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Futebol brasileiro: onde tudo pode

Por Lucas de Moraes

No dia 03 de Maio de 2015, o árbitro Guilherme Ceretta expulsou os jogadores Dudu e Geuvânio na final do campeonato Paulista. Os dois jogadores se agarraram antes da cobrança de uma falta e Ceretta interpretou como agressão e mostrou o cartão vermelho para os dois atletas. O juiz se equivocou um pouco, pois não houve agressão. Apesar disso, o que aconteceu depois da expulsão, foi inaceitável. Dudu, que é conhecido por perder facilmente a cabeça, partiu pra cima dele e o agrediu fisicamente. Além disso, xingou muito o “homem da lei”. O jogador do Palmeiras saiu chorando de campo.

 

O jogador palmeirense foi julgado no dia 18 de Maio pelo TJD e recebeu como punição uma suspensão de 180 dias sem disputar partidas de futebol. Após recursos, Dudu conseguiu diminuir sua pena de 180 dias para seis partidas. Sim, SEIS partidas. Ceretta se pronunciou sobre o caso por meio de um comunicado. Nele, o juiz paulista fala sobre o jeitinho brasileiro e afirma que essa redução de pena é um reflexo do trágico 7 a 1. Concordamos contigo.


Após a arbitragem desastrosa de Marcelo de Lima Henrique no jogo válido pela 22ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2015 entre Atlético Mineiro e Atlético Paranense, Alexandre Kalil, ex-presidente do Galo, atacou a arbitragem pelo Twitter. Chamou Marcelo de vagabundo e ladrão. Apesar de todos os erros que aconteceram na partida, Kalil passou dos limites e desrespeitou o árbitro. O juiz carioca vai processar o ex-dirigente atleticano.


Emerson Sheik, personagem folclórico do futebol brasileiro, recebeu a suspensão de um jogo após ofensas a Wilton Pereira Sampaio no intervalo da partida válida pelas oitavas de final da Copa do Brasil contra o Vasco. Apenas UM jogo. Vale lembrar que Emerson é reincidente, levando em conta seus diversos exageros em declarações. O Flamengo, equipe pelo qual Sheik joga, conseguiu um efeito suspensivo liberando o jogador para o jogo de hoje a noite contra o Cruzeiro.


Desta maneira, mesmo com tantas polêmicas e equívocos, é necessário respeitar um pouco mais a arbitragem brasileira, para que ela possa tentar melhorar seu desempenho. Lembremos também que falta de respeito e qualquer tipo de agressão não são justificados por erros de algum juiz. Os árbitros brasileiros precisam melhorar muito, assim como outro setor ligado ao futebol: os tribunais. Infelizmente, como sabemos, o futebol também tem muitos problemas assim como o país em que vivemos.

 

Obs.: Não defendo a arbitragem (seus erros têm decidido resultados de algumas partidas). Apenas peço que respeitem os seres humanos que apitam os jogos.

Uma doença chamada Eurico Miranda

Por Lucas de Moraes

O Vasco voltava à série A do campeonato brasileiro. Era necessário reforçar o time para montar um elenco que representasse a força do Vasco da Gama e tivesse ambições dentro do brasileirão. Agora na série A, o Vasco está em uma péssima fase. O time está em último na tabela com a pior defesa e o pior ataque da competição. Sua média de gols é de 0,44 gols por partida (menos de um gol a cada duas partidas). O erro da diretoria foi manter um elenco de nível de série B. O técnico Doriva foi uma boa aposta, mas ele precisava de elenco para conseguir alguma meta nesse ano. O pior veio nas eleições para presidente no fim de 2014. Em dezembro, uma doença gravíssima infectou o pobre cruzmaltino. Essa doença é chamada de Eurico Miranda.

 

Já estamos no segundo semestre do ano e o Vasco ainda não mostrou um bom futebol. Contratações que não deram certo são o que mais aparecem no time carioca. Riascos, Marcinho, Dagoberto, Diguinho, Júlio César e por aí vai. São tantas contratações que não é possível colocá-las aqui. Problemas também não faltam. O clube contratou mais atacantes (8) do que marcou gols no campeonato. Apesar do apoio do presidente do clube, o técnico Celso Roth tem sua vaga ameaçada pela maioria dos dirigentes. Agora chegam Jorge Henrique, Nenê e Felipe Seymour na tentativa desesperada de fazer o time subir na tabela. A péssima fase do time sub-20 (lembre-se que o diretor de futebol do time júnior é o filho do Eurico) do Gigante da Colina realça a raiz de todo o problema: a diretoria. A culpa não é apenas só dos jogadores e do técnico.

