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Por que ir a jogos da série A em Brasília

Por Rafael Mota

Historicamente os times da capital não costumam frequentar a primeira divisão do futebol brasileiro . O Brasiliense (clube de apenas 15 anos de idade) , por mais que já tenha algumas glórias em seu histórico (como um vice campeonato da Copa do Brasil , um título da série B e vários campeonatos regionais) , só participou da primeira divisão uma vez , em 2005 . Já o Gama se aventurou na elite do futebol brasileiro por quatro anos (de 1999 à 02) , sendo inclusive o único time da história do futebol mundial a jogar um campeonato sob a força de uma decisão judicial (Copa João Havelange , que serviu como Campeonato Brasileiro no ano de 2000) , graças a um rebaixamento ilegal . Os dois times , únicos da cidade a já participarem da série A , somam um total de cinco participações na primeira divisão , ou seja , somente em cinco anos a população de Brasília pode presenciar o que há de melhor no futebol brasileiro de forma regular . O número é baixo mesmo se comparado com centros de menor expressão no Brasil como Belém , Santa Catarina e Goiás.

Recentemente com a conclusão da reforma do estádio Mané Garrincha (principal palco do futebol em Brasília) a capital passou a receber um grande volume de jogos do campeonato brasileiro , 18 desde a conclusão da reforma . Os jogos foram trazidos para a cidade por diversos motivos , porém o que essas partidas tem em comum são um contexto atrativo que possibilita aos clubes uma maior arrecadação ao trazer o jogo para a cidade .
Como por exemplo o primeiro jogo de campeonato brasileiro no estádio pós reforma (segundo jogo no geral) , o empate sem gols entre Santos e Flamengo . O jogo marcava a despedida de Neymar da equipe santista e ocorreu as vésperas do início da Copa das Confederações , servindo de teste para o evento . A curiosidade em conhecer um estádio de Copa do Mundo era grande , isso aliado a despedida de Neymar e ao time do Flamengo , que possui uma volumosa torcida na cidade e com capital para bancar os salgados preços dos ingressos , fez do jogo um evento que chamou atenção de toda a cidade levando um total 63.501 pagantes e gerando quase 7
milhões de renda , um sucesso .

O time do Flamengo percebendo o sucesso do jogo decidiu arriscar e começou a trazer mais alguns jogos para a cidade , jogos sempre interessantes diga – se de passagem , como o empate em 2×2 contra o Curitiba de Alex e então líder do campeonato , o clássico dos milhões (Flamengo x Vasco) ,vencido pelo placar mínimo pelos rubro negros e o jogo contra o futuro campeão da américa , Atlético Mineiro , também vencido pelos rubro negros . Todos os jogos deram bom público e boa arrecadação tanto que a equipe rubro negra ainda traria mais quatro jogos para a capital naquele ano(contra São Paulo , Portuguesa , Grêmio e Vasco mais uma vez) .

Botafogo e Vasco , também se arriscaram e trouxeram alguns jogos para a cidade , a estrela solitária trouxe o empate por 1×1 com o Goiás , enquanto o gigante da colina empatou pelo mesmo placar com o Corinthians , além de jogar duas vezes com o Flamengo , todos esses jogos somam um total de 10 partidas da série A do campeonato brasileiro disputadas na capital em 2013 , número de partidas que representa metade de um turno que uma equipe disputa no campeonato .

O ano de 2014 foi mais fraco para Brasília , tendo apenas seis jogos realizados . Os times cariocas perceberam que possuem grande torcida na cidade e continuaram a trazer jogos para a cidade , Botafogo foi quem mais trouxe , 3 no total , contra São Paulo (derrota por 4×2) , Alético Mg ( empate 0x0 ) e o clássico contra o Fluminense ( vitória por 2×0 ) , o tricolor carioca por sua vez também mandou um jogo na capital , empate por 1×1 com o Bahia . O Vasco , na série B naquele ano , não mandou nenhum jogo na cidade , e o Flamengo trouxe um empate sem gols contra o Goiás para o DF . Além disso , o então campeão brasileiro , Cruzeiro , veio jogar na cidade em um jogo com mando do Atlético Paranaense , com vitória de 3×2 para os mineiros .

