. Com ele, diversos clubes gritaram “É campeão” após anos na fila. Em raras exceções, o título se manteve na mão do hegemônico local. É o fio de esperança que os campeonatos regionais precisavam para se manterem firmes para o próximo ano.

CENTRO-OESTE

Começamos pelos dois maiores jejuns. Na capital federal, o tradicional Sobradinho, que figurou na primeira divisão do Campeonato Brasileiro em 1986, se sagrou campeão após 32 anos. Foi o terceiro título alvinegro e o maior campeão é o Gama, com 11.

O Leão da Serra, fundado por operários, revelou Dimba ao futebol e tinha como presidente o ex-volante Túlio, destaque do Botafogo da década passada. Túlio saiu do clube após o Sobradinho perder a vaga para a Copa Verde deste ano, mas mantém contato com a equipe. Com o título, o Leão garantiu vaga para a Copa do Brasil, Copa Verde e Série D de 2019.

No Mato Grosso do Sul, o título voltou às mãos do maior campeão. O Operário levou o troféu após 21 anos e soma 11 canecos, frente a 9 do Comercial. No período do jejum, outras 10 equipes se sagraram campeãs enquanto o futebol do estado se apequenava nas competições nacionais. Vale lembrar a goleada sofrida pelo Naviraiense, em 2010, para o Santos de Neymar, Ganso e companhia na Copa do Brasil por 10 a 0.

Nos outros dois estados da região, deu a lógica. Goiás e Cuiabá mantiveram a recente hegemonia estadual e se solidificam como potência regional. Em Goiás, o esmeraldino levantou o quarto caneco seguido, sexto em sete edições, e ampliou a distância para o rival Vila Nova em número de títulos: 28 a 15. O Vila segue sem título desde 2005 e viu seu maior rival vencer oito títulos no período.

Em Mato Grosso, o Cuiabá continua fazendo história rumo ao topo do futebol do estado. Fundado em 2001, o clube se mantém na Série C do Campeonato Brasileiro desde 2012 e conquistou o bicampeonato neste domingo.

Ao todo, o Dourado soma oito títulos estaduais, sendo seis nas últimas 8 edições do torneio. A frente o Cuiabá estão somente Mixto, com 24 títulos, e Operário de Várzea Grande, com 12, mas que também estão em longo jejum, 10 e 16 anos, respectivamente.

NORTE

Após dois vice-campeonatos seguidos para o rival Atlético, o Rio Branco voltou a se sagrar campeão acriano. O maior campeão do estado soma 47 títulos frente a apenas 14 do segundo maior vencedor, o Juventus. O Estrelão disputará a Série D ainda neste ano e, caso não volte à Série C, possui vaga garantida para a quarta divisão nacional de 2019.

No Pará, outra equipe voltou a ser campeã após dois títulos do rival. O Remo venceu o Paysandu evitando o tricampeonato bicolor e seguindo na cola do Papão em número de títulos: 47 a 45.

O título do Bicolor foi acompanhado de diversas figurinhas carimbadas do futebol nacional e mostra a força do Remo para a Série C. O time do atacante Marcão e do técnico Givanildo Oliveira (tricampeão estadual – 2016 com o América-MG e 2017 com o Ceará) venceu o quarto clássico diante do Paysandu na temporada e enche o torcedor de esperança para voltar à segunda divisão nacional.

No Amazonas, nada de jejum. O bicampeão é o novato Manaus FC. Fundado por dissidentes do Nacional, o Gavião de apenas três anos de idade e dois títulos estaduais derrubou o gigante Fast por 4 a 0 na Arena da Amazônia e garantiu vaga para a Série D, Copa do Brasil e Copa Verde 2019.

NORDESTE

No Maranhão, mais jejum quebrado. Desta vez, a espera durou pouco mas foi sofrida. O Moto Club voltou a ganhar o título estadual após apenas um ano na fila, mas 2017 marcou um ano trágico ao Papão.

Após título estadual e um quarto lugar na Série D, em 2016, o que garantiu acesso à Série C no ano seguinte, o Moto viu tudo dar errado em 2017. No estadual, vice-campeonato para o maior rival, Sampaio Corrêa. Na série C, rebaixamento e, de quebra, ainda viu a Bolívia conquistar acesso à segunda divisão nacional.

Em 2018, o título veio em cima do Imperatriz após vitória por 3 a 0 em São Luiz e derrota por 2 a 1, no interior do estado. Com a conquista, o Moto Club garantiu vaga na Série D 2019, caso não conquiste o acesso neste ano, e disputará a Copa do Brasil do ano que vem.