 

Portanto, procura-se um remédio para essa enfermidade que atingiu o Vasco. Todos esperam que a saúde volte e o time continue brigando por títulos como os já conquistados em sua história de 114 anos. Meus parabéns adiantados pelos 115 anos que serão completados no dia 21 de agosto vêm acompanhados pelo desejo de saúde ao clube e pelo fim da doença que tanto o preocupa. Boa recuperação, Clube de Regatas Vasco da Gama.

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Eurico chegou a dizer que o Carioca é mais importante que o Brasileiro. Então o Vasco já conquistou seu maior título de 2015. Foto: ANTONIO SCORZA / Agência O Globo

Florentino Perez, pare de jogar FIFA

André Watanabe

Os torcedores do Real Madrid dão a Florentino Perez, Presidente do clube, muitos méritos na formação de times históricos dos merengues: a política agressiva de contratações traz um nome “galático” a cada início de temporada.

A cada anúncio de contratação, novos recordes são quebrados com valores estratosféricos. E quem mais vibra com isso é o jogador de videogame. Sim. É isso mesmo. Esclareço: nos jogos de futebol – o mais popular deles, o FIFA – quanto mais “estrelas” no time, melhor seu desempenho. Afinal, no jogo, há apenas dois cérebros pensando: o jogador e a inteligência artificial. Os futebolistas são mero aparato técnico. Para montar um time campeão no FIFA, basta contratar os melhores jogadores, independente de sua história, ligações com o clube, experiência ou distribuição tática. Era comum, em jogos mais antigos, contratar o Roberto Carlos – dono de chutes potentes e grande velocidade – para jogar de atacante.

Porém, o futebol – o de verdade – é um jogo coletivo e complexo. Há 22 cérebros diferentes lendo o jogo e tomando decisões em campo simultaneamente, além dos outros fatores primordiais ao futebol: ligação emocional com o clube, decisões dos técnicos e auxiliares, pressão da torcida e condição física dos jogadores, entre muitos outros. E nesse complexo emaranhado de forças, temos que entender que para 11 cérebros estarem alinhados e pensando coletiva e simultaneamente é necessário tempo e prática.

Ou seja, não adianta colocar 11 craques em campo e achar que o jogo está ganho. No “futebol moderno”, que nega espaços, a eficiência coletiva se sobrepõe (majoritariamente) ao talento individual. Por isso, o sucesso de um time começa muito antes do primeiro troféu ser levantado.

E isso é algo que Florentino não entende: para ele, um ano sem títulos é um ano perdido. Logo, alguém deve “cair”. De 2000 a 2006, foram 6 técnicos, sendo que apenas o lendário Vicente Del Bosque durou mais de uma temporada. Até Luxemburgo teve vez no comando da equipe.

Nesse segundo mandato, o presidente parecia ter aprendido a lição, quando manteve José Mourinho por três temporadas, apesar e ter conquistado apenas uma LaLiga e uma Copa do Rei. Em seguida, veio Carlo Ancelotti, italiano multicampeão com o incrível AC Milan dos anos 2000.

Em sua primeira temporada, Ancelotti conquistou a grande obsessão do Real Madrid nos últimos 10 anos: o décimo título da Champions League (“La Décima”), em 2013/2014. O time tinha a mesma base que o de Mourinho, porém com uma orientação tática mais ofensiva e fluida.

Após a conquista, veio a Copa do Mundo do Brasil. James Rodrígues jogou tudo e mais um pouco pela Colômbia e, claro, atraiu os olhares de Florentino Perez. O dirigente então comprou o jogador por 80 Milhões de Euros. Mas o que saiu mais caro foi a saída de Di Maria, necessária para dar lugar no time ao colombiano. Vendido ao Manchester United por 75 Milhões de Euros, Di Maria tinha sido o jogador mais importante do Real na conquista da Champions, pois foi ele que Ancelotti elegeu para ser o catalisador do time: sua velocidade e controle de bola ditavam o ritmo dos contra-ataques e sua recuperação explosiva, dedicação e ímpeto recompunham a defesa com muita eficiência. Na minha opinião, foi o verdadeiro Bola de Ouro de 2014.

