Esporte e Fascismo

Historicamente, esporte e política foram um o braço direito do outro. Alemanha Nazista, União Soviética, Brasil Militar, Cuba Socialista e Estados Unidos Capitalista todos investiram financeira e ideologicamente no sucesso esportivo para propagar seus ideais. Hoje, no Brasil, o que se vê é o próprio atleta indo a favor de uma ideologia, por mais que o político que o represente tente acabar com seu ganha-pão.

Atualmente, com a escalada conservadora neo-fascista pelo mundo, por Turquia, Hungria, Filipinas, Estados Unidos e, finalmente, Brasil, as tensões sociais, atreladas ao fanatismo raso, vem mudando os comportamentos da sociedade e aflorando discussões e medidas governamentais.

No Brasil, um fenômeno esportivo se configura diametralmente oposto ao que se observa nos Estados Unidos. Enquanto por lá os esportistas são os mais ferrenhos opositores ao racismo, xenofobia e outros preconceitos propagados pelo presidente Donald Trump, que incita a sociedade a manifestar contra os próprios esportistas, aqui os esportistas são os maiores defensores de Bolsonaro, o Trump brasileiro.

As discordâncias entre atletas e Trump, nos Estados Unidos, ficou mais acirrada quando o jogador de futebol americano Colin Kaepernick iniciou protestos pacíficos de se ajoelhar ao entoar-se o hino nacional estado-unidense em discordância com os abusos policiais contra negros no país.

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Colin Kaepernick em seu protesto contra o racismo de Donald Trump e sua polícia.               (Fonte: Washington Square)

Logo após sua atitude, diversos atletas, inclusive brancos, tomaram partido a seu favor e contra a política de segurança (racial) no país. Atletas da NBA, principal liga de basquete do mundo, se recusaram a encontrar o presidente Trump, prática comum no esporte, por discordarem de sua política e seu discurso.

Chegando ao Brasil, o que se observa frequentemente são manifestações, principalmente, de jogadores de futebol e vôlei a favor dos ultrajes ditos pelo presidente Bolsonaro. O fascista tupiniquim, inclusive, propôs unir os Ministérios da Cultura, Educação e Esporte, transformando tudo em uma pasta só, com mesma gerência, investimento e atenção.

Trocando em miúdos, os esportistas brasileiros, em sua maioria negros, advindos de origem pobre, alguns recebedores de bolsas-atletas, investimento para fomentar o esporte nacional, estão lutando para sua própria sucumbência.

Exemplos não faltam: do futebol temos Felipe Melo (Palmeiras, Lucas Moura (Tottenham), Jadson e Roger (Corinthians), Dagoberto (Londrina), Diego Souza (São Paulo), Gomes (Watford), Rossi (Internacional) e os pentacampeões Cafu, Kaká, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho. Este, inclusive, perdeu o posto de embaixador do Barcelona por apoiar o fascismo.

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Diego Souza comemora prestando continência e simulando uma arma com a mão, em alusão a Jair Bolsonaro. (Fonte: Rede Globo)

No vôlei, os exemplos são mais acintosos. Pela veemência das discussões, que por vezes se tornam discussões e trocas de acusações e xingamentos, os atletas Ana Paula, Wallace, William, Gustavo Endres, Maurício Souza se destacam no apoio ao conservadorismo.
Nos outros esportes, há Felipe Massa (automobilismo), José Aldo e Wanderlei Silva (MMA)

A resistência ainda é tímida e quase individual. A nadadora Joanna Maranhão e o ex-futebolista Juninho, ambos pernambucanos, são os líderes solitários da luta. Nessa lista, inclui-se o argentino Juan Pablo Sorín, visto nas passeatas “Ele Não”. São eles quem ainda se manifestam pela democracia e pelo futuro do esporte, contra o Fascismo. Um dos únicos em atividade que lutam pelo antifascismo é Igor Julião, jogador do Fluminense.

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Igor Julião exibe sua camisa em homenagem à vereadora carioca assassinada Marielle Franco.

Talvez por ambos estarem aposentados e não dependerem diretamente da politicagem governamental, estão eles sozinhos, enquanto tantos outros gostariam de ter voz mas perderiam os benefícios poucos que recebem.

As discussões são complexas, longas e tristes quando notamos que atletas negros e pobres buscam sua própria falência, muitas vezes sem se verem como negros ou pobres. É uma diferença brutal quando comparamos com os Estados Unidos. Ali é claro: o negro é negro e sabe que é negro, luta pelos seus semelhantes e combate os discursos de ódio dirigidos a eles. Aqui, a cultura de luta racial e social é muito jovem. Enquanto isso, os derrotados exaltam os vitoriosos como se fossem parte da vitória.

Por José Eduardo

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