Por vários motivos a capital recebeu menos jogos em 2014 . Um ano de copa por ter um calendário mais enxuto , para conseguir acomodar a parada para o evento , faz com que os times evitem viagens desnecessárias para não se desgastar demais , logo a cidade já receberia menos partidas naturalmente , a perda do interesse em conhecer o novo estádio (visto que no ano anterior o Mané recebeu 10 jogos de série A , um jogo do Brasil na Copa das Confederações e a final do candangão) , somado a falta de interesse por futebol pós 7×1 , além da enorme diferença de qualidade entre jogos do campeonato brasileiro com os da Copa do Mundo , muitos vistos pelos moradores “in loco“ ( Brasilía foi junto com o Rio a sede que recebeu mais jogos da copa , sete , sendo dois do Brasil , além de receber craques como Messi , Cristiano Ronaldo , Robben , James Rodriguez e Neymar ) , fizeram com que o público da cidade desanimasse em ir ao estádio para ver jogos da série A , o que fêz com que os públicos no pós copa fossem menores , fazendo com que o desejo dos times em trazer jogos diminuísse .

Até agora em 2015 , Brasília recebeu duas partidas da série A , o galo trouxe o jogo contra o Fluminense para a capital e amassou o time carioca por 4×1 , e o Vasco trouxe a partida contra o São Paulo e foi goleado por 4×0 . Além disso a capital recebeu um jogo da série B , Botafogo contra Atlético Goianiense , empate sem gols , e duas partidas de pré temporada de Flamengo e Cruzeiro contra a equipe ucraniana do Shakhtar Donetsk , empate sem gols dos cariocas e empate por 1×1 dos mineiros . A vinda de jogos de pré temporada contando com um time estrangeiro , mostra que ainda há interesse em trazer jogos para a cidade , além disso os jogos da série A renderam melhor que os do período pós copa.

Entre os anos de 2006 (ano em que o Brasiliense voltou a série B , deixando a capital sem representate na série A) e 2012 (ano que antecede a reabertura do Mané Garrincha), Brasilía recebeu apenas 3 jogos de primeira divisão , uma vitória do Botafogo por 2×0 sobre o Atlético Paranaense , um empate por 1×1 entre Fluminense e Figueirense , ambas as partidas realizadas em 2007 , e a “decisão”do campeonato brasileiro de 2008 vencida pelo São Paulo por 1×0 sobre o Goiás disputada no Bezerrão .

O Número é irrisório se comparado com os números pós reforma , porém é um retrato de como os clubes tratavam a capital quanto a receber suas partidas , não havia interesse em trazer jogos para a cidade . As partidas vinham por acaso , por motivos aleatórios e não porquê os times tinham interesse em explorar suas torcidas na cidade (*o jogo entre São Paulo e Goiás , teve mando do time goiano , que por sua vez , soube explorar o potencial do jogo e da grande torcida do time paulista na cidade ao fixar o preço do ingresso em R$ 400,00 ) .

O fato novo é que com a reinauguração do Mané Garrincha , os times perceberam o potencial de Brasília em receber jogos , perceberam que a capital é capaz de gerar uma boa renda e um bom público com frequência , mesmo quando o jogo não é muito atrativo e mesmo com ingressos caros . Ao contrário dos cariocas , dos paulistas e dos mineiros , os brasilienses não estão acostumados a ver seus times do coração e vão ao estádio quando seus times vem a cidade por mais caro que seja o ingresso e por pior que seja o jogo , tendo um estádio de Copa do Mundo o interesse só aumenta . Além disso , os clubes visando aproveitar ao máximo o potencial da cidade costumam trazer partidas interessantes à ela , como jogos envolvendo times que estão na parte de cima da tabela , clássicos regionais , grandes jogadores e grandes times , gerando um evento mais rentável do que se mandassem os jogos em seus estádios (onde os grandes jogos são mais comuns) , visto que podem cobrar um ingresso mais caro , explorar a paixão do torcedor que mora longe do time , além de despertar a curiosidade em amantes de futebol para ver um jogo da série A .

