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Por que o Flamengo deve jogar com dois atacantes

Raphael Felice

A torcida rubro-negra estava animada com a sequência de duas vitórias do Flamengo contra Chapecoense e Coritiba. Porém, muita gente já desanimou bastante após a derrota de 2×0 sofrida ontem contra o Altético-MG. Depois da derrota para o Vasco, então…

Animar-se muito pelas vitórias citadas era de certo um exagero, assim como achar que vai tudo por água abaixo por conta da derrota contra uma forte equipe contra a do Galo, uma partida que o Flamengo começou bem, pressionando o adversário, mas depois perdeu um pouco da pegada e se puniu através de um gol contra de Samir. A partir daí, a equipe não se encontrou mais na partida, devido a compactação da defesa atleticana.

Mais uma vez, o Fla esbarrou na ausência de um jogador criativo para criar boas jogadas ofensivas. Apesar de Sheik ter jogado bem e ter dado bons passes, era muito pouco para o time. Everton, Gabriel ou correm ou pensam e como eles só correm, o Fla não consegue criar jogadas quando o adversário está compactado, portanto, jogar com 2 atacantes talvez seja a melhor opção para os rubro negros.

Se o time entrar em campo num 4-4-2 com dois volantes e dois meias mais centralizados como Arthur Maia e Alan Patrick a equipe vai ganhar o meio de campo e com Sheik e Guerrero compondo a dupla de ataque, o Flamengo tem tudo para melhorar e vai ter 4 jogadores com mais qualidade para criar do que o time vem tendo, uma vez que as jogadas pelas laterais já estão manjadas e vem sendo facilmente marcadas pelos adversários. Outra opção seria um 3-5-2 com dois alas, dois volantes e um meia. Dessa forma, o meio de campo vai ficar ainda mais povoado e o time ainda terá opção de jogadas pelas laterais por intermédio de seus alas.

Mas por que o time deveria jogar com dois atacantes?
Bom, uma equipe que tem como seu maior problema a criação de jogadas e tem dois atacantes que além de finalizar, sabem jogar fora da área, a melhor opção é jogar com os dois. O time vai ter dinamismo, tanto pelas pontas quanto pelo meio. Guerrero sabe cair pelos lados, tanto que chegou a jogar aberto na esquerda no Corinthians de Mano Menezes e era um dos donos do time e Sheik, que fez muito sucesso na equipe corinthiana jogando de ponta, jogava como segundo atacante no Flamengo ao fazer dupla com o Imperador de obteve muito sucesso, disputando inclusive a artilharia da equipe com ele.

Então, Emerson e Paolo Guerrero jogando juntos no ataque podem fazer muitas tabelas e muitos gols, tendo tem tudo para reeditar o sucesso que obtiveram no Parque São Jorge.

O papelão de Leo Moura e o sentimento do torcedor

Pedro Abelin

“Oooooo… Léo Moura eterno!” Este foi o grito que Leo Moura ouviu da torcida em sua despedida do Flamengo. Em um amistoso contra o Nacional do Uruguai que contou com a presença de mais de 30 mil torcedores, Leo Moura deu adeus ao clube que torcia desde criança. Uma justa e rara homenagem para um jogador que vestiu a camisa rubro-negra por quase dez anos.

“Não me vejo vestindo outra camisa”, disse Leo Moura em sua despedida do Flamengo.

Leonardo Moura marcou história no Flamengo. O jogador, que encerrou sua passagem como capitão do Flamengo, entrou em campo 519 vezes pelo clube carioca e teve sua passagem marcada por diversos títulos, como o Campeonato Carioca, Copa do Brasil e o inesquecível Brasileirão de 2009. Dessa forma, Leo Moura adquiriu o status de ídolo inquestionável da torcida flamenguista. Como já foi abordado em outro texto por aqui, o futebol brasileiro, na sua carência de ídolos, obriga suas torcidas a desenvolverem relações imediatistas de idolatria com os jogadores. Muitos atletas se consideram ídolos com apenas dois anos de passagem no clube. Não é o caso de Leo Moura. A relação do jogador com a torcida flamenguista foi louvável e fora do comum, e me arrisco a dizer que todos os torcedores gostariam de ter um ídolo como a torcida do Flamengo tem Leo Moura (ou teve).