A Ancelotti, restou adaptar seu time à perda do seu jogador-chave e à chegada de James. No início, deu certo: avassalador, o Real Madrid chegou perto de quebrar o recorde mundial de vitórias consecutivas. O time estava jogando tudo. Porém, tudo mudou quando as lesões começaram a aparecer e mostraram a fragilidade de um elenco limitado por suas estrelas: com a baixa de Sergio Ramos, coordenador da defesa, e Modric, fundamental na recomposição defensiva e na distribuição de jogo, não havia jogadores suficientemente colaborativos no ataque que pudessem ajudar na marcação. Resultado: Cristiano Ronaldo tornou-se cada vez mais egoísta para manter suas estatísticas, Bale passou a ter mais incumbências defensivas e caiu bruscamente de rendimento, Toni Kross ficou sobrecarregado no meio-campo e o time começou a perder. Ao final da temporada, nenhum título. Com Di Maria, acredito que o Real Madrid conseguiria manter-se ainda muito mais competitivo e, possivelmente, teria sido campeão espanhol.

Sem nenhuma cerimônia, Carlo Ancelotti – que há um ano provara sua competência – virou bode expiatório e foi demitido. Para seu lugar, Rafa Benítez, treinador com retrospecto pra lá de duvidoso na última década. Uma decisão chocante para o mundo do futebol e comemorada pelos adversários. Agora, cabe ao novo técnico desenvolver dentro do clube – e rápido – um novo padrão tático, metodologia de treinamento, intimidade com o elenco, etc.

Florentino – um dirigente europeu com cérebro de brasileiro – parece não entender o mais importante em um time de futebol: o fator humano. Um jogador precisa de tempo para se adaptar ao clube, aos companheiros, aos métodos e táticas do técnico e até mesmo à torcida e à cidade onde vai viver. Políticas imediatistas e ausência de planejamento de longo prazo são sentenças de morte para qualquer clube. Um time vencedor se constrói ao longo de anos, não meses.

O exemplo está ao lado: o Barcelona alcança hoje um sucesso construído em mais de 40 anos! Então, para o bem do Real Madrid – o maior clube do Século XX –, é melhor seu Presidente desligar o FIFA e começar a viver o mundo real.

HISTÓRICO DE FLORENTINO E COMPARATIVOS

Florentino sabe como causar impacto. Bilionário do ramo de construção, iniciou a era dos galáticos no Real Madrid em 2000, com a contratação polêmica de Luis Figo – na época, astro do Barcelona. Contratou o melhor jogador à época, pagando a absurda cláusula de rescisão de 60 Milhões de Euros e contra a vontade dos rivais catalães. Caiu nas graças da torcida. Nos anos seguintes, chegaram Zidane, Ronaldo e Beckham para formar um time incrível. No papel.

Em seu primeiro mandato, 7 títulos em 22 disputados. Nada mal? Vamos analisar friamente: considerando apenas os “grandes títulos” (Champions, LaLiga e Copa do Rei), são 3 em 18 possíveis. Menos de 17% de sucesso. Muito pouco para um time com esse nível de investimento.

Já no segundo mandato – vigente desde 2009 – trouxe Kaká, Cristiano Ronaldo, Gareth Bale e James Rodrígues, entre outros. Tentando rivalizar com o agora demolidor Barcelona, em 6 temporadas Florentino trouxe a Madrid 7 títulos em 23 possíveis, sendo apenas 4 em 18 grandes. 22% de sucesso. Como comparação, o histórico Barcelona de Pep Guardiola ( 4 temporadas entre 2008-2012) ganhou 14 títulos em 19 possíveis, sendo 7 em 10 “grandes títulos”. Um aproveitamento absurdo de 70%.

Ainda comparando, o Atlético de Madrid na Era Simeone (desde 2009), conquistou 4 grandes títulos: 1 LaLiga, 2 Europa League e 1 Copa do Rei. A mesma quantidade que o Real, mas com apenas 30% do investimento merengue.

Será que todo o dinheiro gasto e as constantes mudanças de técnico valeram a pena? Eu acho que não.

Jogos às 22h – A morte do trabalhador

José Eduardo

Estádios lotados, 100 mil pessoas e uma nação fanática por futebol. Tudo isso é passado. Hoje, o falido campeonato brasileiro desagrada em muitos aspectos. E o jogo às 22 horas é um agravante fatal à falência.

O imperialismo da Globo já existe há tempos no futebol brasileiro. Como já dito, aqui, a emissora não faz nem questão mais de esconder o fato. O problema é que ela contribui diretamente para o esvaziamento dos estádios com o horário das partidas.

Verdade seja dita, o principal fator para que 30 mil pessoas nos estádios seja um público bom é o alto preço do ingresso. O futebol moderno matou o pobre, excluiu a festa.