É importante que os torcedores compareçam ao estádio quando seus times vierem jogar em Brasília , pois dessa forma os times continuarão com o interesse em trazer jogos para a cidade e trarão jogos cada vez mais interessantes para ela .
Um dos grandes problemas dos jogos são os altos preços das entradas , pois além de assustar o torcedor com mais condições , claramente renega o mais humilde. Para as partidas na capital , além dos usuais camarotes , são vendidos ingressos com preços fixos para ambas as torcidas nas cadeiras inferiores e se há demanda a venda da cadeira superior é aberta . Resolver o problema do preço dos ingressos é bastante simples : venda de ingressos para os dois setores com diferença de preço , o preço das cadeiras inferiores pode ser o mesmo que já seria cobrado e o das cadeiras superiores seria um pouco mais barato , dessa forma mais ingressos seriam vendidos , maior seriam público e renda . Porém , como a prática não dá sinais de que irá parar e como é comum em todo o país , é melhor ir se prevenindo . Poupar dinheiro quando der e ir juntando para quando aparecer um jogo do seu time é a melhor opção .

Esse inclusive é o outro problema dos jogos na capital , eles sempre são anunciados em cima da hora , deixando o torcedor na mão . Resolver esse problema também não é difícil , basta que antes do começo das competições os times olhem a tabela e marquem os jogos na cidade com antecedência , claro que dessa maneira jogos contra os times da parte de cima da tabela tendem a ser mais difíceis de acontecer , porém o torcedor poderia se programar e gerar um grande público mesmo que o jogo venha a ser fraco , além do mais jogos contra adversários tradicionais sempre gerarão bom público , independente das posições dos times envolvidos , alguns desses jogos poderiam vir para a capital . Mas como isso também não deve acontecer , ir sempre poupando dinheiro onde der é a melhor saída para não perder o jogo .

O fato é que mesmo com todos os problemas , ir a um jogo do seu time , é uma experiência incrível para amantes de futebol de todas as idades . Os jogos em Brasília costumam ser partidas interessantes e que poucas vezes acabam sem gols , além disso , ocorrem de uma forma tão esporádica que desperdiçar a chance de ir em um é bobagem , pois além de perder um bom jogo , é contribuir para que os times percam o interesse em jogar na cidade . De fato os torcedores da cidade não podem ficar reféns dos altos preços e nem aprender a lidar com isso , porém os ingressos tendem a diminuir quando a cidade se firmar como uma casa alternativa para os times e for capaz de gerar uma receita padrão, pagar os altos preços agora seria uma forma de investimento a longo prazo .
O que ninguém quer que aconteça é o que aconteceu entre 2006 e 2012 , onde a capital só recebeu 3 míseras partidas da primeira divisão do brasileirão . Só há duas maneiras para evitar que isso aconteça , a primeira é frequentar os estádios mesmo com os preços altos e com a falta de programação dos jogos , a segunda é torcer para que Gama , Brasiliense , Legião , Brasília e os demais times da cidade se reabilitem e cheguem a série A , porém como o time em melhor situação é o Gama , que esta na série D , ir aos jogos da série A é a melhor opção á curto , médio e longo prazo para firmar Brasília na rota dos grandes jogos do Brasil.

Em defesa de Juan Carlos Osório

Por Vinicius Prado Januzzi

 

Dia 06 de junho de 2015: estreia de Juan Carlos Osório como treinador do São Paulo. Contra o Grêmio, no Morumbi, 2 a 0 para os donos da casa, com gols de Luis Fabiano e Rogério Ceni.

Dia 23 de agosto de 2015: no Maracanã, derrota para o Flamengo, por 2 a 1. Pelo lado rubro-negro, Guerrero e Ederson. Pelo tricolor paulista, gol do zagueiro Luiz Eduardo, que subiu mais que taxa Selic e mandou a bola para o fundo da rede adversária.

Entre esses dois jogos, pouco mais de 11 semanas; para ser mais preciso, 78 dias. O técnico colombiano, que chegou com pompa à Barra Funda, hoje está entre a cruz e a espada. Osório fica ou não fica? É bom ou não? É apegado aos seus valores e pouco flexível ao futebol brasileiro?