O futebol vive de ídolos. O futebol é extremamente passional. Nós, amantes do esporte bretão, somos capazes de odiar e amar um mesmo jogador em um curto espaço de tempo. E é por isso que o futebol é tão fantástico, pois ele torna possível e real o caminho da redenção. A jornada de jogadores que passam de vilões a heróis são intrínsecas ao futebol e contribuem para tornar o esporte mais emblemático. Entretanto, o futebol também permite que o caminho inverso seja feito. O ídolo que se torna vilão.

Após cerca de três meses fora do Flamengo, Leonardo Moura foi anunciado pelo Vasco da Gama, o maior rival do seu ex-clube. Depois da péssima repercussão entre os torcedores rubro-negros, o lateral desistiu de jogar no clube cruzmaltino. Será que a reação dos torcedores flamenguistas foi inesperada ou desmedida? Leonardo Moura acreditou que os torcedores do clube pelo qual jurou amores iriam aceitar bem que o jogador vestisse a camisa do rival?

Estamos mais do que acostumados a ver jogadores dos nossos times se transferirem para clubes rivais, isso se tornou normal no futebol. No entanto, isso também indica o quanto a revolta dos torcedores flamenguista não é banal, pois o torcedor apenas se incomoda com essa situação quando o jogador que vai para o rival é um ídolo. No caso de Leo Moura, um ídolo fora do comum. O sentimento de muitos flamenguistas é de traição. E olha que o jogador desistiu de ir para o rival, o que gerou uma situação extremamente desconfortável para todas as partes. O resultado disso tudo é que Leo Moura, em apenas dois dias, conseguiu a proeza de ficar em maus lençóis com as torcidas de Flamengo e Vasco.

Não proponho aqui uma crucificação de Leo Moura. Creio que sua bonita história no Flamengo não será apagada, mesmo que agora possa ser ofuscada na lembrança de alguns flamenguistas. Também repudio qualquer tipo de manifestação violenta direcionada ao jogador.  Entretanto, creio que os torcedores têm total direito de mostrar sua insatisfação. Da mesma forma, os jogadores precisam considerar e respeitar o sentimento daqueles que os fizeram ídolos. Afinal, como falado inúmeras vezes nesse blog, o futebol vive de ídolos, e assim como os clubes devem ter a sabedoria e sensibilidade de valorizar os seus ídolos, os atletas também necessitam cuidar melhor da relação com os torcedores. Esse caso apenas demonstra o quão mal assessorados são alguns jogadores. Leonardo Moura desistiu da transferência para o Vasco e diversos torcedores não perdoam o ex-flamenguista. Outros não consideram tão grave a quase transferência para o rival. Respeitando as mais variadas posições, que não nos esqueçamos de prezar pelo sentimento e pela identidade que nos torna amantes do futebol: o ser passional.

Dois Maracanãs

“Será” que o público do Maracanã mudou?