Mas este horário não sai impune. E não é só a Globo, apesar de ordenar que os jogos sejam neste horário, que é vilã no caso.

A começar pelo transporte público de algumas cidades. Como um trabalhador consegue sair do serviço e chegar ao estádio em segurança? E essa parte independe do horário. Mas o pior é após o jogo. Ônibus e linhas de metrô, meia-noite, são mitos. Ninguém sabe, ninguém viu.

Depois, mesmo que o trabalhador consiga o transporte, ele não chegará em casa cedo. Mesmo que more perto, os vagões e automóveis estão lotados. O desconforto e o atraso fazem com que o torcedor pense mil vezes antes de ir à arena.

E mesmo aquele que dispuser de um carro particular, cedo não chega em casa. Com a falha no transporte público, os engarrafamentos quilométricos, na ida e na volta, são a norma.

Agora se ponha no lugar de um torcedor. Sair de casa 20h, esperar duas horas abundado no carro, pagar 15 reais de estacionamento, 50, 100 de ingresso, e chegar em casa 1 da manhã. Ter de acordar as 6h30min para levar o filho à escola e ir à labuta diária. Pior, com a incerteza de um jogo bom. Atrativo?!

Pois, visualize a imagem do torcedor que usa o transporte público. Ficar 2 horas amontoado em um ônibus de má qualidade, descer, andar vinte minutos até o estádio, ter de pagar o ingresso caro, ver um jogo de qualidade duvidosa, esperar meia hora, quarenta minutos até o ônibus chegar, andar mais uma, duas horas de transporte público, até o destino final. Então, dormir 2 da manhã e acordar às 6 para mais um dia cansativo. Ufa, uma maratona!

Aí você pensa: ” O que a Globo tem a ver com isso?” Tudo. A Globo usa deste horário para afastar o torcedor do estádio. Com o convite nada agradável de passar pelas situações acima, o torcedor prefere assistir às partidas do conforto de sua casa, que no estádio. E a audiência vai toda para a dona Globo, detentora dos direitos do Campeonato Brasileiro e que monopoliza o Pay-Per-View. Enquanto a audiência da novela continua intacta.

E quanto mais se vê o torcedor acostumado ao horário, mais e mais, ele assina um pay-per-view e vê a partida da sua casa. Uma questão lógica. Se eu morasse na cidade em que meu time joga, fatalmente faltaria a algumas partidas por cansaço.

Dois Maracanãs

“Será” que o público do Maracanã mudou?

Raphael Felice

O Maracanã, um dia, foi o maior estádio do mundo. Desde a sua construção, passou por uma série de obras. Por um bom tempo teve as famosas gerais, cadeiras azuis (no lugar do antigo setor de geral) colocadas para os jogos Pan Americanos, mas até aí, o estádio tinha sua identidade intacta.
Eis que 2014 o Brasil é escolhido para sediar a Copa do Mundo e claro, mais uma vez o emblemático Maracanã fora escolhido para ser o palco da final e novamente, passou por mais uma recauchutagem. As obras, tinham tudo para fazer o templo do futebol mundial ainda mais bonito e imponente. Mas a recauchutagem, se revelou uma mutilação e numa multiplicação ao mesmo tempo. O Maracanã havia virado dois. Após ficar pronto, ele se tornou o Novo Maracanã. O antigo foi mutilado, as únicas “semelhanças com o Maraca original são as lembranças, histórias e claro, sua localização. O estádio mais representativo do futebol brasileiro, (quiçá mundial) detentor do recorde de público em uma partida de futebol, teve sua essência perdida, por conta de exigências com fins totalmente corrupto-financeiros da FIFA e aceitas prontamente pela também nada honesta e incompetente CBF.
Mas isso não é o mais grave. As obras superfaturadas (assim como todos os estádios da Copa) do Maracanã, juntamente a administração “gourmetizada” do estádio foram sentidas. E advinha quem pagou, ou melhor, não está podendo pagar o pato de tamanho descaso e corrupção? O torcedor, os “geraldinos” os frequentadores “eternos” do Maracanã não podem mais acompanhar seu time do CORAÇÃO de forma assídua no estádio, devido ao preço elevado dos ingressos. Já não bastasse o futebol de baixo nível, o torcedor que mora nas favelas cariocas (que sempre foi grande frequentador dos estádios) muitas vezes não dispõe de 60 reais o ingresso mais barato) para ir ao jogo do seu time. O mesmo cara que pagava menos (bem menos) para assistir um jogo em épocas onde o campeonato brasileiro era o melhor ou um dos melhores do mundo, é “obrigado” a pagar um valor muito superior para assistir o seu time, num campeonato taticamente atrasado e de nível técnico baixo se comparado aos grandes centros da Europa.