Nesse meio tempo, o técnico teve tanto desmanchados tanto o time quanto a moral que tinha junto aos dirigentes. Culpa de quem? Deles próprios.

Quando o treinador foi contratado, após boa e segura passagem pelo Atlético Nacional-COL, a diretoria investiu em trabalho de longo prazo e apostou na ofensividade e criatividade de Osório. As cabeças pensantes do São Paulo prometeram que não iriam vender peças-chave do elenco e que o apoiariam ao longo das competições as quais viria disputar. Nem um, nem outro.

Que a situação financeira do clube não é das melhores, compreende-se. Que, a curto prazo, vender jogadores é necessário para equilibrar finanças mal planejadas e mal geridas, compreende-se. Que, diante de resultados negativos, o (bom) técnico balance…é incompreensível.

Juan Carlos Osório é profundo conhecedor de futebol, como há tempos não se via no Brasil (sua entrevista no Programa Bola da Vez, do canal ESPN, é não menos que brilhante). Sabe como armar, incentivar e aprimorar times. Já mostrou isso. Inúmeras vezes.

Pode ser que não consiga repetir isso no São Paulo. Não será culpa sua.

A mim parece que, felizmente, há uma coisa que Osório desconhece entre as muitas coisas que sabe. O técnico colombiano não partilha da lógica do é-melhor-não-perder-do-que-ganhar, tão bem conhecida pelos torcedores e dirigentes brasileiros. Nesse momento crítico do São Paulo, o técnico bem poderia fechar seu time, apostar em bolas aéreas, em ferrolhos defensivos e em jogadas baseadas no contato bruto e simples.

Em defesa de Juan Carlos Osório e contra o modelo hegemônico de administração dos clubes de futebol no Brasil, que não o faça.

 

Para ler mais:

http://espn.uol.com.br/videos/programas/boladavez

http://esportefinal.cartacapital.com.br/juan-carlos-osorio-sao-paulo/

Mais uma chance, mais uma tragédia

José Eduardo

2004, campeão brasileiro com o Santos. Este foi o último título de expressão de Vanderlei Luxemburgo. E mesmo assim, 11 anos depois, é só um time grande do Brasil demitir seu treinador que o nome do Pofexô é ventilado. Foi assim com Santos (2006, 2009), Palmeiras (2008), Atlético-MG (2010), Flamengo (2010, 2014), Grêmio (2012), Fluminense (2013) e agora, Cruzeiro.

11 anos, nenhuma Libertadores, Brasileiro, Copa do Brasil, Mundial. Apenas 5 estaduais e péssimas passagens pelas equipes.

Seguindo o lema “Eu venci, nós empatamos, eles perderam”, Luxemburgo plantou discórdia nos clubes por onde passou e colheu péssimos resultados. Vale lembrar a passagem desastrosa pelo Real Madrid, onde o ponto forte foram suas entrevistas em péssimo – e cômico – portunhol.

Seu trabalho se destaca por uma boa arrancada quando assume os times em que passa, algumas partidas irregulares e a derrocada.

Em seus trabalhos mais recentes, foi demitido do Galo, em 2010, deixando o clube na zona de rebaixamento após goleada sofrida contra o Fluminense por 5 x 1.

No Flamengo, em suas últimas duas passagens, conseguiu um carioca e salvar o time do rebaixamento, mas nenhum campeonato de destaque, mesmo treinando seu clube do coração e em sua zona de conforto.

Em 2013, no Grêmio, o Pofexô se envolveu em confusão contra o Huachipato, do Chile, e foi suspenso por 6 partidas. Foi eliminado, nas oitavas, pelo Santa Fé, da Colômbia, ainda durante sua suspensão e, por isso e por ter perdido o Gaúcho para o maior rival, foi demitido.

Ainda em 2013, Luxemburgo assumiu o atual campeão brasileiro, Fluminense e admitiu que salvar o tricolor do rebaixamento seria uma conquista. Saiu do comando com 7 vitórias em 26 jogos e uma sequência final de 9 jogos sem triunfos.

