A melhor derrota do ano

Por Rafael Montenegro

 

O São Paulo tem duas facetas na temporada. A positiva é sua campanha dentro de casa. Em determinado momento, o Tricolor conseguiu estabelecer a melhor marca histórica, com 12 vitórias consecutivas. A faceta negativa causa arrepios em qualquer são-paulino com apenas cinco palavras: São Paulo fora de casa.

 

O primeiro grande evento da temporada Tricolor foi seu primeiro grande revés. No dia 18 de fevereiro o São Paulo visitava o Corinthians em Itaquera, ambos estreando na fase de grupos da Libertadores. Foi o primeiro Majestoso da história da maior competição sulamericana e a vitória corinthiana veio fácil, com requintes de crueldade. O golaço de Elias logo no começo do jogo, a fraca atuação Tricolor e o gol de Jadson, ex-jogador do São Paulo – assim como Danilo e Emerson, também envolvidos nos lances de gol – puseram as primeiras interrogações acerca do badalado elenco. Uma vitória grande o suficiente para redimir viria apenas na última rodada da fase de grupos, quando o São Paulo foi superior e marcou os mesmos 2×0 no Corinthians. No Morumbi, claro.

 

No decorrer da temporada, o São Paulo intercalava bons jogos em casa com derrotas inexplicáveis fora, como para o Botafogo, em Ribeirão Preto, pelo Paulista. No mata-mata, morre na Vila para o Santos, pela semi do paulista (2×1) e no Mineirão para o Cruzeiro pelas quartas da Libertadores (nos pênaltis).

 

Com o começo do Campeonato Brasileiro vieram mais jogos em que o visitante São Paulo pouco agrediu o adversário e foi preza fácil. Foi no Brasileirão que o Tricolor fez o pior jogo da temporada, quando tomou 4×0 contra o Palmeiras, no Alianz Parque. O time ainda jogou mal nas quatro primeiras derrotas da competição, todas fora de casa: contra o Sport na Arena Pernambuco (2×0), contra a Ponte no Moisés Lucarelli (1×0) e contra o Furacão na Arena da Baixada (2×1).

 

Levantando o prognóstico, qualquer um diria que o São Paulo não seria páreo para o líder Atlético-MG, no Mineirão. E analisando somente o placar, podem até chegar à equivocada conclusão que foi um passeio do Galo, mas essa não foi a realidade do jogo.

 

Durante os vinte primeiros minutos quem ditou o ritmo foi o São Paulo. Marcando pressão, movimentando com velocidade e criando espaços, o Tricolor criou mais nesse começo de jogo que em todas as outras partidas como visitante. As grandes falhas foram nos extremos do ataque e da defesa: a qualidade na finalização e a firmeza na marcação do último toque do adversário. Lá na frente São Paulo criou muito mas chutou mal; lá atrás, não soube marcar Lucas Pratto.

 

O primeiro gol do camisa 9 expõe um dos dois pecados tricolores no jogo. Além do grande passe de Marcos Rocha, da sorte de Pratto, que fez o gol de ombro, e da infelicidade de Rogério, que fez a defesa difícil jogando a bola no atacante argentino, o gol saiu na falha de cobertura dos zagueiros. A cobertura frouxa se repetiu no segundo gol, mais fruto da competência de Lucas Pratto em finalizar. Já no terceiro, falha de Hudson, falha (consideravelmente relevável) do bandeira e, mais uma vez, mérito do 9 do Galo.

 

O Tricolor começou jogando melhor e ainda tentou reagir após o primeiro gol. Após o segundo, sentiu o golpe. E perdeu as esperanças após o terceiro, no fim do primeiro tempo. O gol de honra saiu ainda aos 13 do segundo tempo; havia tempo para reagir. Mas, golpeado, o Tricolor não conseguiu transformar sua esmagadora posse de bola em chances concretas.

 

A questão é: o São Paulo foi para Minas como um dos piores visitantes do campeonato e envolveu o líder Atlético. Antes o time tinha a obrigação de começar a jogar bola longe do Morumbi. Conseguiu. Falta aprimorar os extremos ofensivos e defensivos. Falta concluir com qualidade as chances criadas e parar de tomar gols com tanta facilidade. Passados quase três quartos da temporada, o Tricolor conseguiu uma boa atuação fora de casa (ainda que o placar diga o contrário) para servir de lição para o resto do Campeonato Brasileiro e para a Copa do Brasil.

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