Raphael Felice

O Maracanã, um dia, foi o maior estádio do mundo. Desde a sua construção, passou por uma série de obras. Por um bom tempo teve as famosas gerais, cadeiras azuis (no lugar do antigo setor de geral) colocadas para os jogos Pan Americanos, mas até aí, o estádio tinha sua identidade intacta.
Eis que 2014 o Brasil é escolhido para sediar a Copa do Mundo e claro, mais uma vez o emblemático Maracanã fora escolhido para ser o palco da final e novamente, passou por mais uma recauchutagem. As obras, tinham tudo para fazer o templo do futebol mundial ainda mais bonito e imponente. Mas a recauchutagem, se revelou uma mutilação e numa multiplicação ao mesmo tempo. O Maracanã havia virado dois. Após ficar pronto, ele se tornou o Novo Maracanã. O antigo foi mutilado, as únicas “semelhanças com o Maraca original são as lembranças, histórias e claro, sua localização. O estádio mais representativo do futebol brasileiro, (quiçá mundial) detentor do recorde de público em uma partida de futebol, teve sua essência perdida, por conta de exigências com fins totalmente corrupto-financeiros da FIFA e aceitas prontamente pela também nada honesta e incompetente CBF.
Mas isso não é o mais grave. As obras superfaturadas (assim como todos os estádios da Copa) do Maracanã, juntamente a administração “gourmetizada” do estádio foram sentidas. E advinha quem pagou, ou melhor, não está podendo pagar o pato de tamanho descaso e corrupção? O torcedor, os “geraldinos” os frequentadores “eternos” do Maracanã não podem mais acompanhar seu time do CORAÇÃO de forma assídua no estádio, devido ao preço elevado dos ingressos. Já não bastasse o futebol de baixo nível, o torcedor que mora nas favelas cariocas (que sempre foi grande frequentador dos estádios) muitas vezes não dispõe de 60 reais o ingresso mais barato) para ir ao jogo do seu time. O mesmo cara que pagava menos (bem menos) para assistir um jogo em épocas onde o campeonato brasileiro era o melhor ou um dos melhores do mundo, é “obrigado” a pagar um valor muito superior para assistir o seu time, num campeonato taticamente atrasado e de nível técnico baixo se comparado aos grandes centros da Europa.

Não estou dizendo que rico não sabe torcer e nem que os estádios não devam ser modernizados. O que eu, e todos os amantes do futebol queremos é que nossos costumes e a história dos nossos estádios sejam respeitados. Acima disso, desejamos que todo o torcedor tenha mínimas condições de prestigiar a sua grande paixão. Futebol não é apenas um espetáculo que as pessoas vão para admirar e aplaudir, não é uma peça de teatro ou um filme. Futebol envolve paixão, amor e todos os sentimentos existentes no mundo. “Apenas” por isso, cobrar preços justos e acessíveis para que todos nós, APAIXONADOS possamos apoiar, sentir e viver a emoção de jogar junto com nossos times do coração em qualquer estádio. Por um futebol com menos fãs e mais TORCEDORES.

Podcast – Prévia Timão x Inter, Coxa x Fla

O Subindo a Linha faz a prévia dos jogos Corinthians x Internacional, comentando a situação atual dos clubes e Coritiba x Flamengo, com um debate sobre a maior necessidade do Fla: um camisa 10.

Confira o Podcast na Íntegra

Guia do Brasileirão Subindo a Linha – Parte 3

José Eduardo

Os times de hoje são Fluminense, Flamengo, Cruzeiro, Sport e Grêmio. Os times devem integrar a lista dos coadjuvantes da parte de cima da tabela. Vai ser difícil tirar pontos deles, mas não impossível.

Fluminense
Fred
(O ídolo Fred terá de comandar a meninada do Flu rumo ao topo)

Ponto forte: Fred
Ponto fraco: Dinheiro, ou falta dele
Fique de olho: Gerson
Time base: Diego Cavallieri, Renato, Gum, Antônio Carlos, Giovanni, Edson, Jean, Wagner, Gerson, Vinicius, Fred

Outro clube que viveu um início de temporada terrível por motivos financeiros foi o Fluminense. O tricolor encerrou uma parceria de 15 anos com a patrocinadora Unimed, principal aliada do clube para trazer jogadores.

Sem a Unimed, o Nense teve de vender grande parte do seu Time de Guerreiros. Conca, Sóbis, Chiquinho, Bruno, Valencia, Cícero e Walter deixaram o clube que encontrou dificuldades para contratar jogadores bons e baratos.

Uma dessas boas contratações foi Vinicius. O jogador ex-Náutico se encaixou bem no meio-de-campo. Unindo os ídolos restantes, como Cavallieri, Gum e Fred, com jogadores da base, o Flu, que poderia ser apontado como possível rebaixado no início do ano, busca a parte de cima da tabela.