A situação em 2015 é idêntica. Assumiu o atual (bi)campeão brasileiro, Cruzeiro, e já chegou com moral. 3 vitórias seguidas, inclusive vencendo o Atlético-MG, no Independência, quebrando dois longos tabus, de vitórias (11 jogos) e de vitórias na casa do rival, fato que não aconteceu desde a reinauguração do estádio.

Mas a face de Luxemburgo começou a cair imediatamente. 3 derrotas seguidas. E então, começa a derrocada do ultrapassado treinador.

Sem nenhuma criatividade e renovação, Luxemburgo imediatamente mudou o esquema tático celeste. Tirou o 4-2-3-1 consagrado no bicampeonato e foi à zona de conforto 4-3-1-2, tática que deu a Tríplice Coroa ao Cruzeiro em 2003. A diferença são apenas 11 anos de atraso da tática. E jogadores com características completamente diferentes.

A partir de então, o Cruzeiro assumiu o DNA Luxemburgo: derrotas em jogos facílimos, vitórias em jogos difíceis que ajudam a mascarar o mau trabalho e a enaltecer a figura do técnico, a figura do “EU VENCI”.

Hoje, o bicampeão brasileiro encontra-se na 14º colocação, 3 acima da zona de rebaixamento. O discurso de “tentaremos o tri” já mudou para “o foco é a Copa do Brasil”, como se o Brasileiro fosse luxo.

Luxo mesmo seria poder vencer algum time catarinense. Sob o comando de Luxa, o Cruzeiro perdeu em casa para a Chapecoense, empatou, em casa, com o Avaí e conseguiu ser goleado pelo Joinville.

Fato é, Luxemburgo é um bom motivador. Consegue vitórias em jogos importantes. Mas está ultrapassado. Acumula derrotas em jogos ridiculamente fáceis. Cria rachas nos times por onde passa, tem salário altíssimo e, incrivelmente, possui respeito por todos os dirigentes do Brasil. Por quê? Este texto deixa bem claro que não é pelo retrospecto recente.

*Em negrito, o destaque: REBAIXAMENTO, a tônica dos trabalhos de Luxemburgo

Uma doença chamada Eurico Miranda

Por Lucas de Moraes

O Vasco voltava à série A do campeonato brasileiro. Era necessário reforçar o time para montar um elenco que representasse a força do Vasco da Gama e tivesse ambições dentro do brasileirão. Agora na série A, o Vasco está em uma péssima fase. O time está em último na tabela com a pior defesa e o pior ataque da competição. Sua média de gols é de 0,44 gols por partida (menos de um gol a cada duas partidas). O erro da diretoria foi manter um elenco de nível de série B. O técnico Doriva foi uma boa aposta, mas ele precisava de elenco para conseguir alguma meta nesse ano. O pior veio nas eleições para presidente no fim de 2014. Em dezembro, uma doença gravíssima infectou o pobre cruzmaltino. Essa doença é chamada de Eurico Miranda.

 

Já estamos no segundo semestre do ano e o Vasco ainda não mostrou um bom futebol. Contratações que não deram certo são o que mais aparecem no time carioca. Riascos, Marcinho, Dagoberto, Diguinho, Júlio César e por aí vai. São tantas contratações que não é possível colocá-las aqui. Problemas também não faltam. O clube contratou mais atacantes (8) do que marcou gols no campeonato. Apesar do apoio do presidente do clube, o técnico Celso Roth tem sua vaga ameaçada pela maioria dos dirigentes. Agora chegam Jorge Henrique, Nenê e Felipe Seymour na tentativa desesperada de fazer o time subir na tabela. A péssima fase do time sub-20 (lembre-se que o diretor de futebol do time júnior é o filho do Eurico) do Gigante da Colina realça a raiz de todo o problema: a diretoria. A culpa não é apenas só dos jogadores e do técnico.

 

Portanto, procura-se um remédio para essa enfermidade que atingiu o Vasco. Todos esperam que a saúde volte e o time continue brigando por títulos como os já conquistados em sua história de 114 anos. Meus parabéns adiantados pelos 115 anos que serão completados no dia 21 de agosto vêm acompanhados pelo desejo de saúde ao clube e pelo fim da doença que tanto o preocupa. Boa recuperação, Clube de Regatas Vasco da Gama.

