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E aí Cristóvão?

Raphael Felice

A empolgação e a espera por Paolo Guerrero finalmente teve fim na partida de quarta-feira contra o Internacional no Beira Rio. A espera foi recompensada e o peruano jogou muito! Meteu gol, deu bela assistência, fez muito bem o pivô, desempenhou uma função muito maior do que simplesmente de um centroavante, foi definitivamente o dono da partida.
A torcida do Flamengo estava animada com a possibilidade de ver seu novo jogador atuando no Maracanã, justamente contra seu ex clube. Mas por um acordo entre cavalheiros, feito na negociação de Guerrero e de Emerson Sheik, vai impedir os novos e já extremamente importantes jogadores de atuar na partida de amanhã contra o Corinthians e a recém-saída de Eduardo da Silva, juntamente a nova lesão de Nixon (que já não jogaria essa partida) gerou uma enorme dor de cabeça nos torcedores do rubro negros e em seu treinador, Cristóvão Borges.
Com a saída dos outros atacantes, o Fla praticamente só tem Paolo Guerrero como centroavante de ofício. Sheik e Cirino também podem eventualmente fazer a função, mas não é a praia deles e como Emerson também não joga amanhã, Cristóvão vai ter de pensar bastante para montar a equipe da melhor maneira possível no clássico interestadual contra o Corinthians. Para a função de Emerson Sheik, o treinador não vai ter tanto problema na parte tática. Paulinho, Gabriel, Cirino e até Alan Patrick e Arthur Maia podem fazer a função de jogar pelas pontas e ajudar na criação de jogadas.
A única opção para o ataque é Marcelo Cirino. O jogador, chegou a atuar pelo centro quando era comandado por Vanderlei Luxemburgo. Porém, as boas atuações e os gols ficaram no campeonato carioca e somente contra os times pequenos. Por isso, uma opção interessante seria a efetivação do menino Douglas Baggio, que sempre marcou muitos gols nas categorias de base e com certeza está de olho em uma vaga pelo menos no banco de reservas.

Grita TorcedorA: Machismo, um impedimento do futebol

(Lugar de mulher é no estádio também)

Bruna Ribeiro

Desde que me lembro, sou Corinthians. Fui no estádio ver Corinthians e Goiás pela primeira vez quando tinha 6 anos. Lembro do time campeão em 98 e 99, e de todas as vezes que comemorei com meu pai os gols do Marcelinho Carioca. Sei vários gritos e cantos da torcida no estádio, e acho a forma da torcida cantar o hino, versão que conheço bem e já cantei diversas vezes, muito mais bonita do que a versão original.

Mesmo sendo Corinthiana maloqueira e sofredora (graças a Deus) desde que me entendo por gente, o futebol sempre pareceu um pouco hostil. Me lembro bem de um lance, quando eu tinha cerca de 14 anos, que me fez discutir com o meu pai. O debate se encerrou com ele me questionando se eu iria realmente discutir sobre aquilo com ele. Antes eu achava que era porque eu era muito nova, e ele, muito mais experiente, sabia muito mais que eu, fazia sentido. Hoje sei que é porque sou mulher, e isso não faz sentido.

Não faz sentido ser mulher que gosta de futebol e ter que ser questionada se sei o que é um impedimento. O que é tiro de meta ou um gol olímpico. Claro que essas coisas são parte do esporte e quem acompanha acaba sabendo, como eu, de fato, sei. Mas nunca vi nenhum amigo ser questionado por isso. Nunca vi um homem virar pro outro e falar “ah, gosta de futebol? Me diz aí o que é um impedimento”. Homem nenhum passa pelo teste que é regra para as mulheres.

Acho que isso é o que mais me incomoda no futebol, o fato de que ele é feito por homens e para homens. Isso não se reflete apenas quando a seleção feminina é negligenciada mesmo sendo tão vencedora, mas no dia-a-dia de mulheres que gostam dessa cultura tão brasileira e não percebem outras mulheres envolvidas, sendo frequentemente tratadas como ignorantes ou merecedoras de passarem por testes para saber se seu interesse é real, porque aquilo ali é “coisa de homem”. Mulheres só são naturalmente aceitas no futebol quando se colocam em posições como “Musas do futebol”, em que são facilmente objetificadas, julgadas e mal tratadas por homens e por outras mulheres.

