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A vitória mais importante do ano

Pedro Abelin

Após a traumática eliminação do meio de semana, o Corinthians tinha uma missão muito evidente na noite de ontem: vencer a Chapecoense a todo custo para afastar qualquer princípio de crise no Parque São Jorge. Nesse sentido, a equipe corinthiana cumpriu sua missão de forma competente, afinal, venceu a Chapecoense e chegou aos
100% de aproveitamento na competição.

O ambiente não era dos mais atrativos para o espectador. Além da ressaca da eliminação na Libertadores, o fato de a partida ser realizada longe da capital paulistana deixava o clima do confronto um tanto quanto melancólico. O que se viu em campo foi coerente com as expectativas sobre a partida: um jogo de baixo nível, muito truncado e com
poucas chances de gol para ambos os lados. Apesar disso, a equipe paulista iniciou o confronto pressionando a Chapecoense e criando algumas oportunidades de gol, contrariando o esperado pelo torcedor corinthiano. Infelizmente para a fiel torcida, o bom futebol se limitou aos primeiros 10 minutos de jogo.

Aos 27 minutos, contudo, Fábio Santos chutou de fora da área adversária, a bola desviou na cabeça do corinthiano Mendoza e entrou no gol catarinense. O lance foi estranho, representando bem o clima do jogo, mas isso pouco importa para o corinthiano, que apenas comemora os 3 pontos que a jogada resultou. Depois do gol, pouca coisa aconteceu na partida.

O triunfo corinthiano se mostrou crucial para a equipe comandada por Tite, pois distancia o clubeda possibilidade imediata de crise e contribui para a retomada da confiança do time que já foi apontado como melhor do Brasil. A vitória de ontem do Corinthians foi a mais importante do ano, afinal de contas, para uma equipe que foi eliminada em ambas as competições que jogou no primeiro semestre, a próxima partida sempre é a mais importante.

A impunidade da Conmebol: desta vez, tem que ser diferente

José Eduardo

Buenos Aires (ARG), 14/05/2015

Boca Juniors e River Plate protagonizavam o maior clássico das Américas (para mim, do mundo). Até que, na volta para o segundo tempo, hinchas do Boca atearam gás de pimenta dentro do túnel dos vestiários dos Millonarios. Alguns jogadores foram, inclusive, levados a hospitais com queimaduras pelo corpo. Além disso, um drone, pilotado por torcedores de dentro do estádio, sobrevoou tranquilamente La Bombonera com provocações ao River.

É a chance da Conmebol agir.

O julgamento é simples. O artigo 23 do regulamento diz: “Sem prejuízo a outras sanções que podem ser impostas, qualquer equipe cuja responsabilidade determine o resultado de uma partida, este será considerado perdedor do encontro por 3-0. Se o resultado real fosse menos favorável para o clube ou associação responsável, este resultado se manterá”. Siga o regulamento, Conmebol.

Julgamentos conhecidamente falhos que esta instituição falida costuma fazer. Lembremos os dois mais recentes.

Huancayo (PER), 12/02/2014

O Real Garcilaso, minúscula equipe do Peru, enfrentava o Cruzeiro. Na ocasião, o jogo fluia sem maiores problemas até que o jogador Tinga, negro e de cabelo rastafári, entra em campo. Foram 15 minutos de ininterrupta vergonha. O que se viu ali foram descendentes indígenas, como é a magnífica e miscigenada sociedade peruana, imitando macacos toda vez que tinha tocava a bola. Racismo em plena América do Sul.

A Conmebol julgou o caso. Pasme: a decisão foi de que os insultos não eram direcionados ao jogador. Por isso, não se caracterizou racismo. Obviamente, imitar macacos é um cântico comum no Peru, segundo a Conmebol (ironicamente, sempre comandada pela elite paraguaia da família do senhor Nicolás Leoz. Branco, rico).

Oruro (BOL), 20/02/2013

O San Jose recebeu o Corinthians. A partida foi marcada por uma das maiores vergonhas do futebol contemporâneo. Torcedores (bandidos) do Timão lançaram um sinalizador em direção à torcida local e mataram Kevin Espada, torcedor de 14 anos. Primeiramente, dona Conmebol, como conseguiram os torcedores entrar com sinalizadores? Segundo, M-O-R-T-E. MORTE NO ESTÁDIO. E então, vamos à decisão da Vergonha*. Ela decidiu que o Corinthians fosse punido com um mando de campo. Até aí, realmente tudo bem, porque a diretoria do Timão fez de tudo para buscar os responsáveis pelo assassinato, bem como outros “torcedores” que deveriam ser banidos de estádios de futebol.