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Eurico chegou a dizer que o Carioca é mais importante que o Brasileiro. Então o Vasco já conquistou seu maior título de 2015. Foto: ANTONIO SCORZA / Agência O Globo

O eterno retorno

Por Vinicius Prado Januzzi

 

Torcedoras e torcedores, uni-vos e façamos juntos algumas contas.

Retroceda cinco anos na história dos seus clubes e responda: quantos foram os técnicos que passaram por seu centro de treinamento?

Suponhamos que o resultado não seja lá muito relevante, ainda que se trate se algo improvável. Vá um pouco mais longe. Volte 10 anos no tempo, lá pelos idos dos anos 2000. Refaça a conta. Estou certo de que vai precisar de uma boa memória e todas as letras do alfabeto para listar aqueles que comandaram as equipes brasileiras nos últimos anos.

Agora, junte a esse cálculo o número de títulos que foram conquistados por seu clube. Some os vice-campeonatos, as boas posições e os jogos bem jogados e bem vencidos. Agregue aí as dívidas acumuladas ao longo do tempo. Em alguns casos, veja quantas vezes o seu time caiu ou não para outras divisões do futebol nacional.

Imagino que sua soma deve ter sido decepcionante. Muitas comissões técnicas, muitas dívidas e poucos títulos. Há casos e casos, é claro, mas o estado geral da nação é inequívoco: trocar de técnico ou muda nada ou muda pouca coisa.

Em reportagem recente publicada no UOL, há números que me desmentem. Ao menos por enquanto. Digo isso porque, ano após ano, vemos nos nossos gramados a história se repetir: primeiro como tragédia, depois como farsa, como diria um amigo barbudo das antigas.

Os técnicos saem, os times dão aquela melhorada, a torcida fica contente, mas lá no fim do trajeto o saldo é mais negativo que o do Vasco na Série A desse ano. Treinadores diferentes garantem algumas vitórias e empates a mais, mas raramente conseguem promover mudanças de peso nas equipes e nos clubes como um todo. No mais das vezes, são meros acessórios de uma estrutura podre e miserável. Vão e vêm os acessórios, permanece o caos.

Como opinou Mauro Cezar Pereira, são os técnicos antibióticos , que agem em cima de problemas muito específicos, até mesmo dando alguma solução para eles. Mas os problemas continuam, as entrevistas coletivas soam sempre como desculpas esfarrapadas e os próximos capítulos todos já sabem.

Chama um técnico pra por ordem no time, subir a molecada, chacoalhar esses caras sem raça. Esse cara aí é um pilantra, retranqueiro, tá na mesma há muito tempo. E se vai mais um acessório, pronto para migrar para outro grande clube do futebol brasileiro, antes que o demitam porque…

Por que mesmo?

E aí Cristóvão?

Raphael Felice

A empolgação e a espera por Paolo Guerrero finalmente teve fim na partida de quarta-feira contra o Internacional no Beira Rio. A espera foi recompensada e o peruano jogou muito! Meteu gol, deu bela assistência, fez muito bem o pivô, desempenhou uma função muito maior do que simplesmente de um centroavante, foi definitivamente o dono da partida.
A torcida do Flamengo estava animada com a possibilidade de ver seu novo jogador atuando no Maracanã, justamente contra seu ex clube. Mas por um acordo entre cavalheiros, feito na negociação de Guerrero e de Emerson Sheik, vai impedir os novos e já extremamente importantes jogadores de atuar na partida de amanhã contra o Corinthians e a recém-saída de Eduardo da Silva, juntamente a nova lesão de Nixon (que já não jogaria essa partida) gerou uma enorme dor de cabeça nos torcedores do rubro negros e em seu treinador, Cristóvão Borges.
Com a saída dos outros atacantes, o Fla praticamente só tem Paolo Guerrero como centroavante de ofício. Sheik e Cirino também podem eventualmente fazer a função, mas não é a praia deles e como Emerson também não joga amanhã, Cristóvão vai ter de pensar bastante para montar a equipe da melhor maneira possível no clássico interestadual contra o Corinthians. Para a função de Emerson Sheik, o treinador não vai ter tanto problema na parte tática. Paulinho, Gabriel, Cirino e até Alan Patrick e Arthur Maia podem fazer a função de jogar pelas pontas e ajudar na criação de jogadas.
A única opção para o ataque é Marcelo Cirino. O jogador, chegou a atuar pelo centro quando era comandado por Vanderlei Luxemburgo. Porém, as boas atuações e os gols ficaram no campeonato carioca e somente contra os times pequenos. Por isso, uma opção interessante seria a efetivação do menino Douglas Baggio, que sempre marcou muitos gols nas categorias de base e com certeza está de olho em uma vaga pelo menos no banco de reservas.