Não estou, nem de longe, a ser a mulher mais interessada em futebol que já vi. Existem mulheres que são muito mais questionadas, julgadas e humilhadas nesse meio do que eu.
Meu apelo é que esse ambiente tão masculinizado, até por outras mulheres, coloque o público feminino como parte de uma única torcida.

Por fim, resta dizer, VAI CORINTHIANS!

Guia do Brasileirão Subindo a Linha – Parte 4

José Eduardo

Corinthians
Tite
(Tite vai ter trabalho difícil para remontar o time)

Ponto forte: Defesa
Ponto fraco: Ataque
Fique de olho: Malcom
Time base: Cássio, Fagner, Gil, Felipe (Edu Dracena), Fábio Santos, Ralf (Bruno Henrique), Elias, Renato Augusto, Jadson, Mendoza (Malcom), Vagner Love (Romero)

O sonho do corintiano durou pouco. Melhor time do Brasil no início, o Timão sofreu baixas irreparáveis e sofre para manter os craques que faltam.

A justificativa é simples: acabou o dinheiro. A conta dos gastos exorbitantes que o time fez para construir e manter o estádio e para fazer um time competitivo chegou. O dinheiro investido em Pato, Guerrero, Tite e outros faz falta agora.

Os heróis do glorioso ano de 2012 já foram embora, juntos, para o Flamengo. Ralf e Elias também podem sair.

Mas o Corinthians continua com três trunfos. O primeiro, o fator casa. O corintiano soube transformar Itaquera em sua casa. Tirar pontos do Timão lá será quase impossível.

O segundo trunfo é a zaga. Mantida a base desde 2011, mesmo com a troca de Alessandro e Paulo André por Fagner e Felipe, respectivamente, o time continuou com a mesma solidez e o mesmo espírito de jogo. E a dupla de volantes Ralf e Elias se conhecem muito bem e ainda apoiam o ataque. Fazer gols no Corinthians será quase impossível.

Por fim, no banco de reservas está Tite. Talvez o maior conhecedor dos meandros do clube, Tite teve um ano sabático, aprendeu, estudou, e vem ainda melhor para voltar a dar glórias ao Timão.

O ponto fraco é o ataque. O desmanche que tirou Sheik e Guerrero deixou Mendoza, Malcom, Vagner Love e Romero. À exceção dos dois primeiros, o ataque é mediano para ruim. Vagner Love não é mais o mesmo, lento e impreciso. E Romero é ainda mais impreciso.

Se mantiver Malcom, joia da base, o Corinthians pode fazer seus golzinhos. Mas deve desfalcar o Timão por mais algumas semanas, porque está no mundial sub-20. Mendoza é rápido e tático. Um bom ponta.

Se não vender ninguém, poucos gols, vitórias por 1 a 0 e jogos sonolentos serão, novamente, a tônica do Corinthians. Se vender, poucos gols e derrotas.

Aproveitando a fragilidade dos outros clubes, por enquanto, ficaria em um quinto lugar, torcendo para o Internacional vencer a Libertadores para abrir uma vaga na competição sulamericana.

Palpite: BRIGA PELA LIBERTADORES

Palmeiras

(A torcida abraçou o time)

Ponto forte: Dinheiro
Ponto fraco: Retrospecto
Fique de olho: Dudu
Time base: Fernando Prass, Lucas, Victor Ramos (Jackson), Vitor Hugo (Tobio), Egídio (Zé Roberto), Gabriel (Amaral), Arouca (Robinho), Zé Roberto (Cleiton Xavier), Dudu (Valdívia), Rafael Marques (Leandro Pereira), Kelvin (Alecsandro)

Incrível o que a diretoria alviverde fez neste início de ano. Foram nada mais, nada menos que 22 jogadores contratados. Dois times completos.

Reflexo disso é a dúvida de qual será o time titular do Palmeiras com a chegada de Marcelo Oliveira, que vem substituir o recém-demitido, Oswaldo de Oliveira

No início do ano, as expectativas não poderiam ser melhores. Ótimos jogadores, contratações atravessando os rivais, como o caso de Dudu, dirigente e técnico bicampeões brasileiros.

Mas o que se viu em campo com Oswaldo foi o oposto. O time não entrosou e a torcida, nervosa, espera pelos resultados. A defesa ainda comete erros bobos. O ataque não produz. O meio-campo não fornece jogadas para os homens de frente.