Prosseguindo o julgamento: Primeiramente, nenhuma senteça para o San Jose, que não fez a segurança do estádio. Deixou a torcida visitante entrar com sinalizadores, proibido no regulamento. Depois: NENHUMA SENTENÇA AOS ASSASSINOS. Eles foram presos pela polícia boliviana. Mas, agora soltos e deportados ao Brasil, continuam fazendo seus crimes pelos estádios da América do Sul. A Deprimente* poderia exigir que o Corinthians certificasse que estes delinquentes nunca mais fosse a jogos do time, ou que ela mesma o fizesse, exigir das autoridades brasileiras uma ação, poderia punir o Corinthians desportivamente, mas ela preferiu tirar um mando de campo. Suficiente.

Portanto, dona Gagá*, cumpra o regulamento escrito por ti, melhore este campeonato. Elimine o Boca Juniors. Elimine os assassinos, os bandidos.

O espírito de raça da Libertadores se limita à paixão dos jogadores e das torcidas. Não tem nada a ver com violência.

*Por exaustiva repetição do nome da Instituição Falida, o nojo me tomou conta e introduzi adjetivos/sinônimos no lugar do verdadeiro nome da Conmebost#*

Velhos fantasmas: a derrocada corinthiana na Libertadores 2015

Pedro Abelin

Em 2011, o Corinthians foi campeão Brasileiro. Em 2012, na temporada mais gloriosa da história do clube, campeão da Libertadores e bi campeão Mundial. Sim, o período recente não é coerente com a alcunha de sofredor que os corinthianos reivindicam com tanto orgulho. Por isso, devido ao recente histórico vencedor, o “novo torcedor corinthiano” se acostumou a levantar taças e acreditou que determinados fantasmas já estariam exorcizados. Não foi o que se viu na noite de ontem.

A eliminação para o Guaraní do Paraguai pode ser explicada por diversos fatores, como a soberba, a afobação e o descontrole emocional. Contudo, os problemas do Corinthians são muito mais antigos e ficaram explícitos ontem: a equipe corinthiana tem extrema dificuldade de atacar – principalmente equipes retrancadas – e reverter placares desfavoráveis. E foi justamente com o discurso de fazer o time do Corinthians jogar de forma ofensiva que o técnico Tite foi contratado, afinal, o treinador havia realizado um ano de aperfeiçoamentos técnico, fazendo com que seu retorno ganhasse ares de sebastianismo e fosse comemorado antes mesmo de o time entrar em campo.

No início da temporada, a equipe corinthiana impressionou com um futebol intenso, com triangulações e infiltrações que relembravam o time campeão de 2012. O time merecidamente recebeu elogios, embora alguns setores da imprensa tenham mostrado uma empolgação desmedida. Para se ter ideia, o comentarista da Globo, Casagrande, ídolo do próprio time alvinegro, comparou o Corinthians com a Holanda de Cruijff e com a seleção brasileira de 1982.

O ano sabático parecia estar gerando resultados, pois Tite implantou um novo esquema 4 – 1 – 4 – 1, com ampla movimentação e infiltração dos meio campistas, e constantemente acionando a passagem dos laterais. As boas atuações de Elias e Fagner, e principalmente, a ofensividade que o time impunha, representavam o sucesso de um reformulado esquema que permitiu ao esquadrão alvinegro fazer a melhor campanha do Campeonato Paulista e se classificar com facilidade no grupo considerado mais difícil da Copa Libertadores.Nem tudo eram flores, no entanto.

Voltando ao jogo de ontem, a equipe corinthiana mostrou justamente o contrário: extrema dificuldade de infiltração na área paraguaia, sendo obrigado a se apoiar excessivamente nas fracassadas investidas dos laterais. Essa situação se deve ao fato de o Corinthians ter se tornado um time facilmente decifrável, problema que o próprio Tite viveu em 2011 e 2013 pelo próprio Corinthians. Ou seja, os adversários entenderam que pressionar a saída de bola dos laterais corinthianos e se atentar a infiltração de Elias minavam a criação da equipe do Corinthians.

Nesse contexto, o Guaraní cumpriu sua missão perfeitamente ao se portar de maneira serena e não dar espaços para o nervoso time corinthiano jogar. Aliado a isso, uma péssima noite de Guerrero e um time emocionalmente desequilibrado praticamente tornavam impossíveis a classificação corinthiana. Convém ainda lembrar que o Corinthians entrou pressionado porque fez uma partida horrorosa no Paraguai, onde se recusou a jogar e aceitou passivamente o jogo do Guaraní. A soberba ficou evidente quando foi definido o confronto entre os dois times, resultando em comemorações por parte da mídia esportiva e torcedores corinthianos, que já vislumbravam as quartas de finais e ignoravam completamente o time paraguaio.