Florentino Perez, pare de jogar FIFA

André Watanabe

Os torcedores do Real Madrid dão a Florentino Perez, Presidente do clube, muitos méritos na formação de times históricos dos merengues: a política agressiva de contratações traz um nome “galático” a cada início de temporada.

A cada anúncio de contratação, novos recordes são quebrados com valores estratosféricos. E quem mais vibra com isso é o jogador de videogame. Sim. É isso mesmo. Esclareço: nos jogos de futebol – o mais popular deles, o FIFA – quanto mais “estrelas” no time, melhor seu desempenho. Afinal, no jogo, há apenas dois cérebros pensando: o jogador e a inteligência artificial. Os futebolistas são mero aparato técnico. Para montar um time campeão no FIFA, basta contratar os melhores jogadores, independente de sua história, ligações com o clube, experiência ou distribuição tática. Era comum, em jogos mais antigos, contratar o Roberto Carlos – dono de chutes potentes e grande velocidade – para jogar de atacante.

Porém, o futebol – o de verdade – é um jogo coletivo e complexo. Há 22 cérebros diferentes lendo o jogo e tomando decisões em campo simultaneamente, além dos outros fatores primordiais ao futebol: ligação emocional com o clube, decisões dos técnicos e auxiliares, pressão da torcida e condição física dos jogadores, entre muitos outros. E nesse complexo emaranhado de forças, temos que entender que para 11 cérebros estarem alinhados e pensando coletiva e simultaneamente é necessário tempo e prática.

Ou seja, não adianta colocar 11 craques em campo e achar que o jogo está ganho. No “futebol moderno”, que nega espaços, a eficiência coletiva se sobrepõe (majoritariamente) ao talento individual. Por isso, o sucesso de um time começa muito antes do primeiro troféu ser levantado.

E isso é algo que Florentino não entende: para ele, um ano sem títulos é um ano perdido. Logo, alguém deve “cair”. De 2000 a 2006, foram 6 técnicos, sendo que apenas o lendário Vicente Del Bosque durou mais de uma temporada. Até Luxemburgo teve vez no comando da equipe.

Nesse segundo mandato, o presidente parecia ter aprendido a lição, quando manteve José Mourinho por três temporadas, apesar e ter conquistado apenas uma LaLiga e uma Copa do Rei. Em seguida, veio Carlo Ancelotti, italiano multicampeão com o incrível AC Milan dos anos 2000.

Em sua primeira temporada, Ancelotti conquistou a grande obsessão do Real Madrid nos últimos 10 anos: o décimo título da Champions League (“La Décima”), em 2013/2014. O time tinha a mesma base que o de Mourinho, porém com uma orientação tática mais ofensiva e fluida.

Após a conquista, veio a Copa do Mundo do Brasil. James Rodrígues jogou tudo e mais um pouco pela Colômbia e, claro, atraiu os olhares de Florentino Perez. O dirigente então comprou o jogador por 80 Milhões de Euros. Mas o que saiu mais caro foi a saída de Di Maria, necessária para dar lugar no time ao colombiano. Vendido ao Manchester United por 75 Milhões de Euros, Di Maria tinha sido o jogador mais importante do Real na conquista da Champions, pois foi ele que Ancelotti elegeu para ser o catalisador do time: sua velocidade e controle de bola ditavam o ritmo dos contra-ataques e sua recuperação explosiva, dedicação e ímpeto recompunham a defesa com muita eficiência. Na minha opinião, foi o verdadeiro Bola de Ouro de 2014.