Com a chegada de Marcelo, o time volta a figurar entre os favoritos. A sintonia com Alexandre Mattos já deu resultado. O desafio do treinador é mostrar para a torcida palmeirense que é possível ser campeão. O palestrino mais otimista está cansado de fazer boas campanhas e morrer na praia. Ou pior, lutar contra o rebaixamento.

A torcida já abraçou o clube. A média de público é a mais alta do futebol brasileiro. E ela merece ambições maiores, assim como Marcelo Oliveira. Chutado após subir o Cruzeiro de patamar no futebol sulamericano, o competente treinador tem a faca e o queijo para continuar sua carreira de sucesso. Basta mostrar para os jogadores, como disse Zé Roberto, que o Palmeiras é grande.

Palpite: VAGA NA LIBEERTADORES

São Paulo
M1to
(O Mito quer se despedir com mais uma taça)

Ponto forte: Elenco
Ponto fraco: Diretoria
Fique de olho: Rogério Ceni
Time base: Rogério Ceni, Bruno, Rafael Tolói, Dória, Reinaldo (Carlinhos), Hudson (Wesley), Denílson, Michel Bastos, Souza, Ganso, Luís Fabiano (Pato)

Time de vídeo game. O São Paulo é, no papel, o melhor time do campeonato brasileiro. Tem jogadores de copa do mundo: Rogério Ceni, Michel Bastos, Luís Fabiano; tem jogadores de seleção Olímpica: Rafael Tolói e Dória; tem jogadores apontados como gênios mas que não vingaram: Ganso e Pato. Mas não tem tranquilidade.

Desde o tricampeonato brasileiro 2006-08, o São Paulo não sabe o que é jogar tranquilo. A pressão veio das arquibancadas, da diretoria e dos próprios jogadores. O clube alcançou um patamar jamais igualado no futebol nacional. E é assim que o tricolor chega para mais uma tentativa de ser o melhor time brasileiro.

O presidente Carlos Miguel Aidar já havia dado o recado para o ex-técnico, e ídolo, Muricy Ramalho: “Nós vamos ser campeões com ele. Está devendo essa para gente. Nós montamos o time que ele quis. Ainda quer um “jogadorzinho”, mas com o que tem agora ele precisa ganhar. Quem vai cobrar publicamente dele sou eu. Não é mais ele que cobra da diretoria”.

Mas não é só com 11 jogadores que se faz um time. É com o apoio da torcida, confiança dos jogadores, alegria. E isso está difícil de se ver no São Paulo.

A fórmula é simples: se o time conseguir confiança, pode ser campeão. Se a diretoria continuar interferindo no moral dos jogadores, problemas à vista. Basta o melhor time no papel se transformar no melhor em campo.

Para isso, o papel da torcida é fundamental. Mas a diretoria também não enxerga isso. Preços exorbitantes afastam o torcedor, que comparecem em baixo número no Morumbi.

Rogério Ceni já disse que só joga até o final do ano. O maior jogador da história tricolor merece se aposentar com um título. Cabe à diretoria entender o que precisa ser feito.

Palpite: BRIGA PELO TÍTULO

Atlético-MG
galo
(O Caldeirão do Horto vai embalar o Galo)

Ponto forte: Raça
Ponto fraco: Retrospecto
Fique de olho: Luan
Time base: Victor, Marcos Rocha (Patric), Leonardo Silva, Jemerson, Douglas Santos, Rafael Carioca, Giovanni Augusto (Guilherme), Dátolo, Luan, Lucas Pratto, Carlos(Thiago Ribeiro)

O Galo encantou o Brasil com decisões impressionantes, viradas espetaculares e títulos brilhantes. O futebol era ora vistoso ora dúbio. Mas em competições mata-mata, não tinha jeito, era Galo na cabeça.

Nos pontos corridos, entretanto, a raça não era suficiente. Pontos perdidos, erros bobos e irregularidade ameaçavam a supremacia do time alvinegro. E o Galo, que não é campeão brasileiro desde 1971, chega nesta edição do Brasileirão desconfiado.

A torcida já está impaciente após derrota para o Cruzeiro e empate com o Santos, em casa. A ideia de mais uma vez ter um timaço e passar em branco no campeonato assombra os atleticanos.