Não estou dizendo que rico não sabe torcer e nem que os estádios não devam ser modernizados. O que eu, e todos os amantes do futebol queremos é que nossos costumes e a história dos nossos estádios sejam respeitados. Acima disso, desejamos que todo o torcedor tenha mínimas condições de prestigiar a sua grande paixão. Futebol não é apenas um espetáculo que as pessoas vão para admirar e aplaudir, não é uma peça de teatro ou um filme. Futebol envolve paixão, amor e todos os sentimentos existentes no mundo. “Apenas” por isso, cobrar preços justos e acessíveis para que todos nós, APAIXONADOS possamos apoiar, sentir e viver a emoção de jogar junto com nossos times do coração em qualquer estádio. Por um futebol com menos fãs e mais TORCEDORES.

Demissão de Marcelo Oliveira: mais um erro de uma diretoria amadora

José Eduardo

O ano de 2015 parece não acabar para o Cruzeiro. E mal começou. Desde a saída de Alexandre Mattos da diretoria de futebol do clube, a gerência celeste parece tentar apagar todas as glórias dos anos anteriores.

O Cruzeiro é o atual bicampeão brasileiro, finalista da Copa do Brasil, participou das últimas três finais do campeonato mineiro e chegou às quartas-de-final na Libertadores nos últimos dois anos. Parece um currículo invejável para qualquer equipe. Mas os erros da diretoria em horas decisivas e o ano de 2015 fazem o torcedor perder a cabeça e as esperança.

Sem Mattos, o Cruzeiro não conseguiu manter um grupo competitivo. Desfez-se das principais estrelas do grupo, Éverton Ribeiro, Ricardo Goulart, Lucas Silva, Dagoberto, Marcelo Moreno, Borges, Egídio, Nilton, e contratou pouco e mal. Damião, Gabriel Xavier, Willians e De Arrascaeta foram as principais novidades. O último foi incumbido de ser o craque do time. Mas, com apenas 20 anos e jogando fora de posição, não conseguiu produzir o que se espera dele. As más contratações foram, na verdade, desastrosas. A começar por Riascos, já mencionado pelo Subindo a Linha como a pior contratação da história do Cruzeiro. Depois, jogadores medianos que vieram para compor elenco e encareceram a folha salarial: Fabiano, Douglas Grolli, Henrique Dourado, Felipe Seymour, Mena e Pará. Paulo André, Fabrício e Joel são um caso a parte. Jogadores que mostraram ter qualidade e pareciam dar certo no Cruzeiro, mas falharam e ainda encareceram muito o time.

Para piorar, o clube perdeu o patrocínio com a BMG e não consegue substituto. E os erros dos anos anteriores continuam. Ingressos caros afastavam a torcida do estádio. As cotas de televisão continuam infinitamente menores que a dos rivais do eixo Rio-São Paulo, por pura falta de companheirismo com a diretoria atleticana

As vitórias na Libertadores à base de raça, que faltava no elenco anterior, escondiam o mal futebol e a gerência amadora. O Cruzeiro sucumbiria em breve.

25 de maio. Começava ali o inferno celeste. A mãe de Marcelo Oliveira falece e o treinador mal consegue treinar o time para a batalha contra o River Plate.

27 de maio. O Cruzeiro é humilhado em casa, para um público de mais de 54 mil pessoas, em um silêncio fúnebre de uma torcida acostumada a ver o time campeão.

31 de maio. O Cruzeiro perde para o Figueirense fora de casa e cai para a penúltima posição do campeonato.

Mas a constatação do amadorismo ainda estaria por vir. No dia 2 de junho, uma semana após a perda da mãe, Marcelo Oliveira, técnico bicampeão brasileiro, está demitido. O clube ainda há de arcar com a multa recisória do treinador.

O novo técnico deve ser Luxemburgo. Obsoleto desde 2003, com passagens vergonhosas por Real Madrid, Grêmio, Flamengo, Atlético-MG. O salário é alto e a competência mínima.

O Cruzeiro ainda não conta com diretor de futebol, continua sem um meia-armador, o craque está jogando fora de posição e agora está sem técnico. O clube continua sem patrocínio, com folha salarial cara, inclusive pagando multas e salários para ex-funcionários: Marcelo Oliveira e Riascos, por exemplo. A torcida não crê em recuperação, o estádio não tem alma e o dinheiro não chega. O fundo do poço parece não estar tão distante.