Cruzeiro, não fez mais que sua obrigação.

O Cruzeiro estava prestes a realizar mais uma contratação no ano mas voltou atrás, provavelmente em razão da pressão feita pela torcida celeste. Quem seria contratado é o atacante Juninho, revelação do Sport de apenas 19 anos. Seria o maior erro da diretoria cruzeirense em 2018.

Não pretendo discutir se o jogador é bom tecnicamente, se ele se encaixaria no esquema tático do Cruzeiro ou se teria espaço no talentoso elenco celeste. Juninho, inclusive, já se mostrou um bom atacante pelas partidas que realizou com a camisa rubro-negra.

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Juninho publicou imagem em seu Instagram com legenda indicando sua trasnferência ao Cruzeiro.

Mas o problema não está com o que ele tem a mostrar com a bola nos pés. Juninho é conhecido por problemas extracampo. Em 2016, perdeu espaço no time titular por excesso de confiança. Em 2017, se negou a disputar a final do Pernambucano. Em 2018, se reapresentou no Sport com 5kg acima do peso. O treinador Nelsinho Baptista o afastou.

O mais grave das atitudes extracampo de Juninho, porém, aconteceu em outubro de 2017. O atacante foi detido por agredir a ex-noiva em Recife. A mulher conta ter sofrido, do jogador, socos no estômago e ameaças com uma faca. Juninho pagou a fiança e foi solto.

Chega a ser assustador um clube como o Cruzeiro, que realizou importantes campanhas denunciando a violência contra a mulher, se aproximar de contratar esse jogador. Uma das ações do clube mineiro, inclusive, foi premiada no festival mais importante de Publicidade do mundo. Mas as ações do clube não parecem refletir a mensagem da campanha.

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Publicidade realizada em 2017 estampava na camisa celeste dados sobre a violência contra a mulher.

O fato do Cruzeiro ter se aproximado do acerto com o atacante escancara a conivência que os times de futebol têm em relação à agressão contra a mulher. O atacante Robinho, em novembro de 2017, foi condenado a nove anos de prisão por violência sexual, que ocorreu em 2013. Estupro mesmo. Em 2009, ele já havia sido acusado de cometer o mesmo crime, na época em que atuava pelo Manchester City.

Mesmo depois da condenação de Robinho, muitos clubes brasileiros e estrangeiros ainda foram atrás da contratação dele. Não restam dúvidas de que é um grande jogador, mas é um criminoso. E isso parece ser desconsiderado por boa parte dos dirigentes de futebol.

O esporte mais popular do Brasil está passando por mudanças e isso não podemos negar. Há quem esbraveje contra o futebol moderno, o escanteio curto e a proibição de faixas e sinalizadores nos estádios. São todas pautas válidas. Mas não devemos usar esses discursos para maquiar atitudes homofóbicas, machistas ou racistas. Nem aceitar que agressores continuem jogando impunes.

 

João Miguel

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