O time é excelente, novamente. Rápido e criativo, o time conta com Luan e Dátolo na criação e saída de jogo, uma zaga quase impecável e um lateral direito que já foi convocado para a seleção. Com uma lesão, Marcos Rocha não pode jogar e é seu substituto que sofre com a pressão da torcida.

Se o Galo se mantiver raçudo, consegue ir muito longe. E o trabalho de Levir Culpi dá esperanças ao torcedor.

Para facilitar seu trabalho rumo ao título, o atleticano pode estar torcendo para o Internacional vencer a Libertadores e deixar o caminho livre para o bicampeonato alvinegro.

Palpite: BRIGA PELO TÍTULO

Internacional
Valdivia
(Com o xodó Valdívia, este é o ano do Inter)

Ponto forte: Elenco
Ponto fraco: Libertadores
Fique de olho: D’alessandro
Time base: Alisson, William, Juan, Ernando, Geferson, Rodrigo Dourado, Aránguiz, D’alessandro, Eduardo Sasha, Nilmar(Valdívia), Lisandro López

O que é este Internacional? Semifinalista da Libertadores, pentacampeão gaúcho, o Colorado vem, mais uma vez, cotado como favorito ao título. Mas desta vez é diferente.

O Colorado realmente é o melhor elenco do país. Diferentemente do São Paulo, que tem o melhor time no papel, o Inter tem um excelente time no papel, e um melhor ainda em campo. E um banco de reservas invejável.

Imagine você em que colocação estaria este time no brasileiro: Muriel, Claudio Winck, Réver, Paulão, Alan Ruschel, Nicolás Freitas, Nilton, Wellington, Alex, Anderson, Valdívia. No banco, ainda, Dida, Alan Costa, Léo, Martin Luque, Jorge Henrique e Rafael Moura. Eu diria que no g4 ele estaria. E este é o time reserva.

Realmente, o elenco colorado é um esquadrão. A força na Libertadores, graças a esse calendário esdrúxulo, é o ponto negativo do Inter no Brasileirão. O time está nas semifinais e terá difícil batalha contra o Tigres do México, podendo chegar à final contra o River Plate. O desgaste e um possível relaxamento após um título provável Colorado podem inviabilizar a conquista nacional. Mas com um elenco tão forte, o time ainda pode sonhar alto. Ser campeão estadual, nacional e continental no mesmo ano. Quem sabe até ser campeão mundial.

A expectativa é alta e a torcida sabe disso. Colocou mais de 40 mil torcedores em pleno domingo às 11h da manhã. É o ano colorado.

O time ainda pode contar com uma torcida extra para a conquista da Libertadores. Isto porque, com o triunfo, abriria, assim, uma vaga para a competição do ano seguinte para o quinto colocado do Campeonato Brasileiro. E o Inter poderia acabar esquecendo da disputa do nacional.

O palpite não poderia ser diferente:

Palpite: FAVORITO AO TÍTULO

Podcast – Prévia Timão x Inter, Coxa x Fla

O Subindo a Linha faz a prévia dos jogos Corinthians x Internacional, comentando a situação atual dos clubes e Coritiba x Flamengo, com um debate sobre a maior necessidade do Fla: um camisa 10.

Confira o Podcast na Íntegra

Obrigado, Sheik!

Vinicius Prado Januzzi

Márcio de Passos Albuquerque, 36 anos, não é dos jogadores mais disciplinados. Chega atrasado a treinos, dá declarações polêmicas, vai pra balada, toma cartões a rodo, enfrenta processos judiciais, estapeia-se com seguidores na internet. Sheik também não é dos jogadores mais habilidosos nem dos melhores finalizadores. Aliás, se há um fundamento no qual o jogador se destaca negativamente é no chute ao gol, seja de curta, média ou longa distância (não custa lembrar, a seu favor, os gols marcados contra o Santos na Libertadores de 2012 e contra o Once Caldas pela edição de 2014).

Deixemos de lado essas marcas atribuídas a ele e nos concentremos no que vale. Agora, fecho os olhos e volto ao dia 4 de julho de 2012. Corinthians e Boca Junior no Pacaembu, pela disputa da última partida da final do torneio intercontinental daquele ano. Uma semana antes, resultado precioso na Argentina, um 1×1 suado, conquistado no gol de Romarinho (pq faz iso?) e com um passe de Sheik. Festa absurda, com gente enlouquecida.

