A hora e a vez do Galo

Pedro Abelin

O Clube Atlético Mineiro voltou a ser temido nas últimas duas temporadas. Depois de longos anos de muito sofrimento da massa atleticana, o Galo teve em 2013 um ano de virada na sua trajetória recente ao vencer pela primeira vez a Copa Libertadores da América. O título veio de maneira épica, a reboque de viradas espetaculares e muito drama. Que atleticano não lembra da  monumental defesa de pênalti de Victor contra o Tijuana ou do Gol de Leonardo Silva nos instantes finais da decisão do torneio? Essa jornada fez o torcedor atleticano gozar de uma euforia não sentida há muito tempo.

Em 2014, o roteiro não poderia ser diferente. O Atlético conquistou a também inédita Copa do Brasil, e o título foi marcado por diversos momentos emblemáticos, como as duas inacreditáveis viradas contra Corinthians e Flamengo, honrando mais do que nunca a alcunha atleticana de “Galo forte e vingador”. Mas acima de tudo, a conquista foi confirmada em duas incontestáveis vitórias na final contra o arquirrival Cruzeiro, e consagrou uma campanha de superação e reviravoltas, que estabeleceu de vez o Galo como protagonista do futebol nacional.

A ressurreição atleticana pode ser creditada a diversos elementos. Entre os principais, está o fator econômico: as últimas gestões do clube se pautaram pelo gasto excessivo na compra de jogadores. Muitas contratações não deram certo, mas é inegável que o Atlético passou a ser um clube mais gastador, que possibilitou a construção de elencos mais caros e qualificados – essa gestão pouco austera, contudo, deverá trazer problemas graves para o clube nos próximos anos, pois a equipe de Belo Horizonte tem hoje uma das maiores dívidas financeiras entre os clubes brasileiros. Mas o maior trunfo recente do Atlético é o Estádio Independência e a relação com sua torcida. O time criou  uma sinergia com seus torcedores que transformou o estádio no verdadeiro caldeirão, que propicia um ambiente extremamente hostil para os times visitantes e faz com que o Galo seja um dos mandantes mais temidos do Brasil. ( “caiu no Horto, tá morto!”)

Apesar do sucesso recente e dos títulos conquistados, ainda falta ao Galo voltar a vencer o Campeonato Brasileiro, troféu que o clube não leva desde 1971. Mas o torcedor atleticano têm vários motivos para acreditar que esse ano o jejum pode terminar. O Galo manteve a base vencedora do último ano e agora conta com o ótimo atacante argentino Lucas Pratto, melhor contratação do futebol brasileiro na temporada e que faz os atleticanos não sentirem falta de Tardelli. Além disso, o técnico Levir Culpi surpreendeu positivamente no seu retorno ao futebol brasileiro, ao apresentar uma equipe que pratica um futebol de alta velocidade e intensidade, que pressiona a saída de bola adversária, lembrando em alguns momentos o time treinado por Cuca. Porém, o maior indício da reinvenção de Levir é aquele que pode ser considerada uma das grandes contribuições do Galo ao futebol brasileiro: o fim das concentrações. Atitude altamente corajosa, progressista e que humaniza o vestiário, o fim da concentração deu certo no Galo e pode servir de exemplo para aqueles que acreditam que o ambiente do futebol deva ser dominado pelo autoritarismo, e que jogadores não podem usar boné e chinelo (alô Dunga!).

Além disso, vale lembrar que os outros favoritos ao título estão em momentos de indefinição. O Corinthians, outrora melhor equipe do Brasil, vive iminência de um desmanche. O Internacional, equipe de maior sucesso nesse primeiro semestre, está na semi-final da Libertadores e deverá ter dificuldades para conciliar o Brasileiro com a competição sul-americana. A maioria das outras equipes com potencial de disputar o título brasileiro passa por situação de reformulação, como São Paulo e Cruzeiro. Sendo assim, o Atlético goza do privilégio de ter uma equipe mais construída e entrosada do que as outras no futebol nacional, fator que pode ser decisivo para as pretensões do time na temporada. Em um período de incertezas no futebol brasileiro, o torcedor atleticano pode ter a certeza de que o Galo tem condições de alcançar o tão sonhado bi campeonato nacional. E com o caldeirão do Horto, esse sonho pode ficar mais próximo.

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