O jovem Gerson é a promessa do clube. O jogador já está sendo procurado por Juventus e Barcelona e, se ficar pode ajudar bastante o time das Laranjeiras.

Palpite: MEIO DA TABELA

Grêmio
Roger
(Roger tenta repetir o sucesso que teve como jogador, agora no banco)

Ponto forte: Roger Machado
Ponto fraco: Banco de Reservas
Fique de olho: Luan
Time base: Marcelo Grohe, Rhodolfo, Pedro Geromel, Marcelo Oliveira, Walace (Fellipe Bastos), Maicon, Luan (Douglas), Giuliano, Pedro Rocha, Yuri Mamute

O tricolor gaúcho perdeu as principais peças para a temporada. Com a política de reduzir a folha de pagamento, o Grêmio negociou Barcos, Marcelo Moreno, Kléber (que estava afastado), Matias Rodríguez, Riveros, Werley, Bressan, Zé Roberto, Pará e Dudu.

A missão do ex-técnico Luiz Felipe Scolari era quase impossível. E o comandante do 7 a 1 fez jus ao passado recente. Abandonou o time e foi ao vestiário com a bola ainda rolando, contra o Veranópolis, pelo campeonato gaúcho, perdeu a decisão para o Inter e foi demitido.

Mas a chegada de Roger, campeão da Libertadores 1995 com o clube, deu ânimo o Imortal.
Considerando as limitações do time, Roger conseguiu incentivar os jogadores da base que, com velocidade, fazem do ataque sempre morno do Grêmio uma boa opção.

A zaga se manteve como no ano anterior. Sólida e difícil de ser penetrada.

O jovem Luan é quem controla as saídas de bola e criação do Grêmio, com ajuda do ex-colorado Giuliano. O experiente Douglas, com Roger, acabou sacado dos 11 titulares mas ainda é uma boa opção.

Mas a falta de cancha e rodagem dos jogadores pode pesar em jogos fora da Arena (confesso que havia escrito Olímpico e corrigi. Saudades!)

Palpite: MEIO DA TABELA

Sport
Leão
(O rugido do leão cada vez mais alto)

Ponto forte: Eduardo Baptista
Ponto fraco: Banco de Reservas
Fique de olho: Diego Souza
Time base: Magrão (Danilo Fernandes), Samuel Xavier, Matheus Ferraz, Durval, Renê, Rithely, Wendel, Diego Souza, Élber(Neto Moura), Maikon Leite, Mike

Único representante do Nordeste na Série A, o Sport tem que estar confiante. A diretoria agiu com profissionalismo invejável e entra na competição empolgando o Brasil.

O primeiro acerto foi a manutenção do técnico Eduardo Baptista. O comandante entra na sua segunda temporada à frente do Leão com o sentimento de que se pode fazer história.

O Leão iniciou a temporada avassalando o Campeonato Pernambucano. O terceiro lugar após a final com o Salgueiro esconde a campanha do time na primeira fase (ou segundo turno, onde os times que disputam a Copa do Nordeste entram). Foram 10 jogos, com 8 vitórias, duas delas contra o Náutico e uma goleada pra cima do Santa Cruz.

Na Copa do Nordeste, o time chegou às semifinais, sendo eliminado pelo Bahia na Fonte Nova.

Mas no Campeonato Brasileiro, o time entra na 7ª rodada invicto e com um grande futebol. Diego Souza chama a responsabilidade e a experiência de Durval e Wendel segura a defesa.
A nota triste é a negociação do jovem Joelinton para o Hoffenheim, da Alemanha. Por isso, o Leão não chegará ao g4 mas fará uma excelente campanha, representando muito bem o Nordeste

Palpite: VAI DAR TRABALHO

Flamengo
Shiek
(Sheik volta para tentar, novamente, fazer história)

Ponto forte: Guerrero
Ponto fraco: Defesa
Fique de olho: Alan Patrick
Time base: Paulo Victor, Pará (Luiz Antônio), Wallace, Samir, Armero, Jonas, Márcio Araújo, Canteros, Alan Patrick (Gabriel), Emerson (Eduardo da Silva), Guerrero (Marcelo Cirino)

As contratações neste meio de ano elevaram o Flamengo de um possível rebaixado para um time que busca o topo.