Nada de jejum e bicampeonato no Ceará. O Vovô bateu o badalado Leão de Rogério Ceni e vem com tudo para a Série A. Apesar da derrota, o Fortaleza também apresentou futebol de dar esperanças ao torcedor rumo à elite do futebol nacional. O título veio com duas vitórias por 2 a 1 do alvinegro frente ao tricolor.

O único campeão estadual que já havia conquistado o título antes deste fim de semana foi o ABC. O alvinegro potiguar conquistou o tricampeonato, somando 54 títulos estaduais e bateu o recorde mundial de títulos de uma mesma competição, ultrapassando o Rangers, 53 vezes campeão escocês.

O título do ABC veio após o clube vencer os dois turnos do torneio e automaticamente levantar o caneco sem a necessidade de finais.

Outra hegemonia se manteve em 2018. Foi na Paraíba, onde o Botafogo se sagrou bicampeão ao bater o Campinense e chegou a 29 títulos estaduais. A Raposa segue com 20 campeonatos, na segunda colocação.

No segundo semestre, o Botafogo disputa a Série C do Campeonato Brasileiro com elenco recheado de medalhões, Gladstone (ex-Cruzeiro, Palmeiras e Juventus-ITA), Marcos Aurélio (ex-Corinhtians, Santos, Sport, Coritiba, Bahia, Internacional, Ceará, e por aí vai), Rafael Jataí (ex-América-MG, Atlético-MG, Guarani e Bahia, entre outros), Felipe Cordeiro (ex-Atlético-MG) e o goleiro Saulo (ex-Santos e Figueirense).

Outros dois grandes jejuns finalmente chegaram ao fim no Nordeste. Após 14 anos, o Náutico se sagrou campeão pernambucano. O rebaixamento para a Série C em 2017 parecia desestruturar a equipe que, devendo salários, e ainda não contava com os Aflitos.

Mas o Timbu contou com péssimas campanhas de seus rivais, ao longo do ano e enfrentou o Central, estreante em decisões estaduais, para levar o 22º título. A conquista dá forças à equipe que busca voltar à segunda divisão nacional, juntamente com o Santa Cruz, que ficou ainda nas quartas-de-final do estadual.

Em Alagoas, a espera foi um pouco menor. 10 anos separavam o último título do CSA, maior campeão estadual. Mas, após o título da Série C 2017, o azulão montou equipe forte, bateu o CRB por 2 a 0, depois de perder a primeira partida por 1 a 0, e se juntará ao Galo na segunda divisão nacional. Grandes clássicos à vista. Ao todo, são 38 títulos azuis, contra 30 vermelhos.

Na Bahia, o jejum foi ainda menor, 3 anos. Após dois vice-campeonatos para o Vitória, o Bahia chegava à decisão após clássico vergonhoso na fase de grupos. Na ocasião, uma briga generalizada acabou por falta de jogadores em campo por parte do Leão e parece que o evento motivou o Tricolor de Aço.

O 47º título do Esquadrão veio após duas vitórias incontestes e muita festa e violência por parte das torcidas. O Bahia segue na liderança em conquistas, 47 tricolores contra 29 rubro-negros.

As equipes se voltam para a disputa do campeonato brasileiro e precisarão do apoio das arquibancadas para voltarem a figurar na parte de cima da tabela. Para tanto, é necessário acabar com a violência, para evitar perdas de mando.

SUDESTE

10 anos também foi o tempo de espera do campeão Capixaba. O Serra voltou da segunda divisão estadual direto para o título que não vinha desde 2008. No período, seis equipes venceram o torneio enquanto o Serra lutava para se manter na primeira divisão.

Este foi o sexto caneco da equipe, quarta maior campeã estadual, atrás de Rio Branco (37), Desportiva (18) e Vitória (9). Com o título, a Cobra Coral garantiu vaga para a Copa Verde, Copa do Brasil e Série D de 2019.

Em Minas Gerais, o Cruzeiro voltou a ser campeão após dura sequência de 3 anos sem título. Na década, este foi apenas o terceiro título celeste contra 5 do Atlético e 1 do América.

A sequência de fracassos da Raposa no estadual conflitavam com o sucesso nacional da equipe, bicampeã brasileira e campeã da Copa do Brasil na década. Entretanto, sucessivas derrotas em clássicos faziam com que o torcedor ficasse com um pé atrás com a equipe.

O título confirma o favoritismo cruzeirense e dá motivação para que a equipe se recupere na Libertadores no grupo da morte. A derrota por 3 a 1 no primeiro jogo, após o Galo abrir 3 a 0, parecia decretar mais um ano sofrido aos cruzeirenses. Mas a vitória por 2 a 0 na partida de volta garantiu  o 37º título mineiro celeste, somado a 1 supercampeonato mineiro, frente a 44 do maior campeão, Atlético.