Primeiro tempo: 0x0. Sem vantagem para o gol fora de casa, o resultado não garantia o título. Aos 8 minutos, uma jogada meio sem nexo termina em passe genial de Danilo. De calcanhar, o meia joga para Sheik, que domina e fuzila. Gol. Gol. Gol. Para desentalar a garganta e pôr abaixo o estádio. Aos 27, Schiavi dá um passe fraco e Sheik consegue interceptá-lo. Estavam próximos a linha de meio campo. O atacante, então, começa a correr, enquanto corriam com eles todos os corinthianos nascidos, não-nascidos, vivos ou mortos. Já próximo ao gol, Sheik chuta rasteiro, no canto. A bola entra devagar, muito debagar, devagarinho, ou pelo menos foi essa a impressão de quem torcia naquele momento. Acabou por beijar a bochecha da rede. Gol. Gol. Gol. Obrigado, Sheik!

Sheik vai-se embora do Corinthians. Não tem a mesma forma física de antes, que o permitia acompanhar laterais e os atacantes adversários. Não tem mais o fôlego de outrora, que o permitir roubar bolas no meio de campo e avançar até o gol. Talvez merecesse ficar no time, por tudo que representa ao clube. Talvez. Não fosse o salário exorbitante, impagável para uma organização que queira se manter sadia financeiramente e, sobretudo, queira continuar brigando por títulos no futuro.

A dívida do Corinthians é das maiores do Brasil. No momento, ultrapassa os 300 milhões, como informa Rodrigo Mattos, em seu blog do UOL (http://rodrigomattos.blogosfera.uol.com.br/2015/05/23/corinthians-tem-situacao-financeira-pior-do-que-na-gestao-dualib/). O saldo é pior do que o apresentado pela gestão

Dualib no momento crítico vivido em 2007. Necessário dizer: não é porque é pior este saldo que a gestão atual apresenta (digo atual porque Roberto de Andrade, o atual presidente, integra o grupo que comanda o Corinthians desde a eleição de Andrés Sanchez, nos tempos de rebaixamento do time para a série B do Brasileirão) que devemos retronar Alberto Dualib. Como diria minha vó: Vade retro, Satanás!

Corinthians endividado. Um estádio caríssimo para ser pago. Receitas com vendas de jogadores em decréscimo. Que fazer? Do ponto de vista administrativo e esportivo, claro que há muitas, mas uma fundamental é que a foi tomada na última semana: não manter atletas, quem quer que sejam, a todo custo, ampliando o fosso financeiro e jogando os problemas para o futuro. Não é possível ser tolerante com clubes devedores de impostos e outros valores e que negociam almas e recursos públicos para sanar seus problemas. Toleramos que o governo salve bancos em plena bancarrota? Futebol, é claro, é mais do que um patrimônio financeiro; esse é um detalhe, eu diria, o que pode fazer da analogia um pouco ridícula. Agora, até quando salvaremos nossos clubes e os dirigentes irresponsáveis de suas gastanças crescentes e sem lastro?

Por tudo isso e mais um pouco, obrigado Sheik! Os corinthianos não esqueceremos os gols daquela noite nem suas jogadas de raça. Claro que também não esqueceremos seus deslizes e seus chutes de potência duvidosa. Viver é relembrar também, escolher as memórias que nos fazem bem, motivo pelo qual escolhemos os seus gols, o seu show naquela noite de quarta-feira. Naquele dia, você fez um mundo mais alegre e fiel. Você foi Corinthians dos pés à cabeça! Obrigado Sheik!

Podcast 1 – Internacional Classificado, Vexame do Cruzeiro

Primeiro podcast do Subindo a Linha. Ainda em testes.

Neste primeiro episódio, discutimos a classificação do Internacional, o vexame do Cruzeiro, a saída de Guerrero, a dança das cadeiras, que derrubou muitos técnicos dos cargos e o placar da rodada.

1º Bloco 0’00”
Manchetes

2º Bloco 1’50”
Classificação do Internacional
Vexame do Cruzeiro

3º Bloco 17’00”
Saída de Guerreiro
Dança das Cadeiras

4º Bloco 41’10”
Palpites da rodada

Além disso, sugerimos o podcast do canal Trivela, discutindo as prisões de José Maria Marin e outros envolvidos em esquemas de corrupção da FIFA.