O Club Guaraní, desconhecido no Brasil, venceu o Corinthians de forma incontestável, levando a loucura seus mais de 300 torcedores que marcaram presença na Arena Corinthians. A história em que gigantes são derrubados por times de menor expressão é recorrentena Copa Libertadores da América, concedendo um ar de imprevisibilidade que torna esta a competição mais apaixonante e mítica do planeta. Até o final dessa edição, outros times considerados favoritos irão cair, e a competição, mesmo que tenha um nível técnico questionado por muitos, seguirá sendo a mais pretendida pela América Latina.

A Libertadores já proporcionou momentos traumáticos para a fiel torcida. Entretanto, as duplas eliminações para Palmeiras e River Plate, e a vergonhosa eliminação para o Tolima aparentavam ter sido ofuscadas pelo histórico título de 2012. O Corinthians, que em determinado momento acreditou que havia expurgado os fantasmas da competição, hoje parece ter retornado aos tempos daquela obsessiva e conflituosa relação com a Taça Libertadores.

O que esperar de São Paulo, Corinthians e Galo focados no Campeonato Brasileiro?

José Eduardo

Sempre que começa o Brasileiro, ficamos descrentes sobre o futuro. Afinal, o calendário bizarro motiva os clubes que disputam a Libertadores a poupar os titulares no campeonato nacional.

Exemplo disso foi a rodada passada. O Galo foi à Allianz Parque (sim, Allianz Parque, porque respeitamos os naming rights que foram comprados pela seguradora. Não temos problema em fazer propaganda gratuita, uma vez que este é o nome, de direito, do estádio) e enfrentou o Palmeiras com um time misto. Empatou naquela que foi a melhor partida da rodada. 2 a 2. Mas aquele não é o time que vai disputar o brasileiro. Então, esquece o que aconteceu em São Paulo, não serve de parâmetro.

Em Cuiabá, o pior jogo da rodada (lado a lado com Vasco e Goiás) foi protagonizado por Cruzeiro B x Corinthians B. Dois times mais do que reservas fizeram uma partida com nível técnico deplorável e um alto índice de sonolência entre os torcedores.

O São Paulo enfrentou o Flamengo com um time quase titular. Jogo morno mas o Tricolor foi superior. A cabeça estava na Libertadores e o Flamengo não foi um adversário complicado.

Agora começa o Brasileiro de verdade para os três favoritos ao título. Já largam com boa vantagem. São Paulo e Corinthians com 3 pontos e o Galo com um excelente empate na Allianz Parque, onde será difícil pontuar como visitante. Além disso, os outros dois postulantes ao título continuam na Libertadores e perderam na primeira rodada. Cruzeiro e Inter provavelmente perderão mais alguns pontos até voltarem a atenção totalmente ao campeonato nacional.

Se fosse para escolher um campeão, eu diria ser o Corinthians. O time fez um início de ano devastador. O esquema proposto por Tite encaixou perfeitamente e Guerrero e Elias são o diferencial do time do Parque São Jorge. A zaga continua sólida como foi nos anos anteriores. O antes contestado Felipe é a grande surpresa este ano. Além disso, venceu o Cruzeiro fora de casa (apesar de o jogo ter sido em Cuiabá, devido a uma suspensão herdada pelo clube celeste ainda no ano passado) e conseguiu 3 pontos, difíceis para as outras equipes.
O segundo seria o Galo. Mantendo a base campeã da Libertadores 2013 e da Copa do Brasil 2014 e, principalmente, o espírito lutador, a equipe de Levir Culpi buscará o título do início ao fim. Pratto supriu a saída de Tardelli com sobras. Foi o cara da semifinal contra o Cruzeiro. Levir, que sempre foi tachado de retranqueiro e medroso, deu a receita do seu novo trabalho: coragem. Colocou o time para frente na segunda etapa contra o Internacional, no Beira-Rio. A dúvida fica na lateral-direita. O time perde muito com a ausência de Marcos Rocha. Patric erra bastante na marcação. Mas a zaga sólida com o jovem Jemerson e Leonardo Silva e o ataque rápido e certeiro de Luan/Pratto dão a dimensão do potencial alvinegro.

O terceiro é o São Paulo. Favorito muito mais pelo que tem o time no papel e pelo preço do elenco que pelo futebol. O time do eterno interino Milton Cruz parece que não encaixa. A inconstância de Ganso, ora gênio, ora sumido, a insegurança da jovem zaga (Dória – 20 anos, Rafael Tolói – 24, Lucão – 19) mexe com o coração da torcida. O meio-de-campo e o ataque metem medo em qualquer um. Volantes técnicos (Souza, Denilson e Hudson), Michel Bastos completando o meio e o ataque de Copa do Mundo (Pato e Luís Fabiano). Na teoria, o São Paulo é o mais forte. Na prática, é inconstante e inseguro. Capaz de tomar gols bobos e fazer jogadas espetaculares. É a incógnita.