Jogos às 22h – A morte do trabalhador

José Eduardo

Estádios lotados, 100 mil pessoas e uma nação fanática por futebol. Tudo isso é passado. Hoje, o falido campeonato brasileiro desagrada em muitos aspectos. E o jogo às 22 horas é um agravante fatal à falência.

O imperialismo da Globo já existe há tempos no futebol brasileiro. Como já dito, aqui, a emissora não faz nem questão mais de esconder o fato. O problema é que ela contribui diretamente para o esvaziamento dos estádios com o horário das partidas.

Verdade seja dita, o principal fator para que 30 mil pessoas nos estádios seja um público bom é o alto preço do ingresso. O futebol moderno matou o pobre, excluiu a festa.

Mas este horário não sai impune. E não é só a Globo, apesar de ordenar que os jogos sejam neste horário, que é vilã no caso.

A começar pelo transporte público de algumas cidades. Como um trabalhador consegue sair do serviço e chegar ao estádio em segurança? E essa parte independe do horário. Mas o pior é após o jogo. Ônibus e linhas de metrô, meia-noite, são mitos. Ninguém sabe, ninguém viu.

Depois, mesmo que o trabalhador consiga o transporte, ele não chegará em casa cedo. Mesmo que more perto, os vagões e automóveis estão lotados. O desconforto e o atraso fazem com que o torcedor pense mil vezes antes de ir à arena.

E mesmo aquele que dispuser de um carro particular, cedo não chega em casa. Com a falha no transporte público, os engarrafamentos quilométricos, na ida e na volta, são a norma.

Agora se ponha no lugar de um torcedor. Sair de casa 20h, esperar duas horas abundado no carro, pagar 15 reais de estacionamento, 50, 100 de ingresso, e chegar em casa 1 da manhã. Ter de acordar as 6h30min para levar o filho à escola e ir à labuta diária. Pior, com a incerteza de um jogo bom. Atrativo?!

Pois, visualize a imagem do torcedor que usa o transporte público. Ficar 2 horas amontoado em um ônibus de má qualidade, descer, andar vinte minutos até o estádio, ter de pagar o ingresso caro, ver um jogo de qualidade duvidosa, esperar meia hora, quarenta minutos até o ônibus chegar, andar mais uma, duas horas de transporte público, até o destino final. Então, dormir 2 da manhã e acordar às 6 para mais um dia cansativo. Ufa, uma maratona!

Aí você pensa: ” O que a Globo tem a ver com isso?” Tudo. A Globo usa deste horário para afastar o torcedor do estádio. Com o convite nada agradável de passar pelas situações acima, o torcedor prefere assistir às partidas do conforto de sua casa, que no estádio. E a audiência vai toda para a dona Globo, detentora dos direitos do Campeonato Brasileiro e que monopoliza o Pay-Per-View. Enquanto a audiência da novela continua intacta.

E quanto mais se vê o torcedor acostumado ao horário, mais e mais, ele assina um pay-per-view e vê a partida da sua casa. Uma questão lógica. Se eu morasse na cidade em que meu time joga, fatalmente faltaria a algumas partidas por cansaço.

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