Nesta edição, José Eduardo, Alexandre Falcão, Pedro Abelin e El Loco

Vida que segue

guerrero

Pedro Abelin

A fiel torcida recebeu uma bomba neste sábado. O atacante Paolo Guerrero, principal jogador corinthiano, não terá seu contrato renovado com o Corinthians e ficará livre para defender as cores de outra equipe. Os torcedores corinthianos ainda se mostravam esperançosos, acreditando em uma reviravolta na negociação que pudesse resultar na permanência do jogador peruano, mas o atacante se mostrou irredutível nos valores exigidos para renovação. A não permanência do ídolo é resultado da realidade do Corinthians e de todo o futebol brasileiro, que vivem um cenário de absoluta crise econômica e readequação de contas.

A identificação de Guerrero com a torcida corinthiana foi quase instantânea. Para muitos, o peruano é um legítimo “maloquêro”, que honrou seu sobrenome todas as vezes que entrou em campo. Além disso, a sua passagem pelo clube será lembrada por diversos feitos e recordes, como as marcas de maior artilheiro estrangeiro da história do Corinthians e maior goleador de Itaquera. Entretanto, a razão principal, que faz todo corinthiano ter Guerrero como ídolo é a mesma que eternizou o peruano na história alvinegra: o inesquecível gol contra o Chelsea que levou o clube ao bi campeonato mundial.

A perda de Guerrero será sentida pela equipe de Tite, assim como seria sentida por qualquer outra equipe brasileira. Excelente pivô, ótimo finalizador e possuidor de técnica diferenciada, Guerrero é sem sombra de dúvidas o melhor atacante em atividade no futebol brasileiro. Sua ausência, contudo, será mais sentida pelos torcedores, que criaram uma relação de identificação e idolatria com o jogador que é bastante rara naatual conjuntura do futebol brasileiro, afinal, quantos torcedores têm o privilégio de dizer que contam com ídolos em sua equipe? Sim, Guerrero ficou apenas três anos no Parque São Jorge, mas em um contexto em que os clubes e suas torcidas sofrem com a carência de ídolos, no futebol brasileiro estamos obrigados a desenvolver relações quase que imediatistas de idolatria com os atletas.

Zico com o Flamengo, Rogério Ceni com o São Paulo, Marcelinho Carioca com o Corinthians, entre outros, indicam como as histórias de vinculação de ídolos com suas torcidas são muito bonitas e sempre mobilizarão o futebol. A diferença para o caso de Guerrero, contudo, é que esses jogadores passaram muitos anos defendendo a camisa dos seus times, e sempre assumiram publicamente serem apaixonados por essas equipes. Guerrero deve ter seu status de ídolo questionado por sair do clube? Obviamente que não, pois além de ter feito “apenas” o gol do último título mundial corinthiano, Guerrero é um profissional e após cumprir seu contrato deve ter seu direito de jogar onde quiser garantido. Porém, os clubes não devem ficar refém dos seus ídolos, e os absurdos valores pedidos para renovação do contrato de Guerrero são completamente fora da realidade do futebol brasileiro e da maior parte do futebol mundial. E essa pedida incoerente com o cenário econômico dos clubes explicita o que os corinthianos não queriam crer: Paolo Guerrero não quer mais jogar no Corinthians, e como dito, ele tem o total direito de fazer isso. Mas o que gerou um justo incômodo na fiel torcida foi o discurso de Guerrero de que teria feito tudo a seu alcance para ficar.

Obrigado pelos serviços prestados, Guerrero. Aquele tento de cabeça contra o Chelsea foi um dos dias mais loucos e intensos da minha vida. Apesar de sua bonita história com o Corinthians, jogadores chegam, fazem gols, se declaram para a torcida, ajudam a construir a trajetória do clube e seguem seus caminhos. A contribuição desses atletas deve ser valorizada e jamais esquecida, mas no final das contas, quem sempre continuará presente na vida dos torcedores é o Corinthians. E é para o Corinthians que nós torcemos e realizaremos nossas maiores loucuras, independente de quem estiver passando pelo clube. Que respeitemos e valorizemos os ídolos, mas que não os tornemos maiores que os nossos times.

Abaixo, o gol que todo corinthiano jamais esquecerá.