O Fla iniciou a temporada criticado por ter contratado apenas Jonas e Marcelo Cirino para reforçar o time que passou dificuldades na temporada passada.

No Carioca, não convenceu. Chegou às semifinais mas foi eliminado pelo Vasco. Mas a diretoria, que vem fazendo um bom trabalho de re-estruturação financeira, resolveu abrir os cofres e contratar os herói da Libertadores do Corinthians – Sheik – e do mundial do Timão – Guerrero. Além deles, Alan Patrick promete dar um jeito no meio campo flamenguista que sofre dificuldades para criar jogadas.

O problema é que o trio deve demorar a estrear. Até lá, a maior torcida do mundo deve ficar preocupada com os gols bobos que o time vem sofrendo e com a falta de tentos marcados.

Se o time der liga, empolga. Se não, problemas à vista. Mas a lógica é o time demorar para entrosar mas ganhar respeito e pontos ao longo do campeonato.

Palpite: VAI DAR TRABALHO

Cruzeiro
Fábio
(O bicampeão brasileiro é passado)

Ponto forte: Retrospecto
Ponto fraco: Diretoria Amadora
Fique de olho: De Arrascaeta
Time base: Fábio, Mayke, Manoel (Dedé), Bruno Rodrigo, Mena (Fabrício), Henrique, Willians, Arrascaeta(Alisson), Marquinhos, Willian, Leandro Damião

O atual bicampeão brasileiro entra com o moral baixo no Brasileirão. Após ver a diretoria vender 5 titulares do bicampeonato e mais os principais reservas, e dispensar o técnico Marcelo Oliveira, o Cruzeiro busca fazer um papel digno na edição deste ano.

O destaque vai para o jovem de Arrascaeta, que, com apenas 20 anos, é o destaque das contratações, ao lado de Leandro Damião.

Outro ponto positivo foi o fim do tabu de 11 jogos sem vencer o rival, que foi findado na última rodada, em pleno Horto.

A vida do Cruzeiro será complicada neste campeonato, já que de Arrascaeta desfalca o Cruzeiro para vestir outro manto celeste, o do Uruguai pela Copa América.

Sem o craque, o recém-chegado Vanderlei Luxemburgo terá de quebrar a cabeça para montar o time.

O treinador campeão da tríplice coroa em 2003 com o clube já conseguiu 2 vitórias nas duas primeiras rodadas. Mas o trabalho será de recuperação, na tabela e do ego do time, acostumado com o topo.

Palpite: BRIGA PELA LIBERTADORES

Podcast 1 – Internacional Classificado, Vexame do Cruzeiro

Primeiro podcast do Subindo a Linha. Ainda em testes.

Neste primeiro episódio, discutimos a classificação do Internacional, o vexame do Cruzeiro, a saída de Guerrero, a dança das cadeiras, que derrubou muitos técnicos dos cargos e o placar da rodada.

1º Bloco 0’00”
Manchetes

2º Bloco 1’50”
Classificação do Internacional
Vexame do Cruzeiro

3º Bloco 17’00”
Saída de Guerreiro
Dança das Cadeiras

4º Bloco 41’10”
Palpites da rodada

Além disso, sugerimos o podcast do canal Trivela, discutindo as prisões de José Maria Marin e outros envolvidos em esquemas de corrupção da FIFA.

Nesta edição, José Eduardo, Alexandre Falcão, Pedro Abelin e El Loco

GRITA TORCEDOR: Malandragem, dá um tempo

André Porto

O tempo pode passar à vontade, mas enquanto crianças nascerem, crianças terão um templo sagrado para suas brincadeiras: a rua.

