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A busca pelo tri continua

José Eduardo

Após os duros combates nacionais nas oitavas, Cruzeiro e Internacional viajam para Argentina e Colômbia, respectivamente, para continuar em busca do tricampeonato.

Na fase anterior, o Cruzeiro venceu o São Paulo nos pênaltis, depois de jogar muito mal no Morumbi e se superar à base da raça, no Mineirão, e garantir a vaga com as rotineiras defesas de Fábio nos pênaltis.

O Inter também não teve vida fácil. Empatou com o Atético-MG em Belo Horizonte e venceu no Beira-Rio num agitado 3 a 1, com duas pinturas de Valdívia e D’alessandro.

Mas esta rodada promete manter o nível de dificuldade e emoção para os brasileiros que restam na Copa Libertadores.

O Cruzeiro vai ao Monumental de Nuñez encarar o rival – e freguês – River Plate. A partida tem histórico amplamente favorável ao time celeste, que venceu os Millonários na final da Libertadores 1976, na final da Supercopa 1991, nas quartas da Supercopa 1992 – que teve o Cruzeiro bicampeão – pela Mercosul nas edições 1998 e 1999, este último confronto, com direito a 3 a 0 celeste no Monumental.

Mas o River promete dar trabalho, já que eliminou o rival Boca Juniors em um confronto marcado pela violência da torcida Xeneize na Bombonera contra os jogadores dos Millonários.

Já o Colorado terá, teoricamente, mais facilidade. Pega o Independiente Santa Fé, na altitude de Bogotá. O Independiente ficou na nona colocação do Apertura e nem, sequer, se classificou para as quartas no colombiano. Quanto a altitude, o Galo já mostrou que não há o que temer. Na primeira fase foi à Colômbia e venceu. Pela lógica, uma vez que o Internacional já eliminou o Galo, dará Inter na semi. Mas a lógica nem sempre prevalece, conforme o Corinthians demonstrou ao perder para o fraco Guarani do Paraguai.

Os outros dois confrontos são Guarani-PAR x Racing-ARG e Emelec-EQU x Tigres-MEX. Quatro equipes mais fracas que River Plate e Santa Fé. Se passarem à semi, é a chance do tri, ou para Inter ou para Cruzeiro.

Velhos fantasmas: a derrocada corinthiana na Libertadores 2015

Pedro Abelin

Em 2011, o Corinthians foi campeão Brasileiro. Em 2012, na temporada mais gloriosa da história do clube, campeão da Libertadores e bi campeão Mundial. Sim, o período recente não é coerente com a alcunha de sofredor que os corinthianos reivindicam com tanto orgulho. Por isso, devido ao recente histórico vencedor, o “novo torcedor corinthiano” se acostumou a levantar taças e acreditou que determinados fantasmas já estariam exorcizados. Não foi o que se viu na noite de ontem.

A eliminação para o Guaraní do Paraguai pode ser explicada por diversos fatores, como a soberba, a afobação e o descontrole emocional. Contudo, os problemas do Corinthians são muito mais antigos e ficaram explícitos ontem: a equipe corinthiana tem extrema dificuldade de atacar – principalmente equipes retrancadas – e reverter placares desfavoráveis. E foi justamente com o discurso de fazer o time do Corinthians jogar de forma ofensiva que o técnico Tite foi contratado, afinal, o treinador havia realizado um ano de aperfeiçoamentos técnico, fazendo com que seu retorno ganhasse ares de sebastianismo e fosse comemorado antes mesmo de o time entrar em campo.

No início da temporada, a equipe corinthiana impressionou com um futebol intenso, com triangulações e infiltrações que relembravam o time campeão de 2012. O time merecidamente recebeu elogios, embora alguns setores da imprensa tenham mostrado uma empolgação desmedida. Para se ter ideia, o comentarista da Globo, Casagrande, ídolo do próprio time alvinegro, comparou o Corinthians com a Holanda de Cruijff e com a seleção brasileira de 1982.

O ano sabático parecia estar gerando resultados, pois Tite implantou um novo esquema 4 – 1 – 4 – 1, com ampla movimentação e infiltração dos meio campistas, e constantemente acionando a passagem dos laterais. As boas atuações de Elias e Fagner, e principalmente, a ofensividade que o time impunha, representavam o sucesso de um reformulado esquema que permitiu ao esquadrão alvinegro fazer a melhor campanha do Campeonato Paulista e se classificar com facilidade no grupo considerado mais difícil da Copa Libertadores.Nem tudo eram flores, no entanto.