A Ancelotti, restou adaptar seu time à perda do seu jogador-chave e à chegada de James. No início, deu certo: avassalador, o Real Madrid chegou perto de quebrar o recorde mundial de vitórias consecutivas. O time estava jogando tudo. Porém, tudo mudou quando as lesões começaram a aparecer e mostraram a fragilidade de um elenco limitado por suas estrelas: com a baixa de Sergio Ramos, coordenador da defesa, e Modric, fundamental na recomposição defensiva e na distribuição de jogo, não havia jogadores suficientemente colaborativos no ataque que pudessem ajudar na marcação. Resultado: Cristiano Ronaldo tornou-se cada vez mais egoísta para manter suas estatísticas, Bale passou a ter mais incumbências defensivas e caiu bruscamente de rendimento, Toni Kross ficou sobrecarregado no meio-campo e o time começou a perder. Ao final da temporada, nenhum título. Com Di Maria, acredito que o Real Madrid conseguiria manter-se ainda muito mais competitivo e, possivelmente, teria sido campeão espanhol.

Sem nenhuma cerimônia, Carlo Ancelotti – que há um ano provara sua competência – virou bode expiatório e foi demitido. Para seu lugar, Rafa Benítez, treinador com retrospecto pra lá de duvidoso na última década. Uma decisão chocante para o mundo do futebol e comemorada pelos adversários. Agora, cabe ao novo técnico desenvolver dentro do clube – e rápido – um novo padrão tático, metodologia de treinamento, intimidade com o elenco, etc.

Florentino – um dirigente europeu com cérebro de brasileiro – parece não entender o mais importante em um time de futebol: o fator humano. Um jogador precisa de tempo para se adaptar ao clube, aos companheiros, aos métodos e táticas do técnico e até mesmo à torcida e à cidade onde vai viver. Políticas imediatistas e ausência de planejamento de longo prazo são sentenças de morte para qualquer clube. Um time vencedor se constrói ao longo de anos, não meses.

O exemplo está ao lado: o Barcelona alcança hoje um sucesso construído em mais de 40 anos! Então, para o bem do Real Madrid – o maior clube do Século XX –, é melhor seu Presidente desligar o FIFA e começar a viver o mundo real.

HISTÓRICO DE FLORENTINO E COMPARATIVOS

Florentino sabe como causar impacto. Bilionário do ramo de construção, iniciou a era dos galáticos no Real Madrid em 2000, com a contratação polêmica de Luis Figo – na época, astro do Barcelona. Contratou o melhor jogador à época, pagando a absurda cláusula de rescisão de 60 Milhões de Euros e contra a vontade dos rivais catalães. Caiu nas graças da torcida. Nos anos seguintes, chegaram Zidane, Ronaldo e Beckham para formar um time incrível. No papel.

Em seu primeiro mandato, 7 títulos em 22 disputados. Nada mal? Vamos analisar friamente: considerando apenas os “grandes títulos” (Champions, LaLiga e Copa do Rei), são 3 em 18 possíveis. Menos de 17% de sucesso. Muito pouco para um time com esse nível de investimento.

Já no segundo mandato – vigente desde 2009 – trouxe Kaká, Cristiano Ronaldo, Gareth Bale e James Rodrígues, entre outros. Tentando rivalizar com o agora demolidor Barcelona, em 6 temporadas Florentino trouxe a Madrid 7 títulos em 23 possíveis, sendo apenas 4 em 18 grandes. 22% de sucesso. Como comparação, o histórico Barcelona de Pep Guardiola ( 4 temporadas entre 2008-2012) ganhou 14 títulos em 19 possíveis, sendo 7 em 10 “grandes títulos”. Um aproveitamento absurdo de 70%.

Ainda comparando, o Atlético de Madrid na Era Simeone (desde 2009), conquistou 4 grandes títulos: 1 LaLiga, 2 Europa League e 1 Copa do Rei. A mesma quantidade que o Real, mas com apenas 30% do investimento merengue.

Será que todo o dinheiro gasto e as constantes mudanças de técnico valeram a pena? Eu acho que não.