Tecnologias e Playstations à parte, do portão de casa para fora, as brincadeiras mantêm suas regras e todo o seu ritual. Tão normal quanto jogar bete, bola ou bolinha de gude é a vontade de ganhar e ser o dono da rua. Da mesma forma, o respeito por quem está ali com você também persiste, principalmente naquele momento em que a mãe chamou para tomar banho, para jantar ou porque o dedão do pé não está mais aguentando o ritmo.
Independentemente do motivo, é o momento que se precisa “pedir altas”. Todos os outros participantes daquele espetáculo das ruas estão de acordo, sabendo que o jogo voltará em breve e a vida seguirá tranquilamente.

Não posso garantir, mas desconfio que o Fair Play, tão falado ultimamente pela imprensa esportiva, teve origem em alguma rua por aí, com golzinhos feitos de chinelo. Não há gesto mais nobre durante uma partida de futebol do que se abrir mão de uma posse de bola em virtude do bem-estar físico do adversário. Lesionou, pediu altas, bola para fora.

O problema é que isso não é uma regra. E nem precisou ser para ter exceções. Sendo um simples acordo de bom convívio entre os jogadores, o Fair Play entraria em campo sempre com uma justa causa. Seria assim, mas não é, muito por causa da malandragem boleira, que atualmente está mais presente nas nossas arenas futebolísticas que capuccinos. Todos ali sabem que ainda não é exigido um diploma de medicina para estar em um estádio. Forjar uma contusão quando se convém é burlar o Fair Play. É um recurso (desonesto) para fazer o ponteiro do relógio correr mais rápido e a vitória do seu time não fugir pelas mãos. Mas acaba sendo também o reflexo da mediocridade que insiste em aparecer no futebol, revelando cada vez mais a cultura do um a zero.

Infelizmente, o jogo bem jogado acaba valendo menos que 3 pontos, e por isso, perde a prioridade. A desconfiança reina onde os diagnósticos não estão. O juiz é dono da ordem, mas não pode querer ser doutor e interferir no prosseguimento da partida, se a bola está em jogo.

Indo mais a fundo, é um reflexo até da hipocrisia da sociedade que exige honestidade de todos, enquanto fura fila no supermercado. A devolução da bola ao adversário vem sempre acompanhada de um asterisco, que representa a situação de vitória ou derrota do seu time naquele momento do jogo. Algo que nasceu nobre acaba banal nas mãos dos malandros.

No último domingo, no Maracanã, tivemos um exemplo do dilema que o Fair Play acaba causando. Já no fim da partida, Élber, do Sport, vai ao chão sentindo muito, enquanto a bola está em jogo e, logo na sequência, nas mãos do goleiro pernambucano. Vendo seu companheiro estirado no gramado e sentindo dores dignas de um parto, o goleiro pernambucano põe a bola para fora e coloca o Flamengo na posição de decidir se segue ou não o Fair Play. Simultaneamente à viagem da bola para fora das 4 linhas, Élber se levanta, pronto para defender o 2×1 que o gol dele tinha colocado no placar, favorecendo o Sport. Ao cobrar o lateral, os flamenguistas acabam não se abalando por estarem presentes in loco a um milagre da medicina, não devolvem a bola e vão em busca do gol de empate, que logo aparece. O apito final decretou o 2×2 e a certeza por parte do Sport de que o juiz e o mau-caratismo carioca tinham sido os responsáveis pela perda de 2 pontos.

O fato é que nunca saberemos a veracidade das câimbras. E mais: o goleiro do Sport colocaria a bola para fora, caso estivessem perdendo? Élber sentiria câimbras, caso o placar não fosse favorável a eles? Teremos que exigir habilidades médicas de cada um dos 22 que entram em campo? Ou só a percepção de que um gesto tão humano com os companheiros de profissão merece um pouco mais de respeito é suficiente?

Uma discussão que não tem certos nem errados, e muito menos um fim em curto prazo. Enquanto isso, veremos lesões gravíssimas a todo instante, com uma dor mais forte que choque de pilha, fazendo de uma partida de futebol um palco de teatro recheado de atuações magníficas e muita malandragem.

Rivaldo aprendendo com o Edmundo, na final da Copa de 98, que o Fair Play tem seus momentos

Na Holanda, o Fair Play fez um golaço