Sul-Minas-Rio: O fio de esperança para o futebol brasileiro

José Eduardo

Em meio a tantas controvérsias, falcatruas, desonestidades, desvios de verba e conduta e muitas outras falhas na CBF e nas direções de clubes e federações, surge a Sul-Minas-Rio, liga interestadual que almeja um campeonato atraente ao torcedor e retira o poder dos velhos manda-chuvas do futebol.

Apesar da atratividade para o torcedor, o Sul-Minas-Rio vai muito além de um simples torneio. A importância deste é fazer com que os clubes voltem a deter o poder do futebol.

Desde a extinção do Clube dos 13, o futebol se tornou mercadoria das Federações, da CBF e, principalmente, da Globo. Com o alto valor que a rede de televisão paga aos clubes pelos direitos de transmissão de suas partidas, além, inclusive, dos patrocínios em suas camisas, os clubes se tornaram refém dos horários dos jogos e seu calendário de jogos. Exemplo disso é o alto número de jogos nos desinteressantes campeonatos estaduais, desgastando jogadores e impedindo descanso durante o ano, inclusive em datas FIFA, onde as seleções nacionais jogam no mesmo dia que os clubes do Brasileirão.

Portanto, a estratégia é mostrar tanto para a Globo quanto para a CBF que os clubes são maiores que estas instituições. Porque enquanto estão acontecendo os estaduais, a bola também pela Sul-Minas-Rio, o que quer dizer que veremos times reservas, às vezes juniores em campo pelos grandes clubes nos estaduais. Outro ponto é que a transmissão do torneio interestadual será negociado com outras emissoras, retirando o poder definitivamente da Globo.

Mas nem tudo são flores. Há dois riscos para o futebol brasileiro com a criação desta liga. O primeiro seria o preterimento destes clubes em relação aos filiados estritamente aos campeonatos estaduais por parte tanto da CBF quanto por seus tribunais. O que quer dizer que possam acontecer denúncias e resultados, no mínimo, extravagantes no STJD prejudicando tais equipes, como punições desproporcionais a jogadores.

Outro problema é entregar o poder a um grupo tão seleto de clubes, o que nos faz lembrar diretamente do Clube dos 13. O caso mais clássico da interferência do Clube dos 13, entidade que aglomerava os times mais poderosos do Brasil, foi a final da Copa União de 1987, em que em um campeonato confuso, a entidade recomendou que o Flamengo não entrasse em campo para a disputa contra o Sport. Desta forma, os clubes do Clube dos 13 proclamaram o Flamengo campeão brasileiro, enquanto a CBF proclamou o Sport. Entretanto, em 2007, com o pentacampeonato brasileiro pelo São Paulo, a questão voltou à tona quando o tricolor paulista se autoproclamou o primeiro pentacampeão brasileiro, obviamente, com apoio do Sport. A CBF mantém o título para o Sport e, agora, o Flamengo advoga sozinho em causa própria.

É interessante aguardar a Copa Sul-Minas-Rio sair do papel, mas tirar o poder da Globo, detentora de quase todos os torneios mais importantes do Brasil, favorecendo a trasmissão desigual de jogos e dinheiro a certos clubes, e da CBF, com seus tribunais e calendários esdrúxulos já é um avanço.

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