Voltando ao jogo de ontem, a equipe corinthiana mostrou justamente o contrário: extrema dificuldade de infiltração na área paraguaia, sendo obrigado a se apoiar excessivamente nas fracassadas investidas dos laterais. Essa situação se deve ao fato de o Corinthians ter se tornado um time facilmente decifrável, problema que o próprio Tite viveu em 2011 e 2013 pelo próprio Corinthians. Ou seja, os adversários entenderam que pressionar a saída de bola dos laterais corinthianos e se atentar a infiltração de Elias minavam a criação da equipe do Corinthians.

Nesse contexto, o Guaraní cumpriu sua missão perfeitamente ao se portar de maneira serena e não dar espaços para o nervoso time corinthiano jogar. Aliado a isso, uma péssima noite de Guerrero e um time emocionalmente desequilibrado praticamente tornavam impossíveis a classificação corinthiana. Convém ainda lembrar que o Corinthians entrou pressionado porque fez uma partida horrorosa no Paraguai, onde se recusou a jogar e aceitou passivamente o jogo do Guaraní. A soberba ficou evidente quando foi definido o confronto entre os dois times, resultando em comemorações por parte da mídia esportiva e torcedores corinthianos, que já vislumbravam as quartas de finais e ignoravam completamente o time paraguaio.

O Club Guaraní, desconhecido no Brasil, venceu o Corinthians de forma incontestável, levando a loucura seus mais de 300 torcedores que marcaram presença na Arena Corinthians. A história em que gigantes são derrubados por times de menor expressão é recorrentena Copa Libertadores da América, concedendo um ar de imprevisibilidade que torna esta a competição mais apaixonante e mítica do planeta. Até o final dessa edição, outros times considerados favoritos irão cair, e a competição, mesmo que tenha um nível técnico questionado por muitos, seguirá sendo a mais pretendida pela América Latina.

A Libertadores já proporcionou momentos traumáticos para a fiel torcida. Entretanto, as duplas eliminações para Palmeiras e River Plate, e a vergonhosa eliminação para o Tolima aparentavam ter sido ofuscadas pelo histórico título de 2012. O Corinthians, que em determinado momento acreditou que havia expurgado os fantasmas da competição, hoje parece ter retornado aos tempos daquela obsessiva e conflituosa relação com a Taça Libertadores.

Vitória de Bicampeão

José Eduardo

Contestado. Desfalcado. Sem alma. O que não faltavam eram predicados péssimos, críticos a esse time do Cruzeiro. A torcida cobrava raça, meia-atacante, esquema de jogo, aparição dos craques. E, finalmente, o Cruzeiro jogou como devia jogar. Atual bicampeão brasileiro. Um time bicampeão da Libertadores e tetra da Copa do Brasil não pode temer o mata-mata e deixar o rival assumir o posto que sempre foi seu: campeão e copeiro.

A primeira partida parecia antecipar mais uma decepção. Cruzeiro apático, tomando pressão. Se não fosse seu capitão, maior ídolo, e melhor jogador, Fábio, o time celeste estaria eliminado ainda no Morumbi.

Mas quem tem Fábio, tem que confiar. Resultado final: 1 a 0 A missão celeste ainda era difícil. Vencer o São Paulo, seu maior algoz em pontos corridos.

A famosa freguesia é antiga. Mas em mata-mata, a história é diferente. 1995, o Cruzeiro vence a Copa Ouro nos pênaltis em cima do Tricolor. 2000, outra final entre Cruzeiro e São Paulo. E aos 43 do segundo tempo, Geovanni deu o título, o então tricampeonato da Copa do Brasil para Minas Gerais. 2009. Quartas de final de Libertadores. O Cruzeiro ganha as duas partidas do São Paulo. O São Paulo venceu o Cruzeiro na final da Recopa 1993, nos pênaltis e eliminou o time celeste em 2010, também nas quartas de final da Libertadores, como um ano antes. O retrospecto era azul. E quis o destino que a decisão fosse de novo para as penalidades máximas. 1 a 0 no Mineirão. Supremacia do Cruzeiro assim como o São Paulo o fez no Morumbi.

Jogos muito parecidos. Os mandantes dominando os visitantes. Aos 9 minutos, Leandro Damião fez o gol que decretou os penais. Nas cobranças, Rogério Ceni abriu o placar. Leandro Damião Perdeu. 1 x 0 Ganso e Marquinhos converteram. 2 x 1 Souza erra para o Tricolor e de Arrascaeta marca. 2 x 2. Luís Fabiano erra e Henrique marca. 2 x 3. Centurión marca e o Cruzeiro só dependia da conversão de Manoel para ir para a próxima fase. Mas o zagueiro errou. 3 x 3. Nas alternadas, Lucão errou para o São Paulo e Gabriel Xavier, jogador revelado no Soberano decreta a eliminação do time paulista. Cruzeiro classificado.

Classificado com raça, com garra, com organização, com meio-campo.