No Rio de Janeiro, o Botafogo venceu o carioca naquela que foi a mais emocionante decisão estadual de 2018. Após um péssimo e vazio campeonato carioca, repleto de estádios vazios, clássicos que nada valiam e campeões de turno fora da decisão, a final conseguiu compensar com sobras o desanimo carioca.

Na primeira partida, o Botafogo saiu na frente, tomou a virada, empatou a partida e levou mais um gol para perder por 3 a 2 para o Vasco da Gama. Uma partida fantástica, com gols bonitos e reviravoltas.

No segundo jogo, o Botafogo precisava vencer por um gol para levar a partida para os pênaltis. E o tento saiu aos 49 do segundo tempo. Nos pênaltis, Gatito pegou duas cobranças, contra uma por Martín Silva, e encerrou o jejum de 5 anos sem títulos cariocas. No período, o Botafogo perdeu duas decisões, justamente para o cruzmaltino. Este foi o 21º título do Botafogo, contra 24 do Vasco da Gama, 31 do Fluminense e 34 do Flamengo.

Para o restante do ano, porém, o sinal de alerta segue ligado para os finalistas do Carioca. O Botafogo foi eliminado na Copa do Brasil para a Aparecidense, de Goiás, enquanto o Vasco segue sem vencer no Grupo da Morte na Libertadores e ambas as equipes mostraram deficiências que podem comprometer o desempenho no Campeonato Brasileiro.

Em São Paulo, a disputa mais polêmica, mas nada de jejum. O Corinthians se sagrou bicampeão paulista, ampliando sua vantagem (29 a 22 de Palmeiras e Santos). Os jogos da decisão foram muito brigados, com duas expulsões no primeiro jogo e pênalti marcado e revertido no segundo.

O placar foi o mesmo nos dois jogos, 1 a 0 para a equipe visitante e, como no carioca, decisão nos pênaltis. O título veio nas mãos de Cássio, que defendeu as cobranças das estrelas Dudu e Lucas Lima, o que garantiu a vitória corinthiana na casa do rival.

SUL

No Paraná, pelo terceiro ano, Atletiba. Diferentemente do ano passado, porém, o Atlético venceu o campeonato e conquistou o 24º título, frente a 38 do maior rival. Na partida de ida, 1 a 0 para o Coxa. Na volta, muita pressão do Furacão e dois a zero no placar.

O Atlético, treinado por Fernando Diniz, mostra um futebol de passes e técnica e já mostrou que pode sonhar alto nas competições nacionais. Pela Copa do Brasil, venceu o jogo de ida do São Paulo por 2 a 1, e conseguiu manter uma boa base para este ano. O Coxa disputa a Série B e tenta voltar à primeira divisão.

Em Santa Catarina, mais um jejum chega ao fim em mais uma fórmula esdrúxula. O Figueirense levou o 18º título estadual, se mantendo no topo, contra 16 do Avaí, 12 do Joinville, 10 do Criciúma e 6 da Chapecoense.

Durante o campeonato, Figueirense e Chapecoense se revezavam no topo da tabela até que a Chape se distanciou e abriu larga vantagem na tabela. Entretanto, após 18 rodadas, o regulamento previa final em jogo único na casa do melhor do primeiro turno. Resultado: vitória do Figueira na Arena Condá e título alvinegro. Foram 2 anos de títulos da Chape que não viu o sonho do tri inédito se realizar.

No Rio Grande do Sul, festa tricolor. O torcedor gremista está em lua-de-mel com a equipe. Após o penta da Copa do Brasil 2016, tri da Libertadores 2017 e inédito rebaixamento do rival sem a conquista da série B, o Grêmio se sagrou campeão gaúcho após 8 anos.

O campeonato gremista teve sabor especial pelo fato de o Grêmio figurar na zona de rebaixamento por metade do torneio, enquanto jogava com equipe reserva, e sofrer para se classificar à próxima fase. Na última rodada, vitória sobre o rival no Beira-Rio e garantia de clássico logo nas quartas-de-final.

No mata-mata, 3 a 0 para o Grêmio na Arena, e derrota por 2 a 0 na casa do adversário que classificou o Tricolor. Dali para frente só deu Grêmio. 3 a 0 no Avenida, 4 a 0 e 3 a 0 no Brasil de Pelotas. Campanha digna de campeão.

Este foi o 37º título do Grêmio contra 45 do Internacional. O tricolor volta suas atenções para a Libertadores em busca do tetracampeonato sob comando de Renato Gaúcho, que prometeu ficar no clube.

José Eduardo

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